Por quase todo lugar onde passou, Mauro Galvão conquistou títulos de expressão na carreira. O ex-zagueiro começou sua trajetória com jogador no Internacional, com apenas 18 anos, e ajudou o time, naquela ocasião, a conquistar o tricampeonato brasileiro. Ainda pelo clube de Porto Alegre, participou da conquista do tetracampeonato estadual (1981-1984).

As boas atuações pelo Colorado, resultaram a convocação dele, e de boa parte daquele elenco, à Seleção Brasileira para a disputa das Olimpíadas de Los Angeles 1984, que terminou com a medalha de prata. Deu continuidade no bom desempenho e conseguiu ser chamado para a disputa da Copa do Mundo de 1990, onde o Brasil foi eliminado pela Argentina de Maradona, nas oitavas de final.

Ainda passou pelo Bangu, Botafogo, Lugano (Suíça) e Grêmio, seu time de infância, antes de desembarcar em São Januário para atuar pelo Vasco. Na Colina História ficou por quatro temporadas e ajudou o clube a conquistar os títulos mais importantes de sua história, sendo taxado, assim, como a época dourada Cruz-maltina.

Chegou ao Gigante da Colina em 1997, para a disputa do Brasileirão daquele ano, e por consequência levou a taça. Permaneceu no Almirante para a conquista da Libertadores no ano do centenário e posteriormente o Mundial Interclubes. Como capitão, levantou seu único título da competição mais importante da América Latina, mas perdeu a final do mundial daquele ano para o Real Madrid.

Ainda pelo Vasco, conquistou o Torneio Rio-São Paulo e mais um Brasileirão. Em 2001, voltou ao Grêmio para encerrar sua carreira e, em 2003, começou sua trajetória como técnico, que durou apenas três temporadas. Em entrevista exclusiva à VAVEL Brasil, Mauro Galvão falou, por quase uma hora com os nossos repórteres, João Viana e Larissa Ramos, sobre sua carreira como jogador, treinador, Seleção Brasileira, Neymar, Tite, polêmicas de arbitragem no Campeonato Brasileiro, além de analisar a situação que o Vasco vive no momento e sua relação com a atual gestão política do clube.

Entrevista exclusiva com Mauro Galvão (Foto: João Viana/VAVEL Brasil)

VAVEL Brasil: Esse ano, tivemos a conquista do tão esperado ouro olímpico no futebol. Você disputou a Olimpíada de Los Angeles 1984 e acabaram batendo na trave para França na final. Naquela ocasião, a convocação foi quase por inteira do elenco do Internacional, como você via, naquela época, esse torneio? Amargurou muito a derrota para os franceses?

Mauro Galvão: “Sempre a derrota deixa a gente chateado, né? Eu acho que foi legal, foi uma campanha boa e nós éramos, praticamente, a equipe do Inter mais alguns antigos jogadores que estavam na antiga Seleção. Na época houve uma mudança nas regras e os profissionais podiam participar, desde que os mesmos não tivessem jogado uma Copa do Mundo. Nesse caso, o Internacional foi escolhido. Eu lembro que estava entre Internacional e Fluminense, mas, não sei o porquê, acabou sendo escolhido o Inter. Nós fizemos uma bela campanha, fizemos jogos difíceis, pegamos equipes muito fortes. Chegamos à final com a França e foi um jogo bem aberto. Nós não conhecíamos muito bem a França e não sei se eles conheciam muito bem a nossa equipe, e hoje não acontece mais isso. Você não vai simplesmente para um jogo sem conhecer seu adversário. Isso foi uma coisa que atrapalhou um pouco a nossa equipe, mas de qualquer forma a medalha de prata foi conquistada e foi atingido um objetivo. Então, depois de muito tempo, eu consegui assimilar isso. Acho que o Brasil ter conquistado agora a medalha de ouro, acho que é muito legal porque quebra um pouco esse tabu de que o Brasil nunca a ganhou. Acho que foi merecida a conquista.”

