Há algumas semanas, a Nissan apresentou o revolucionário GT-R LM Nismo com o qual participará da temporada 2015 do WEC e das 24 horas de Le Mans. Com suas características nada convencionais, o LMP1 nipônico promete fazer frente aos poderosos R18 e-tron quattro, TS040 Hybrid e 919 Hybrid.

O GT-R LM da Nismo é equipado com um motor frontal V6 bi-turbo 3.0 litros com injeção direta que gera 500cv, com tração dianteira. A última vez que se viu um bólido de corridas com motor na frente foi no fim da década de 90, o Panoz Esperante GTR-1. Tal configuração, para corridas, não aparenta ser a melhor escolha, já que motores dianteiros podem afetar na distribuição de peso do carro.

Sendo assim, carros com mais peso na frente tendem a sair mais de traseira. Com mais peso atrás, o efeito é contrário. Já a tração dianteira, “foge completamente da lógica das corridas”, pois os carros saem demais de frente, e isso acaba afetando o desempenho dos carros em curvas de alta velocidade, por exemplo. Porém, a Nissan optou por colocar pneus mais largos na frente (355 mm) do que atrás (230 mm).

Através disso, o carro terá mais tração, aderência e estabilidade do que caso tivesse todos os pneus com as mesmas dimensões. A altura das rodas também é bastante peculiar, com 14” nas dianteiras e 9” nas traseiras, permitindo acelerações eficientes.

Outra característica do GT-R LM é a potência oriunda de um eficiente sistema de recuperação de energia cinética (KERS), capaz de produzir 750cv, totalizando 1250cv.  No início do desenvolvimento, essa unidade de potência era capaz de produzir 2000cv, porém reduziram para os 1250cv a fim de priorizar a confiabilidade. Tal potência também é resultada da capacidade de armazenamento do KERS que é quatro vezes maior que a do Audi R18.

Porém, caso haja uma pane no sistema KERS em Le Mans, de acordo com a Nismo, o carro ficaria 7 segundos mais lento por volta, e a única forma de voltar a andar rápido é desmontando e trocando todo o sistema de recuperação por um novo.

A Nismo trabalhou para que o conjunto Motor e KERS pudessem trabalhar de distintas formas, de acordo com as mudanças dinâmicas de uma corrida – desgastes de pneus e freios, mudanças de temperatura, clima. O GT-R LM poderá correr apenas usando o V6 biturbo movendo as rodas dianteiras, mas também poderá usar o V6 Turbo e o KERS que poderá mover ou as rodas dianteiras ou traseiras, nesse último caso como um carro de tração integral.

Esses “detalhes” trarão várias vantagens em várias situações ao longo das provas, proporcionando maior tempo de pista que seus concorrentes, quer seja por economia de pneus ou de combustível.

A aerodinâmica influenciará bastante no desempenho do GT-R já que ele tem muitos espaços vazios. Um dos porquês é a posição dos radiadores que não é nas laterais do cockpit, como acontece no R18, 919 e TS040, mas sim na dianteira do carro, e os escapes e os turbos, localizados em posição elevada na frente do para-brisa. Portanto, o ar circula livremente pelas laterais, que são verdadeiros túneis, e é direcionado ao difusor traseiro, com menos arrasto possível.

A Nissan aproveitou-se perfeitamente do regulamento LMP1 do WEC, que permite maior liberdade para desenvolver novas tecnologias, e ingressa no Mundial de Endurance revolucionando e “contradizendo” vários conceitos de carros de corridas enraizados no decorrer do tempo. Só veremos se essas apostas nada convencionais darão bons resultados no decorrer de 2015.