Poucos nomes da história da humanidade conseguiram deixar seu legado pra sempre nas memórias de todas as pessoas. O esporte talvez seja o setor da sociedade onde mais tivemos casos de nomes sobressaindo à outras importantes pessoas durante o ciclo da humanidade. É assim com Ayrton Senna, Pelé, Michael Jordan, Maradona, Usain Bolt... E é assim com Cassius Clay, ou seu nome mais famoso, Muhammad Ali, o maior boxeador da história.

Muitos pensam em como um pugilista pode entrar para os livros dos mais notáveis, sendo um esporte tão bruto. Mas Ali foi além dos feitos esportivos. Se fosse contabilizar apenas as suas conquistas dentro do ring, o americano de Louisville já seria gigantesco, mas ele foi ainda maior fora, atuando como um defensor de sua raça numa época difícil nos Estados Unidos.

Ouro olímpico para ficar marcado

Ainda era Cassius Clay, quando o lutador negro representou os Estados Unidos na Olimpíadas de Roma, em 1960. Ainda não estava na sua categoria em que dominou por  muito tempo e chegou como favorito numa época em que os boxeadores não precisavam seguir no amadorismo para disputar um Jogos Olímpicos.

E atuando no meio-pesado, até 81kg, Clay dominou a competição e superou o medo de avião para chegar na capital italiana e assegurar o ouro. Na decisão, o americano encarou o polonês Zbigniew Pietrzykowski e entrou para a história dos jogos com o ouro na categoria.

The Greatest

O maior. Simples assim para definir o esportista Muhammad Ali. Já como lutador amador, ele mostrava que faria história. Foram 100 vitórias e apenas cinco derrotas. Era um trator!

Já como profissional, conheceu o primeiro título mundial em 1964 ao vencer Sonny Liston e ganhar o cinturão dos peso-pesados. Mas três anos mais tarde negou-se ir à Guerra do Vietnã e viu o governo tirar suas conquistas e o obrigar a parar por três anos.

Em 1970 voltou ao posto de número 1, mas no ano seguinte viu a derrota para Joe Frazier lhe tirar o título. Somente em 1974 que Ali retomou o cinturão em épica luta contra George Foreman, no Zaire. A batalha foi retratada no filme "Quando Éramos Reis. Quatro anos mais tarde, perdeu para Leon Spinks, lutador que, mais tarde, foi derrotado na revanche, retomando o título.

Na sua última luta, em dezembro de 1981, Ali perdeu para Trevor Berbick, mas uma frase dita o marcou pelo resto da carreira: "Não quero vir a ser um desses lutadores velhos, de nariz achatado, dizendo gugu-dadá antes de uma luta."

Seu legado

Acima dos feitos esportivos, Ali conseguiu ser marcado pela batalha dentro da sociedade. Engajado político, foi nomeado Mensageiro da Paz pela ONU após brigar pela classe negra, pelos pobres e menos favorecidos. Em 1990, foi responsável por uma negociação de paz com o ditador iraquiano Saddam Hussein pela libertação de 14 prisioneiros.

Negro, teve em Nelson Mandela, Malcon X e Martin Luther King amigos de luta contra o preconceito, discriminação racial, segregação e injustiças. Em 1996 chocou o mundo ao apresentar seu grau forte de Mal de Parkinson, quando foi responsável pela queima da Pira Olímpica. Ali tremia, mostrava cansaço e nervosismo numa cena marcante para a história do esporte.

Muhammad foi eleito esportista do século XX pela revista americana 'Sports Ilustrated' e pela rede de TV BBC, de Londres. No decorrer dos anos, a doença foi piorando, mas Ali nunca se deu por vencido, batalhando até o fim pela vida.

O último round da sua passagem pela Terra se encerrou em 3 de junho desse ano, não resistindo a complicações respiratórias. Seu funeral foi acompanhado por todo o mundo e lamentado por várias pessoas importantes. Ainda assim, Ali cravou seu lugar como um dos maiores homens da história, não só pela luta nos ringues, como nas batalhas por uma vida mais justa, digna e igual.