Durante o anúncio da profissionalização de Robson Conceição, agora lutador contratado pela gigante Top Rank, responsável pelo gerenciamento da carreira de dezenas de boxeadores ao redor mundo, uma pergunta pairava no ar: teria o brasileiro a ambição de disputar mais uma edição de Jogos Olímpicos? Robson subiu aos ringues em Pequim 2008 e Londres 2012, quando acabou eliminado na primeira fase. A redenção veio em casa, na Rio 16, com vitória sobre um algoz que já havia impedido seu título mundial, e um título inédito em frente à torcida brasileira.

Após coletiva de imprensa concedida no Rio de Janeiro, o pugilista falou um pouco sobre a torcida que encontrou durante a Olimpíada: "Com certeza foi um diferencial. Não só na final, mas desde o início. A torcida esteve presente em todas as lutas e tenho certeza de que a torcida foi um pontapé a mais para que eu conseguisse superar meus adversários", disse Robson, que foi ovacionado e apoiado o tempo inteiro pelos presentes no Riocentro, onde os combates foram realizados.

Além disso, fez questão de deixar clara seu posicionamento em relação a uma possível volta aos ringues olímpicos: "Acho que é um pouco cedo para falar disso, vou dar um passo de cada vez. No boxe elite [olímpico, também chamado de open boxing] já ganhei tudo: medalha de mundial, Pan-Americano, Olimpíada. Agora estou focado somente no boxe profissional", afirmou o brasileiro. Vale lembrar que, a partir dessa edição dos Jogos Olímpicos, a presença de lutadores profissionais foi permitida, fato inédito para o esporte.

No entanto, a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) não foi bem-vista por algumas entidades e empresas, que ameaçaram punir seus boxeadores. Quando perguntado a respeito de uma possível liberação de Robson Conceição para Tóquio 2020, Todd DuBoef, presidente da Top Rank, fez cara feia, mas indicou que não impediria: "A decisão sobre a Olimpíada é do atleta. Particularmente, eu acho que seria dar um passo atrás, ele está se profissionalizando pela família, pela filha. Então, acho que o capítulo olímpico está encerrado, mas é uma decisão dele", ressaltou. 

Treinador renomado no mundo do boxe, Luiz Dórea deu declarações, endossadas por Robson, que podem explicar melhor essa decisão de não voltar mais ao boxe olímpico, além da questão financeira: "Uma das maiores diferenças é em relação à arbitragem. No boxe olímpico, ela tira um pouco do brilho do esporte, no profissional é mais confiável", declarou, relembrando uma luta de Robson contra o ucraniano Vasyl Lomachenko, onde o brasileiro foi considerado vencedor, mas teve sua vitória retirada após a luta, mesmo depois do anúncio oficial.