Julio Cézar Braz da Rocha, 25 anos, morador de Mesquita, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. O carioca que há um ano e meio pratica rugby, um esporte não tão popular no Brasil, vem se destacando nesse curto espaço de tempo com sua técnica. Julio nasceu com má formação congênita dos membros inferiores e do superior direito, embora faça uso da cadeira de rodas para competir, não necessariamente a utiliza em seu dia a dia. Desde pequeno conta com as próteses nas duas pernas para se locomover, e só foi ter seu primeiro contato com uma cadeira aos 23 anos para praticar handebol.

Foi através de seu amigo, Welington Oliveira, que o levou a entrar no mundo paradesportivo. Encorajado a seguir no handebol, Julio foi mais impulsionado devido a um projeto da Associação de Integração dos Deficientes Físicos (Assidef), no próprio município de Mesquita. Seu primeiro contato com o rugby  em cadeira de rodas, foi em uma competição jogando pelo time da Assidef de handebol. Segundo o mesmo, foi ‘amor à primeira vista’.

"O handebol é um esporte que eu gosto muito. Pratico ainda, mas assim… O rugby foi paixão à primeira vista, foi um esporte que me chamou muito a atenção por causa do contato, estratégia. Devido a uma competição de handebol que eu participei, tive meu primeiro contato e comecei a ser chamado para conhecer mais, e acabei me identificando", disse Julio com entusiasmo.

Flamenguista de coração, chegou ao Minas Quad Rugby e foi campeão do IX Campeonato Brasileiro de Rugby em Cadeiras de Rodas de forma invicta. Isso lhe rendeu outra convocação à Seleção Brasileira, para a disputa da Metro Cup International, na Polônia. Vai ser sua primeira viagem para fora do país com a delegação brasileira, que já atuou em um evento-teste no inicio do ano, na Barra da Tijuca.

"Vai ser um campeonato muito importante na Polônia, porque o Brasil vem treinando muito forte. O grupo está se dedicando muito e vai ser um campeonato para nós testarmos nossas formações, para nós treinarmos mesmo, para que possamos estar bem preparados para as Paralimpíadas. Nosso objetivo maior nas Paralimpíadas é fazer um resultado bom. Ainda mais que vamos estar do lado da nossa torcida e creio que isso será um ponto muito positivo para a gente", frisou.

Questionado sobre suas expectativas para os Jogos, Julio se mantem com os pés no chão, mas sonha com o brilho dourado da medalha Paralímpica.

"Lógico que ninguém entra para perder, nosso objetivo é querer ganhar, mas sabemos que o Brasil, hoje, é novo no rugby. Sabemos que tem outras potências como o Canadá, Austrália e Estados Unidos que estão na frente, mas nosso rugby vem crescendo e estamos bem focados para estar fazendo uma ótima participação, quanto no Metro Cup, quanto na Paralimpíada. Vamos dar o nosso melhor nessas duas competições", prometeu.

‘Quem tem família, agradeça noite e dia’, diz um ditado e não é diferente para Julio Cézar, que sempre teve apoio dos pais para ir em busca de seus objetivos.

"Minha família sempre me apoiou. Meus pais sempre me apoiaram, sempre me deram forças para que eu pudesse ir em busca dos meus objetivos. E hoje eu sou o que sou, primeiramente, devido o que Deus é na minha vida e segundo são meus pais, que me deixaram à vontade para eu escolher o que realmente queria. Acho isso muito importante, porque muitas vezes o preconceito vem da própria casa, da mãe não deixar o filho fazer o que quer, superproteger ele. Então, graças a Deus, minha mãe foi sempre muito mente aberta para isso. Agradeço muito a Deus pelos meus pais", finalizou.