Quando criança deixou a boneca de lado e quis brincar com a bola que o irmão havia ganhado. Jogava escondida, pois sempre ouvia que futebol não era coisa de menina.  Se a vissem jogando, apanhava. Não era por nada além do fato de que Formiga jogava muito melhor do que eles.

Começou a jogar profissionalmente em um time baiano, e já passou pelas equipes femininas do São Paulo – onde obteve seu primeiro e único registro em carteira como jogadora profissional –, do Santos e da Portuguesa. Já jogou também na Suécia e agora, novamente na Bahia, atua no São Francisco Esporte Clube.

Formiga sentiu na pele, ao longo de sua carreira, a falta de reconhecimento das mulheres no futebol. Dos times não recebem salário, apenas ajuda de custo. Da mídia, nenhum olhar, nenhuma transmissão; se muito, uma reportagem esporádica. Contudo, acredita que a hora das atletas terem o trabalho reconhecido e recompensado à altura de seu talento vai chegar. Tem fé.

Formiga tem na bagagem a participação em seis Copas do Mundo, e o pentacampeonato Sul-Americano de futebol feminino. Nos Jogos Pan-Americanos, foi ouro com a camisa verde e amarela nas edições de Santo Domingo, em 2003, Rio, 2007, e em 2015 em Toronto.

Aos 38 anos, recordista em participações nas Olimpíadas, tendo vestido o uniforme da Seleção desde a primeira vez que o futebol feminino foi incorporado ao programa, Formiga ainda não alcançou o tão sonhado ouro olímpico. Mas não desiste: em seus últimos Jogos Olímpicos da carreira, prestes a se aposentar, ela promete mais uma vez entrar na briga para ganhar e dar o melhor que puder.