Os 16 maiores atletas da Rio 2016

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016 chegaram ao fim. E vão deixar saudades. Os 19 dias de competição renderam histórias memoráveis, consagraram diversos atletas e ficarão eternamente guardados na memória dos torcedores.

Para a VAVEL Brasil, estes foram os 16 atletas mais significativos da Rio 2016:

1 - Michael Phelps (Estados Unidos)

Na Olimpíada do Rio de Janeiro, o nadador Michael Phelps conquistou seis medalhas, sendo cinco de ouro e uma de prata, e chegou a 28 medalhas no total.

Graças aos oito ouros em Pequim 2008, Phelps se tornou o atleta com mais medalhas de ouro em uma única edição de Olimpíada. Quatro anos mais tarde, em Londres, sagrou-se o mais medalhado da história dos Jogos. Na Rio 2016, foi mais além: com a vitória na final dos 200m medley, chegou à sua 13ª medalha individual e quebrou um espantoso recorde de 2168 anos - no ano 152 a.C., o maratonista grego Leônidas de Rodes, considerado o maior atleta da Antiguidade, atingiu a marca de 12 medalhas de ouro individuais.

O norte-americano quase não veio ao Rio. Chegou a anunciar a aposentadoria em 2012, mas viu sua vida virar de cabeça para baixo após a Olimpíada de Londres. Afundou-se no vício do álcool e na depressão. Chegou a ser condenado a um ano de prisão no seu Estado natal, Maryland, por dirigir embriagado, período que só foi possível porque ele se assumiu como culpado.

A volta por cima começou com um tratamento de 45 dias em uma clínica de reabilitação no Arizona. Ali recuperou a vontade de viver. Mais tarde, desistiu da aposentadoria e retornou às águas.

Depois do ótimo desempenho em solo brasileiro, Michael Phelps anunciou sua aposentadoria - agora é para valer, garantiu. Ele sai das piscinas e entra para a História. Já é considerado o maior atleta do século XXI por muitos amantes do esporte.

Foto: Getty Images
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2 - Usain Bolt (Jamaica)

O velocista Usain Bolt assustou o planeta ao sentir dores na coxa esquerda durante a seletiva jamaicana para a Rio 2016. Ele abandonou a prova e sua presença na Olimpíada foi colocada em risco. Sem perder tempo, o atleta iniciou um tratamento para a sua lesão muscular. Há de se confessar que os Jogos perderiam um pouco de sua graça sem o raio mais famoso do mundo.

Beneficiado por uma regra da Associação Administrativa de Atletismo da Jamaica (JAAA), que permite a convocação de um competidor desde que ele comprove a lesão durante o processo seletivo para a Olimpíada e sua aptidão para disputar os Jogos, Bolt veio ao Brasil.

E o Estádio Olímpico Nilton Santos foi palco do fortalecimento de uma lenda olímpica. Usain Bolt conquistou o tricampeonato olímpico nas provas de 100m, 200m e revezamento 4x100m. Chegou a nove ouros em três Olimpíadas. Somando essas conquistas aos onze títulos mundiais, não restam dúvidas de que Bolt está entre os maiores desportistas da História. Durante os Jogos do Rio, ele declarou que deseja ficar no mesmo patamar do brasileiro Pelé, eleito o maior atleta do século XX e apontado por muitos como o maior jogador de futebol de todos os tempos, e do norte-americano Muhammad Ali, um grande boxeador que, além das inúmeras vitórias nos ringues, foi um grande militante da causa negra nos EUA.

Assim como Phelps, Bolt também se despediu dos Jogos Olímpicos em terras cariocas.

Foto: Getty Images
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3 - Simone Biles (Estados Unidos)

A Olimpíada do Rio de Janeiro não foi apenas o fortalecimento de nomes sagrados do esporte. Também foi palco do surgimento de um fenômeno: a ginasta Simone Biles. Dona de catorze medalhas em campeonatos mundiais de ginástica artística (10 de ouro, duas de prata e duas de bronze), a norte-americana encantou o mundo em sua primeira Olimpíada.

No Rio, Biles adquiriu mais cinco medalhas para a sua coleção. Apresentações impecáveis lhe renderam o ouro no salto, no solo, no individual geral e no geral por equipes. Na trave de equilíbrio, mostrou sua condição humana e ficou com o bronze. Durante e depois da prova. Com a medalha de bronze já garantida, a estadunidense falou que não era ela quem merecia o prêmio. Para ela, o bronze deveria ir para a brasileira Flávia Saraiva, uma das grandes sensações da Olimpíada: "Honestamente, pensei que a medalha iria para a Flávia. Ela foi tão bem na trave. Achei que ela merecia". Humana em essência.

Considerando que Simone Biles tem 19 anos, ainda podemos ser recompensados com sua presença e seus desempenhos em várias outras Olimpíadas.

Foto: Reuters
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4 - Kaori Icho (Japão)

Primeira mulher na História a ganhar a medalha de ouro em provas individuais em quatro edições consecutivas dos Jogos Olímpicos, única atleta tetracampeã da luta olímpica e primeira atleta japonesa a subir ao topo do pódio quatro vezes nos Jogos. Esta é Kaori Icho, mais uma lenda olímpica que encheu os olhos do mundo no Rio.

Em 14 anos de carreira, Icho foi derrotada apenas três vezes. O último revés foi em janeiro deste ano, frente à mongol Orkhon Purevdorzh no Golden Grand Prix Ivan Yarygin 2016. Antes dessa derrota, estava invicta desde 2003.