VB: Ainda sobre a conquista do ouro, você vê o Neymar entrando para a história dos principais jogadores da Seleção Brasileira ao lado de talentos como Pelé, Ronaldo e Romário?

MG: “Sinceramente, eu acho que não é para tanto. As Olimpíadas é uma competição muito importante, muito legal, mas o futebol nas Olimpíadas não é um carro chefe. Todos hão de concordar com isso. Os esportes olímpicos são mais atletismo, ginástica, são outras modalidades, que realmente naquele momento tem que ter mais ênfase. A gente pode até fazer uma comparação, que vários jogadores, que poderiam vir para Brasil disputar as Olimpíadas e não vieram. Messi não veio, Cristiano Ronaldo não veio, outros jogadores não vieram, porque é um momento que eles estão de férias, pelo fato deles já terem outras competições, acaba fazendo com que eles já tenham uma obrigação muito grande. Então, eu acho que para o Brasil foi importante a presença do Neymar, porque o Brasil não ganhava essa competição. Então, acho que foi o ideal para o Brasil, que pôde contar com um grande jogador, que é o Neymar, e acabar com esse tabu. Mas o Brasil já tem cinco campeonatos mundiais, não iria ser uma medalha de ouro que iria mudar o status do Brasil. Então, agora, com certeza, passada essa medalha, ninguém vai querer vir à Seleção, porque já conquistou (risos)."

VB: Você tem no currículo uma participação na Copa do Mundo. Em 1990, os torcedores brasileiros criticavam muito a Seleção pelos fracassos sucessivos no evento futebolístico mais importante do planeta. Talvez a maior decepção fosse aquela geração de Zico, Sócrates e cia, em 1982. Nisso, o Brasil seguia um forte jejum sem conquistar essa taça, que só se encerraria em 1994, nos EUA, dando fim aos 24 anos de seca. Você acha que essa cobrança excessiva por parte da torcida atrapalhou o desempenho dos jogadores, tanto na sua época, em 1990, quanto em gerações anteriores?

MG: “Não, acho que não. Não atrapalhou, não. Às vezes existe uma pressão muito grande da imprensa em relação a jogadores que não são chamados. Isso sempre vai acontecer no Brasil. Porque tem muitos jogadores de qualidade. Então, sempre alguém falava: ‘falta Fulano’ ou ‘falta Ciclano’, né? Brasil já ganhou uma Copa do Mundo sem o Pelé, então... isso não quer dizer que o Pelé não seja bom (risos), mas o futebol tem essa possibilidade. Pode ganhar, mesmo não estando com os melhores jogadores, mas fazendo uma boa equipe você consegue ganhar. Então, não acho que houve interferência da torcida. Em 1990, eu posso falar bem, porque eu joguei. O brasileiro gosta de sempre alguma coisa para explicação. Às vezes, não tem explicação, o outro time é melhor que o teu, ou naquele dia ele é melhor que o teu. E naquele dia, nós fomos melhores que a Argentina no primeiro tempo, mas não fizemos gol e no futebol você tem que fazer gol. Não adianta, você pode jogar muito bem, depois conta história para caramba. Jogamos bem, chutamos na trave 200 bolas, mas não entrou. A Argentina foi duas, três vezes e fez o gol e acabou o jogo. Acho que nós não tínhamos time para ganhar a Copa do Mundo, mas tínhamos time para ir mais à frente, isso com certeza. Mas a torcida não tem nada a ver com isso. Acho que fazem parte do futebol, os fracassos fazem parte, senão, não teria graça, o Brasil ganharia tudo, ou a Alemanha ganharia tudo sempre."

VB: Duas últimas perguntas sobre a Seleção. A geração atual é boa? Tite devia ter assumido antes o comando?

