Nascido em 1913, na cidade de Oakville - Alabama, Estados Unidos - O americano James Cleveland Owens foi um dos mais simbólicos esportistas olímpicos da história. Neto de escravos, Jesse Owens (como passou a ser conhecido) sofreu muito ao longo da vida por causa do racismo. Quando menino, mudou-se com sua familía para a cidade de Cleveland, em Ohio. Fugindo da segregação racial que insistia em se perpetuar pelo Sul dos Eua.

O atletismo era sua paixão. Na época a rotina de Owens era dividida por seu trabalho em uma sapataria, os estudos e a corrida. Seu primeiro treinador foi Charles Riley, grande motivador do atleta no início de carreira. Quando ingressou na Universidade de Chicago, despontou para o esporte ao quebrar recordes nacionais e muito depressa se tornou um fenômeno. Porém, o americano era obrigado a viver conviver com o racismo. Quando viajava, em alguns estados, era necessário que frequentasse restaurantes "só para negros" por culpa da forte segregração racial que dividia algumas áreas do país.

Jesse Owens disputou apenas uma Olimpíada em toda sua carreira, tinha apenas 23 anos. Quis o destino que fosse justamente os Jogos de Berlim, em 1936. Quando a Alemanha se encontrava em pleno regime Nazista. Liderado por Adolf Hitler, o país só se tornou sede do evento porque o Chanceler Alemão queria provar a supremacia da "raça ariana" em todos os esportes diante das outras etnias. De forma efetiva, os Alemães terminaram na liderança do quadro de medalhas com 33 ouros. Muito por causa da mobilização nacional no auge do Nazismo. Mas, simbolicamente, um dos maiores ditadores da história saiu derrotado dos Jogos Olímpicos. Graças ao Americano.

Quando o atleta Cornelius Johnson (também negro) conquistou a medalha de ouro na prova de salto em altura, Hitler, presente no Estádio de Berlim, se recusou a descer da tribuna para prestar os cumprimentos aos medalhistas. A partir daí, se iníciou o feito de Jesse Owens. O atleta venceu os 100 e os 200 metros rasos, o revezamento dos 400 metros, e o salto em distância, em sequência. Quatro medalhas de ouro. O feito foi tão grande, que o medalhista foi reverenciado por todas as nações, incluindo os Alemães. Principalmente os mais jovens. O que provocou a fúria dos líderes do regime.

Considerado o primeiro "mito" do atletismo mundial, a carreira de Jesse Owens foi curta. Prodígio, o esportista teve uma ascensão meteórica. Três anos antes de disputar as olímpiadas, o atleta ganhou 75 das 79 provas que competiu. Foi recordista mundial de 100 jardas com o íncrivel tempo de 9s40'. Após o feito, se viu disputado por Universidades. Mas, apesar disso, a carreira de Owens teve muitos obstáculos. Além do racismo que o jovem era obrigado a enfrentar diariamente, já que tinha que dormir em outro local, junto outros jovens negros, onde precisavam cozinhar para se alimentar. Também trabalhava para ajudar sua família, era ascensorista. Sem direito a lazer, sua diversão era treinar nas horas vagas. Estudava sempre no elevador, em seu emprego, quando dava.

Após a grande conquista na olimpíada, na volta para seu país, o atleta não foi recebido pelo então presidente Franklin Delano Rooselvet. Em sua biografia, Owens conta que se sentiu magoado com a conduta do Presidente, que não o convidou para ir à Casa Branca. Sequer parabenizou o medalhista. Mas isso fez o campeão se sentir "vingado". No livro, fez questão de deixar claro que além de "derrotar" o regime Nazista, pode refutar o pensamento racista da própria sociedade americana na época. O que para ele já era uma grande vitória.

De qualquer maneira, Jesse Owens marcou seu nome para sempre na história do esporte mundial. O dormitório do medalhista nos Jogos de Berlim, se tornou um museu, com imagens de suas conquistas. Em 2012, na inauguração do "Hall da fama" da Associação Internacional de Atletismo (IAAF), o esportista estava na lista dos primeiros a serem homenageados. O legado que o atleta olímpico deixou, ultrapassa a conquista de medalha. É de caráter social. Owens ensinou que nada é impossível, por mais que hajam dificuldades é importante persistir em busca do objetivo a ser conquistado. Onde através do esporte é possível mobilizar o mundo, desfazer preconceitos e carregar consigo um orgulho que poucos conseguem. 

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Sobre o autor
Felipe Targino
Carioca, 23 anos. Fã de música e futebol. com objetivo de ser Jornalista Esportivo