Durante os seus anos de glória na Fórmula 1, a Red Bull teve como um de seus grandes trunfos o motor da Renault. A montadora francesa, que fornece motores para a equipe austríaca desde 2007, esteve presente no período de dominância da escuderia, entre 2010 e 2013, quando ela conquistou quatro títulos de pilotos (todos com Sebastian Vettel) e de construtores seguidos. Porém, as coisas não continuaram tão perfeitas assim.

Após a adoção dos motores V6 turbo, em 2014, a Red Bull não conseguiu nem ao menos chegar perto dos desempenhos de anos anteriores. Além disso, foram muitas críticas e cobranças explícitas por parte da equipe austríaca para com sua fornecedora, o que colocou em xeque a parceria outrora vitoriosa. O time chegou a procurar Ferrari e Mercedes para lhe fornecerem motores, mas recebeu respostas negativas em ambos os casos.

Além de ter que manter uma relação que anda desgastada com os últimos acontecimentos, a grande notícia mais recente da Fórmula 1 causou surpresa: a Renault comprou a agora ex-equipe Lotus, e terá uma escuderia própria na categoria pela primeira vez desde 2010. Com isso, a possibilidade da marca francesa focar no desenvolvimento dos motores de seu time e acabar deixando de lado as unidades de sua principal cliente tornou-se algo bastante próximo. Porém, um dos homens fortes da Red Bull garantiu que isso não vai acontecer.

Em entrevista ao jornal austríaco Salzburger Nachrichten nesta sexta-feira (29), Helmut Marko, ex-piloto e atual consultor da equipe tetracampeã do mundo, disse que a Renault deveria focar no desenvolvimento de motores em 2016. Segundo ele, o motivo é bem simples: os franceses não ganharão “absolutamente nada” no ano de retorno à F1.

Temos um contrato, e ele protege ambos dois lados. Mas, quando eu vejo o que era a Lotus (Renault em 2016), se eles (Renault) fossem espertos, deveriam concentrar os esforços de desenvolvimento do motor em nós. Com esse staff e esses pilotos, a equipe deles não vai ganhar absolutamente nada”, disparou.

Além disso, Marko comentou o atual regulamento da Fórmula 1, afirmando que ele é muito restrito, com poucas possibilidades de inovações. Assim, segundo o consultor, se nenhuma mudança maior foi feita, a Mercedes deve dominar o campeonato tranquilamente, algo que já faz desde 2014.

Se nada mudar, continuaremos a ver a habitual hegemonia da Mercedes. O regulamento atual é tão restrito, tão fechado, que é difícil surgir algo que seja inovador, surpreendentemente novo”, complementou.

Para 2016, a Red Bull manterá a sua dupla de pilotos do ano passado: o australiano Daniel Ricciardo e o russo Daniil Kvyat. Já na Renault, a situação anda complicada. A equipe havia confirmado os dois pilotos já anunciados anteriormente pela Lotus, o britânico Jolyon Palmer e o venezuelano Pastor Maldonado. Porém, o possível fim do patrocínio gigantesco da petrolífera estatal da Venezuela (PDVSA) a este último pode encerrar sua passagem pela Fórmula 1, abrindo as portas para a possível chegada do dinamarquês Kevin Magnussen, ex-McLaren.