O mundo da Fórmula 1 foi tomado por uma notícia chocante nesta sexta-feira (2). Nico Rosberg, nada menos que o atual campeão mundial da categoria, decidiu anunciar via redes sociais a sua aposentadoria de forma imediata, já a partir da próxima temporada. O alemão conquistou seu primeiro título no último domingo (27/11), com o segundo lugar no Grande Prêmio de Abu Dhabi, e anunciou que deixa a F1 logo após realizar o grande sonho.

O piloto de 31 anos declarou em suas redes sociais que entende a decisão como correta após realizar seu grande sonho, e agradeceu a todos que o ajudaram, em especial a esposa, Vivian, com quem tem uma filha de um ano e três meses. “Com 25 anos no automobilismo, esse sempre foi meu sonho, de ser campeão mundial de Fórmula 1. Com trabalho duro, dor e sacrifícios, essa sempre foi minha meta. E agora eu consegui. Escalei minha montanha, estou no topo, então para mim isso parece certo. Minha emoção mais forte agora é uma profunda gratidão a todos que me apoiaram a fazer esse sonho virar realidade. Essa temporada foi muito difícil. Eu apertei feito louco em todas as áreas após as decepções dos últimos dois anos, e eles me motivaram a níveis que eu nunca experimentei antes”, disse Rosberg.

E claramente isso teve impacto naqueles que eu amo – foi um sacrifício de toda a família, colocando tudo atrás de nossa meta. Eu não consigo encontrar palavras para agradecer a minha esposa, Vivian; ela foi incrível. Ela entendeu que esse ano era o grande ano, nossa oportunidade, e me deu o espaço para me recuperar completamente entre cada corrida, cuidando da nossa filha toda noite, ajudando quando as coisas estavam difíceis e colocando o campeonato em primeiro lugar”, acrescentou.

Rosberg encerra sua carreira após ser campeão mundial (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Rosberg encerra sua carreira após ser campeão mundial (Foto: Clive Mason/Getty Images)

Rosberg também afirmou que começou a pensar no momento de aposentar após a vitória no GP do Japão, em outubro. Após a vitória em Suzuka, ele passou a ter uma vantagem de 30 pontos sobre seu grande rival na disputa, Lewis Hamilton, diferença que o permitiu ser campeão sem mais ganhar até o fim do ano. O piloto do #6 disse que a decisão foi tomada definitivamente na última segunda-feira (28), dia seguinte após sua conquista do título em Abu Dhabi, e que após comunicá-la ao chefe da Mercedes, Toto Wolff, recebeu total apoio por parte do mesmo. Por fim, ele não deixou claro o que fará da vida a partir de 2017, ressaltando que irá ver o que o futuro lhe reserva.

Quando eu ganhei a corrida em Suzuka e percebi que o destino do título estava nas minhas mãos, a pressão aumentou ainda mais e eu comecei a pensar em terminar minha carreira na F1 se me tornasse campeão. No domingo de manhã em Abu Dhabi, eu sabia que aquela poderia ser minha última corrida e isso clareou minha cabeça antes da corrida. Eu queria aproveitar cada parte da experiência, sabendo que aquela poderia ser a última... e quando as luzes se apagaram, eu tive as 55 voltas mais intensas da minha vida. Eu tomei a decisão na segunda à tarde. Depois de refletir o dia inteiro, falei sobre isso com a Vivian e o George (Nolte, de sua equipe pessoal), e depois com o Toto (Wolff)”, disse Nico.

A única coisa que torna essa decisão difícil em qualquer sentido para mim é que eu estou colocando minha família das corridas em uma situação difícil. Mas o Toto entendeu. Ele sabia que eu estava completamente convencido disso e me apoiou. Minha realização mais orgulhosa na carreira sempre será ter ganho o campeonato com essa incrível equipe das Flechas de Prata. E agora eu só quero aproveitar. Agora terei tempo para refletir no que aconteceu e sentir todas as experiências que me vierem. Depois disso, farei a próxima curva na minha vida e ver o que o futuro traz para mim...”, encerrou.

Nico agradeceu ao apoio incondicional da esposa Vivian e da equipe Mercedes (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Nico agradeceu ao apoio incondicional da esposa Vivian e da equipe Mercedes (Foto: Clive Mason/Getty Images)

Nico Rosberg deixa a Fórmula 1 após 11 temporadas, por apenas duas equipes diferentes: Williams e Mercedes. O alemão venceu a primeira temporada da história da GP2 (principal categoria de acesso à F1) em 2005 e estreou na categoria máxima pela equipe de Frank Williams no ano seguinte, defendendo suas cores por quatro anos. Seus melhores resultados em Grove foram dois pódios, ambos em 2008 – segundo lugar em Cingapura e terceiro na Austrália.

Em 2010, ele se transferiu para a Mercedes, que voltava à F1 como equipe própria após 45 anos. Rosberg foi ofuscado inicialmente pela volta do maior campeão da história, Michael Schumacher, que seria seu companheiro por três anos. Mas diferente do que todos imaginavam, Nico não teve dificuldades para batê-lo em todas as oportunidades e ainda venceu sua primeira corrida, na China, em 2012.

Em 2013, ele passou a ter um novo companheiro de equipe, Lewis Hamilton, que veio a peso de ouro da McLaren. Os dois eram grandes amigos de infância, mas a partir de 2014, com a troca radical de regulamento e a implantação dos motores V6 turbo, a Mercedes passou a dominar a categoria, e o que era uma amizade virou uma guerra pelo título mundial. O inglês conseguiu duas conquistas, em 2014 e 2015, e o alemão teve a sua vitória em 2016, logo antes de anunciar a aposentadoria. Ele tinha ainda mais dois anos de contrato pela equipe tricampeã mundial de construtores, mas acabou desistindo da ideia de continuar.

Rosberg conquistou 23 vitórias, 57 pódios, 30 pole-positions e 20 voltas mais rápidas em 206 Grandes Prêmios disputados. Ele também conseguiu o feito de ser filho de pai campeão mundial e também conquistar uma taça (seu pai, Keke Rosberg, foi campeão em 1982), feito anteriormente apenas atingido pela família HillGraham venceu em 1962 e 1968 e Damon em 1996.

Keke (esq.) e Nico (dir.): campeões mundiais da família Rosberg (Foto: Andrew Hone: Getty Images)
Keke (esq.) e Nico (dir.): campeões mundiais da família Rosberg (Foto: Andrew Hone: Getty Images)