MG: "Eu acho. Eu acho, sim. Eu acho que a geração é boa. Não temos jogadores como tínhamos anteriormente. Digo no nível de decidir jogos, de um jogador decidir o jogo como o Ronaldo, Romário, Rivaldo e outros jogadores que tinham essa capacidade. O próprio Kaka teve uma fase muito boa, mas hoje a gente vê que temos bons jogadores, e que precisamos dar uma direção a eles. Eu tinha muita confiança que isso poderia acontecer, porque o Tite foi meu treinador no Grêmio, nós ganhamos uma Copa do Brasil, um Estadual, e pude ver que é um cara interessado, um cara que estudou, que se preparou. Então, na minha maneira de ver, nada contra ninguém, ou contra quem estava lá. Na Seleção Brasileira são convocados quem? Os melhores jogadores. Quem tem que ser o melhor para a Seleção Brasileira? O melhor treinador. Então, o melhor treinador é o Tite. Pode até não dar certo, mas você tem que botar ele lá. Acho que o Brasil está no caminho certo.”

VB: Mauro, você chegou ao Vasco em 1997, para a disputa do Brasileirão, e acabou conquistando. Saiu do Grêmio, que é o seu time de infância, e também havia se sagrado campeão brasileiro pelo tricolor gaúcho um ano antes. Como foi sair do seu time de coração, onde havia conquistado a torcida e um título de expressão, para ir jogar no Vasco? Você já tinha afeto pelo Gigante da Colina, ou apenas foi profissional e aceitou a proposta e abraçou o projeto que haviam lhe exposto?

MG: “Só para esclarecer. Esse negócio de que eu gremista está meio forçado (risos). Todo mundo fala que eu era gremista, ou era colorado (risos). Na verdade, não é tão importante, mas eu tive uma história, vou contar rapidamente. Eu comecei na escolinha do Grêmio com 11 anos e com 15, eu fui para o Inter. Então, eu me profissionalizei no Inter com 17 anos. Foi um negócio muito legal, maravilhoso para minha carreira ter começado com 17 anos no Inter. Porém, eu tinha uma coisa que me faltava que era saber como seria se eu tivesse continuado no Grêmio. Então, depois eu tive a oportunidade de voltar para o Grêmio, com 34 anos. E, aí, eu voltei para o Grêmio, quando eu sou soube do ‘Projeto Grêmio’ e eu fiquei: ‘quero ir, quero ir’. Eu estava jogando na Suíça e fui embora e acabei que consegui vir para o Grêmio. Porém antes de ir para a Suíça, eu tinha jogado no Bangu e no Botafogo, então, eu tinha uma ligação com o Rio. Então, para mim, voltar para o Rio era uma coisa normal. E o que aconteceu foi que eu estava no Grêmio, nós fizemos uma boa campanha. Em 1997, o que aconteceu foi que meu contrato estava para terminar. Nós (Grêmio e ele) começamos a conversar, assim, muito superficialmente, mas não aquela decisão. O Vasco veio por fora, conversou comigo e nós fechamos o contrato. Então, eu assinei um pré-contrato e quando o Grêmio me procurou eu falei: ‘agora já era. Agora já foi. Demorou’. Então, eu vim para o Rio e foi aquilo, né? Quatro anos de muito sucesso”

VB: Corrija-me se eu estiver errado, o título mais importante de sua carreira foi a Taça Libertadores pelo Vasco, em 1998. Como foi essa conquista para você? Já que era capitão daquele time.

MB: “Com certeza, foi (a Libertadores). Eu tinha jogado algumas Libertadores. Para quem não sabe, eu joguei a primeira Libertadores com o Inter em 1980, e fomos vice-campeões. Tinha jogado uma Libertadores com o Grêmio, chegamos à semifinal, se me lembro bem, e ficamos em quarto ou quinto lugar, não me recordo direito. Então, eu já não tinha mais tempo, era agora ou nunca (risos). Então, a gente se dedicou muito, a gente se cuidou, passamos por dificuldades. Tem gente que acha que a Libertadores foi fácil, mas não foi fácil. Nós começamos perdendo dois jogos de cara. Aí nós viemos para São Januário e nos fechamos, conversamos entre nós durante a semana. A gente tinha que dar um jeito. Não tinha o que fazer mais. Nós tínhamos que passar para o adversário tudo aquilo que eles fizeram a gente passar. Ou seja, pressão, torcida, barulho, jogar em cima dos caras. Nós tínhamos que fazer isso de qualquer jeito, se a gente quiser passar (de fase). E foi o que a gente fez, fomos para cima. Ali, a gente começou a nossa recuperação. Então, era muito difícil de ganhar do Vasco dentro de São Januário.”

