Nesta sexta-feira (17), o pior aconteceu, e a morte voltou a assolar o mundo da Fórmula 1. Em um comunicado oficial, foi confirmado pela família o falecimento do francês Jules Bianchi, que lutava pela vida desde outubro de 2014. No dia 5 daquele mês, durante a 43ª volta do Grande Prêmio do Japão, em Suzuka, Jules rodou na curva 7, debaixo de muita chuva, e acertou um guindaste, que retirava a Sauber do alemão Adrian Sutil, que havia rodado no mesmo ponto momentos antes.

O então piloto da Marussia foi levado ao Hospital Geral de Mie, no Japão, com lesões graves na cabeça, entre elas uma lesão axonal difusa (LAD), que segundo pesquisas da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, a qual analisou o caso na época, 90% dos pacientes que possuem LAD ficam em coma definitivo, e 33% morrem. Depois, Jules foi transferido para o Hospital de Nice, na França, onde moram os familiares.

Depois de várias correntes de apoio vindas de todo mundo, a esperança ainda foi sendo mantida, mas sucumbiu com o anúncio oficial da morte. É a primeira vez desde o óbito de Ayrton Senna no Grande Prêmio de San Marino de 1994, em Ímola, que um piloto morre em um acidente na pista. Bianchi, de apenas 25 anos de idade e uma longa carreira pela frente, era considerado um "potencial campeão do mundo". O francês era piloto da Academia de Jovens da Ferrari, e muitos rumores o colocavam na Scuderia após a saída de Kimi Räikkönen, que tem contrato encerrado justamente neste ano.

"É com uma profunda tristeza que os parentes de Jules Bianchi, Philippe e Christine, seu irmão Tom e sua irmã Mélanie, informam que Jules faleceu na última noite no Centre Hospitalier Universitaire (CHU), em Nice (França), onde ele estava depois do acidente do dia 5 de outubro de 2014, no Circuito Internacional de Suzuka, durante o Grande Prêmio do Japão", disse o comunicado oficial da família de Bianchi. "Jules lutou até o fim, como ele sempre fez, mas hoje a sua batalha veio ao fim. A dor que sentimos é imensa e indescritível. Gostaríamos de agradecer a toda a equipe médica no CHU em Nice, que cuidou dele com amor e dedicação. Também queremos agradecer à equipe no Centro Médio Geral em Mie (Japão), que cuidou dele imediatamente após o acidente, assim como os outros médicos que cuidaram dele nos últimos meses", acrescenta a família.

"Também queremos agradecer aos colegas, amigos e fãs de Jules, e todos que demostraram seu afeto por ele nos últimos meses, o que nos deu muita força e nos ajudou a lidar com situações difíceis. Ouvir e ler a todas as mensagens nos fez perceber o quanto Jules tocou os corações e mentes de tantas pessoas pelo mundo. Também gostaríamos de pedir respeito à nossa privacidade nesse momento difícil, enquanto tentamos lidar com a perda de Jules", completa o comunicado.

Jules Bianchi sempre foi um dos pilotos mais promissores de sua geração. Em 2007, ele foi campeão da Fórmula Renault 2.0. Já em 2009, ele levou a Fórmula 3 Euro Series, e em 2011 foi para a principal categoria de acesso à F1, a GP2. Depois de ser terceiro naquela temporada e ficar em segundo na Fórmula Renault 3.5 em 2012, ele foi para a F1 em 2013, graças ao apoio da Ferrari, que o deu uma vaga na pior equipe do grid, a Marussia.

Em dois anos correndo ao lado do inglês Max Chilton, ele sempre se destacou, chegando com vantagem à sua frente nos dois anos juntos. Bianchi fez história por bons motivos em 2014: depois de cinco anos, a Marussia pontuou pela primeira vez com ele, após um nono lugar no Grande Prêmio de Mônaco. Quando tudo indicava que ele poderia avançar e ir para uma equipe que o desse condições maiores de pontuar, veio o fatídico acidente no Japão.

Em dezembro de 2014, a FIA (Federação Internacional do Automobilismo) chegou a divulgar um relatório sobre o acidente, concluindo que falhas do carro da Marussia e do próprio Bianchi causaram a batida. Com isso, se encerra o longo jejum de 21 anos, dois meses e 17 dias sem uma morte de um piloto de F1 com acidente na pista, desde os falecimentos de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger em Ímola, 1994.

Acidente fatal de Jules Bianchi foi no GP do Japão de 2014, em Suzuka, no dia 5 de outubro (Foto: Getty Images)
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Sobre o autor
Eduardo Costa
Fã de quase todos os esportes, e sofrendo com todos os seus times neles. Dissertando um pouco sobre Fórmula 1, futebol inglês e futebol alemão.