Lauro Cesar Chaman nasceu com o pés esquerdo virado para trás. Foram várias as cirurgias que fez, ainda pequeno, para corrigir o problema e, por causa delas, perdeu o movimento do tornozelo e sua canela atrofiou. Ele nunca se importou com isso. Ria com os amigos de sua situação. Não ligava para as piadas que ouvia na infância. Hoje tem uma tatuagem imitando sua pele rasgada, exibindo uma perna mecânica. 

Chaman sempre andou de bicicleta com os amigos e a usava para ir à escola ou ao mercado. Uma vez, participou de uma prova de Mountain Bike. Foi assim que percebeu que o caminho era o ciclismo e começou a competir. 

Em 2006, com 18 anos, Lauro sofreu uma perda que ser humano nenhum espera passar na vida: sua filha, de apenas quatro meses, faleceu com uma bronqueolite. A tragédia o afastou da estrada por um ano e meio. Então percebeu que era hora de voltar, que não adiantava questionar o porquê das coisas acontecerem como acontecem; a vida tinha de seguir, e o ciclismo daria a ele a força necessária para isso

Lauro conquistou títulos significativos, como vice-campeonatos em Copas do Mundo e Mundiais de Ciclismo, mas o sonho do ouro chegou apenas em 2015, nos Jogos Para-Panamericanos de Toronto. O brasileiro conquistou a medalha dourada na estrada com o tempo de 1h58min07.

Um ouro Panamericano é voar alto. Mas Lauro não só queria como, certamente, merecia algo a mais. E foi na tarde desta quarta-feira (14) que ele chegou lá. Na prova do contrarrelógio da classe C4 do Ciclismo de Estrada, o brasileiro chegou ao seu primeiro pódio paralímpico, com a medalha de bronze, no tempo de 37min37s43.

Lauro chegou muito perto da mesma marca na Perseguição Individual no Ciclismo de Pista, no último sábado (10), terminando a prova na quarta colocação. 

O ciclismo, principalmente paralímpico, é um esporte que não tem tanto apoio no Brasil. As últimas conquistas de Lauro são um passo gigante para a visibilidade da modalidade no país.