A comparação até pode parecer estranha, mas aqueles que acompanham futebol e MMA ao mesmo tempo percebem semelhanças entre algumas das histórias escritas em cada um dos esportes. Enredos com glórias e sofrimentos, subidas e rebaixamentos, auges e fundos do poço fazem parte das temporadas dos clubes e das carreiras dos lutadores com mais frequência que em outras modalidades (onde a regularidade é tão presente). Pensando nisso, foi feito um "crossover" entre duas sensações de cada modalidade no momento.

Campeão inédito da Premier League na temporada 2015/2016, o Leicester City é o caso recente de maior superação no futebol mundial. Após disputar a segunda divisão do campeonato inglês em 2013/2014, o clube emergiu para a elite nacional após dez anos nas ligas inferiores. Já na edição 2014/2015, duelando com os grandes, os "Foxes" travaram uma batalha contra o rebaixamento e saíram vivos com a permanência no primeiro escalão do futebol da terra da rainha, numa reviravolta incrível com sete resultados positivos nos últimos nove jogos . Equipe e torcida mal esperavam o que a temporada seguinte os reservava. Numa campanha triunfante com 23 vitórias, 12 empates e apenas 3 derrotas, o Leicester alcançou o que alguns meses antes parecia inalcançável e, no dia 2 de maio de 2016, sagrou-se campeão inglês.


Guardadas as devidas proporções, o MMA tem o próprio Leicester nos octógonos. O americano Robbie Lawler é atualmente o campeão do peso meio-médio do Ultimate (até 77 kg), mas a jornada até o topo passou por muita desconfiança por parte dos que acompanham as artes marciais mistas. Lawler teve um início promissor pelo UFC aos 20 anos, em 2002, assim como o até então jovem Leicester City (vice-campeão da Premier League na temporada 1928-1929). Considerado carta fora do baralho após três tropeços na elite do MMA, ele foi demitido da organização em 2004 e só retornou em 2013. Nesse intervalo caminhou pela "terceira divisão" do MMA, competindo por ligas de pouco destaque como SuperBrawl, Icon Sport, KOTC e EliteXC. Posteriormente, avançou para o Strikeforce, que enquanto existiu, era como a "segunda divisão" do esporte, se comparado ao Ultimate. Um exemplo da carreira de altos e baixos vivida pelo americano é o elevado número de revezes sofridos, dez. Quando comparado com todos os outros donos de cinturão da organização ele é o que mais vezes foi derrotado.

Até as formas como o atleta e o clube atacam são semelhantes, Com um estilo agressivo, Robbie costuma soltar a maioria dos seus golpes na curta distância, bem como os "Foxes", afinal dos 68 gols marcados no campeonato 65 foram dentro da área. Outro fator é a precisão. Das 523 finalizações dos ingleses, 68 foram convertidas em gol, o equivalente a uma taxa de 13%(a maior da Premier League). Enquanto o lutador também tem ataques pontuais, pois conectou 51% dos golpes significativos desferidos em sua luta mais recente, enquanto Carlos Condit, último adversário no UFC 195, acertou apenas 35% das investidas que fez na luta. E a vantagem se mantém quando são analisadas as lutas anteriores. Desde seu retorno ao Ultimate, Lawler encaixou uma maior taxa de golpes, em cada combate, do que todos os oponentes. No duelo que conquistou o título pelo UFC 181, por exemplo, atingiu 57% de precisão, já Johny Hendricks, rival da noite, ficou nos 48%.

Com a recente conquista do título dos médios (após uma sofrida caminhada) por parte de Michael Bisping, no UFC 199, há quem aponte semelhanças entre o atleta e a equipe de futebol, porém os números e a trajetória de Lawler são claramente mais parecidos.

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Sobre o autor
Vinícius  Barros
Jornalismo e administração Fã de futebol e MMA 22 anos