VB: Aquela geração rendeu muitos frutos positivos para a história do Vasco, que ainda levou dois Brasileirões, Copa Rio-SP e a Mercosul. Só ficou faltando o tão sonhado Mundial, que, infelizmente, foram derrotados para o Real Madrid. Aquela disputa, embora tenha sido contra um time poderoso da Europa, vocês jogaram de igual para igual contra eles, e há quem diga que mereciam muito mais que os madrilenos. Como foi cair diante um time tão poderoso quanto o Real, e, ainda assim, quase ter sobressaído a eles?

MG: “É uma situação difícil, porque a gente (VAVEL e ele) tinha conversado anteriormente, às vezes, você um jogo que tinha tudo para ganhar, tem que fazer o gol. E não pode falhar, em um jogo como esse. Então, a gente sabia que o Real Madrid tinha jogadores difíceis de serem marcados, jogadores que eram conhecidos, como o Raúl, Roberto Carlos. Então, nós tomamos cuidado com tudo. O jogo estava, mais ou menos, assim, bem equilibrado. Acho que no momento que tomamos o gol, estávamos melhores que o Real. Acho que o Juninho deu uma bola na trave, um negócio assim. Perdemos uma, ou duas oportunidades, e em um lançamento, que nós sabíamos que poderia acontecer, nosso lateral direito recém tinha entrado e ele entrou e meio que deu uma afogada (entrou frio), e naquilo que ele afagou, ele deu um carrinho e o Raúl cortou, trouxe a bola para dentro, e veio o Odvan, ele cortou de novo, e quando eu tentei chegar ele já chutou e foi o gol da vitória do Real. Nós não fomos inferiores a eles tecnicamente. Eles contaram com um gol contra também. Típica situação que tem como você controlar. Talvez tenhamos exagerado na preparação, eu acho que fomos cedo demais para o Japão. Acho que não tenha sido a melhor escolha, mas não pego isso como desculpa. Então, eu não faria, se fosse hoje, daquela forma. Não iria tão cedo."

VB: Você saiu do Vasco para retornar ao Grêmio e encerrar sua carreira. Não muito tempo depois começou uma trajetória curta como treinador. Comandou o Vasco, em 2003, no ano seguinte, o Botafogo e posteriormente, o Náutico, em 2005. Retornou ao Vasco para treinar a categoria de juniores, ficando de 2010 a 2014 e parou. Por que desistiu da carreira como técnico profissional?

MG: : “Na verdade, o que acontece. Quando um jogador para de jogar, é um baque muito grande, e, para mim, não foi diferente. Naquele momento você fica meio perdido. ‘E agora vou fazer o quê?’, você pensa. Então, eu comecei a trabalhar no Vasco como auxiliar técnico. Para mim, estava ótimo. No meio do Campeonato Brasileiro, o Lopes caiu, e quando ele caiu, o Eurico chegou para mim e disse: ‘você vai ter que assumir o time’. É claro que eu não estava, ainda, pronto para aquela função. Eu deveria ter feito um pouco mais de adaptação, de estágios. Inclusive, eu estava no meio de um curso, quando o Eurico me chamou. E o time foi bem, e vamos combinar que aquele time do Vasco era fraco. Nós conseguimos não lutar para cair, o que foi uma grande coisa. Conseguimos sair daquela zona perigosa. Então, eu tive que dar um jeito naquela situação, harmonizar, uma coisa que não é fácil. Não foi ruim, foi uma experiência muito boa, conseguir levar até o fim e, depois, acabei indo para o Botafogo. Fiquei dois, três meses lá. Também nunca situação semelhante. É que para você trabalhar como treinador você não pode estar sozinho, você tem que ter um grupo de trabalho construtivo, que te dê um apoio, que você fique protegido.”

VB: Como na pergunta anterior havia tocado pela sua passagem de treinador nas categorias de base do Vasco. Alguns jogadores que chegaram a ter oportunidades esse ano no profissional, passou pelo teu olhar, como Caio Monteiro, Andrey, ... O que você tem para falar desses meninos? Apesar de terem oportunidades, não chegaram a assumir a titularidade, como o jovem Douglas, você acha que o Vasco fez certo ao utilizar jogadores da base?

MG: "A base poderia ser mais utilizada. Na minha maneira de ver a gente está perdendo um pouco de tempo. O Douglas foi utilizado, foi bem. O Andrey nunca vi jogar. O Evander muito pouco. Cada um tem uma forma de trabalhar. O grande problema no futebol é essa diferença que existe entre a base e o profissional. O profissional contrata alguns jogadores, até questionáveis, e a base fica produzindo jogadores, que são do clube, se vender quem vai ganhar é o clube. Se eu tiver que colocar um jogador da base ou que vem de fora e, o que vem de fora não for melhor do que o da base, se for igual, vai entrar o da base. A minha maneira de ver é essa. Você não pode dar chance para um jogador que não é seu e deixar um jogador da base de fora. Então, acho que  é pouco a participação da base no Vasco. Acho que tem que colocar o jogador. Se ele jogar e for mal, nós vimos que ele foi mal. Cinco partidas e foi mal. Tem que esperar, volta, vai fazer uma reciclagem. É difícil falar quando você não está no processo, como não estou lá, não estou acompanhando. Uma coisa que vi foi subirem o jogador e ele não jogar. Fica lá parado, olhando. Ele tem que ficar jogando nos juniores e for chamado quando será utilizado. O jogador tem que jogar."

VB: Algum jogador chegou a subir e teve que voltar para os juniores?

MG: "Não, nunca aconteceu. Muitas vezes é necessário que ele jogue na base para poder pegar mais ritmo de jogo. É essa nossa preocupação. Você só pegar o jogador e dar a ele a condição de profissional não serve. Ele fica lá muitas vezes parado. Não é utilizado, ele começa a perder ritmo, perder confiança."

VB: Situação de ter subido Evander, por exemplo, e ele retornar para jogar OPG 

MG: "Acho certo isso. O errado é deixar os jogadores lá parados. Eles tem que jogar. Ele está alí, jogando a OPG, o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil pelos juniores e nós estamos vendo. Daqui a pouco chama ele e bota para jogar. Agora, ficar só treinando e não ser convocado, não adianta nada. Eu vi vária vezes isso acontece. Alguns jogadores que eu procuro no Vasco, hoje não encontro, não sei onde estão. É complicado. Você vai perdendo os jogadores. O jogaodr tem um momento. Se você não utilizar ele logo, acaba passando aquele momento." 

VB: Situação do Índio, que chegou a trabalhar 

MG: "Trabalhei muito pouco porque teve aquele problema que ele foi embora. Muito complicada a situação do Índio. Eu não tenho muito o que falar desse jogador porque ele nunca me pareceu muito interessado em jogar no Vasco. Eu acho que isso é impoortante. Você tem que ter um jogador que queira jogar no Vasco. Acho que vida que segue. Se ele foi lá para Portugal que seja feliz lá. O Vasco não é um clube fácil de se jogar. Para jogar no Vasco tem que aguentar aquela camisa. Então, as pessoas às vezes pensam que vão chegar, jogar e está tudo certo, mas não é assim. Tem a torcida, a cobrança. É um time grande. Não vai aceitar qualquer tipo de jogo."

VB: O Vasco vem passando por uma série resultados negativos desde a virada do milênio. Foram nove anos sem qualquer título e três rebaixamentos em espaços de tempo muito curtos para um time como o Vasco, que nunca nem havia caído. Para você, qual é o principal problema que o clube está enfrentando nesses últimos anos para seguidos vexames?

MG: "Eu acho que o clube precisa se fechar mais. O clube precisa ser mais clube. Eu acho que o Vasco não é clube hoje. Não é um clube com o mesmo objetivo. Existe uma divisão. Acho que tem que trabalhar para o clube. Trabalhar para o Vasco. Acho que esse é o maior problema do Vasco. Esse enfraquecimento do clube, das pessoas se entenderem. Não é possível que tenhamos uma direção que um não gosta do outro. Acho o fim da picada isso. 

VB: Trazendo esse mal momento para o agora. O time começou bem a temporada 2016, venceu de forma invicta o Campeonato Carioca, e teve um ótimo começo na sua volta à Série B. Contudo, nessa reta final, vem tendo dificuldades. Ao seu ver, o clube já deve começar a pensar na próxima temporada? Lembrando que da última vez que voltou à elite, caiu novamente.

MG: "O clube já deve estar fazendo isso. Tem que ver já para a próxima temporada, mas sem perder a atenção no campeonato que ainda não esá definido. O Vasco não pode bobear. Com certeza tem que estar procurando os jogadores que tenham nível para jogar a Série A. A questão do Estadual nesse caso não sei se ajuda muito, às vezes até atrapalha, como aconteceu já com alguns clubes por acharem que estava bem por conta do Estadual. Então, não é parâmetro. Estadual é uma coisa e Brasileiro outra."

VB: Todos nós sabemos que Eurico Miranda é uma pessoa de gênio forte. Recentemente, ele disse que não considera Juninho Pernambucano como ídolo do Vasco, e constantemente ataca o ex-presidente do clube, Roberto Dinamite, que é considerado o maior ídolo cruz-maltino. Você tem uma boa relação com o Eurico? Como vê a gestão dele para o clube?

MG: "Eu tenho uma boa relação com o Eurico. Uma relação normal. Trabalhamos juntos. Nós tivemos uma história bacana no clube no mesmo período. Depois trabalhei com ele também como presidente, mais fora do campo. Nunca tive problema. Tudo que a gente sempre traçou e ele prometeu, ele cumpriu. Nãao tenho problema nenhum. O jeito do Eurico é assim. Você gosta ou não gosta. Cada um tem seu estilo. O Vasco está fazendo uma campanha boa, não é uma campanha fora de série. O principal objetivo com certeza é retornar. O clube precisa dar uma melhorada na questão de ter mais gente ajudando, participando. A questão do Juninho ser ídolo, para mim, quem decide é a torcida. A torcida tem o Juninho como ídolo. É impossível não saber isso, não aceitar. Ele pode até ter a visão dele. Cada um tem sua opinião."

VB: Para fechar. Fugindo um pouco de Vasco, Grêmio e Seleção, o Campeonato Brasileiro tem tido diversos problemas com a arbitragem, muitas reclamações. Uma delas foi entre Flamengo e Fluminense, com o uso de uma suposta interferência externa. Você acha que o uso da tecnologia pode melhorar a forma de conduzir o futebol ou perderá a "graça", como muitos dizem?

MG: "Eu tenho muita dificuldade de definir isso. Muito tempo acompanhando o futebol, mas não vou ficar em cima do muro. Acho que tem que ter interferência das câmeras. Acho que tem que ter uma pessoa que seja responsável. Ela vai dizer se foi ou não.Mas tem que ser instantâneo. Não pode demorar. Decidiu e está decidido. Pelo fone mesmo o juiz pede. O gol do Guerrero contra o Corinthians foi escandaloso, um metro impedido. Eu sei que o árbitro pode errar, mas tão grave assim o erro. Eu acho que tem que fazer a questão da interferência. Nós estamos encaminhando cada vez mais para melhorar o futebol, não tem como não colocar câmera. São coisas importantes para o futebol. Foi gol ou não, quando a bola bate no travessão e no chão."