Além do tetra olímpico, é detentora de 10 títulos mundiais. A última consagração se deu em Las Vegas, nos Estados Unidos, ano passado.

Em Atenas, Pequim e Londres, a lutadora ganhou o ouro na categoria até 63 quilos. No Rio de Janeiro, saiu vitoriosa na categoria até 58 quilos.

Foto: AFP
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5 - Teddy Riner (França)

Mais um atleta que conheceu poucas derrotas em sua carreira. O último revés do judoca Teddy Riner se deu em 13 de setembro de 2010, para o japonês Daiki Kamikawa, na final do campeonato mundial, em Tóquio. Desde então, o francês emplacou mais de 100 vitórias consecutivas. A última veio contra o também japonês Hisayoshi Harasawa, na decisão olímpica da categoria acima de 100 quilos.

Esta foi a segunda medalha de ouro de Riner em Olimpíadas. Ele também fez o hino da França ser executado na cerimônia de premiação em Londres 2012. Em Pequim 2008, ficou com o bronze.

Conhecido como "Big Ted" por ser alto e forte, Teddy Riner, que é natural do departamento ultramarino francês de Guadalupe, também acumula oito títulos mundiais e cinco títulos europeus. Sem dúvidas, um fenômeno. 

Foto: Getty Images
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6 - Katie Ledecky (Estados Unidos)

Falamos que a ginasta Simone Biles é uma jovem atleta que promete nos dar muitas outras alegrias em Jogos seguintes. Com a nadadora Katie Ledecky não é diferente. Com apenas 18 anos de idade, ela já quebrou nada mais nada menos que 13 recordes mundiais.

Sua primeira participação em uma competição de grande porte foi logo a Olimpíada de Londres 2012. E o início foi em grande estilo, com uma medalha de ouro nos 800m. Posteriormente, mais vitórias vieram: quatro ouros no Campeonato Mundial de 2013, cinco ouros nos Jogos Pan-Pacíficos de 2014 e cinco ouros no Campeonato Mundial de 2015.

Na Rio 2016, Ledecky novamente se mostrou uma atleta altamente competitiva. Além de quebrar dois recordes olímpicos e dois recordes mundiais, conquistou quatro ouros e uma prata. A natação ganha mais um fenômeno.

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7 - Katinka Hosszú (Hungria)

Katinka Hosszú mostra que os EUA não são o único país que faz bonito na natação. Com os três ouros (100m costas, 200m medley e 400m medley) e a prata (200m costas) conquistados na Rio 2016, a húngara de 27 anos agora coleciona 60 medalhas em sua carreira: 37 de ouro, 15 de prata e 10 de bronze. Números monstruosos.

A atleta não é acostumada somente com títulos. Ela também vive quebrando recordes. Só nesta Olimpíada quebrou três: sendo um mundial (4:26.36 nos 400m medley) e dois olímpicos (2:07.45 na fase classificatória e 2:06.58 na final dos 200m medley). Isso mesmo, ela bateu o próprio recorde na mesma competição.

O amor ajuda Hosszu a quebrar recordes nas piscinas: ela é treinada por Shane Tusup, seu marido. Conhecido por formar jovens talentos na natação, Tusup treina sua amada desde 2012, depois que ela ficou sem medalha em Londres e decidiu trocar de técnico - Dave Salo era o comandante -, e vem sendo importante para sua consolidação no esporte.

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8 - Isaquias Queiroz (Brasil)

Até este ano, a canoagem brasileira nunca havia conquistado uma medalha em Olimpíadas. Nas águas cariocas vieram logo três, sendo duas de prata e uma de bronze. O ponto em comum foi Isaquias Queiroz. De origem humilde, o baiano de Ubatuba era a grande esperança do País para a modalidade, tendo em vista que vinha de outras tantas conquistas.

A lista é mesmo extensa: ouro na prova C-1 200m e prata na  C-1 500m no Campeonato Mundial Júnior de Brandemburgo, na Alemanha, em 2011; ouro na C-1 500m e bronze na C-1 1000m no Campeonato Mundial de 2013, em Duisburgo, também na Alemanha, em 2013; ouro na C-1 500m e bronze na C-2 200m no Mundial de 2014, em Moscou, na Rússia; ouro na C-2 1000m e bronze na C-1 200m no Mundial de Milão, na Itália, em 2015.

Na Rio 2016, foi prata na categoria C-1 1000m e bronze na C-1 200m. Em dupla com o conterrâneo Erlon Silva, de Ubatuba, na C-2 1000m, colocou outra medalha de prata no peito. E a História foi feita: Isaquias se consagrou como o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas numa mesma Olimpíada. Vale lembrar: ele tem apenas 22 anos.

Certamente o alto rendimento foi determinante para que ele carregasse a bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos. Não há como negar o merecimento.

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9 - Rafaela Silva (Brasil)

O Time Brasil é novamente representado em nossa lista. Agora, pela judoca Rafaela Silva. Criada na favela da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, a carioca conheceu o judô através do Instituto Reação, do ex-judoca Flávio Canto, campeão pan-americano em Santo Domingo 2003 e bronze olímpico em Atenas 2004. Ali encontrou Geraldo Bernardes, que viria a ser seu treinador.

Promissora, Rafaela, que compete na categoria até 57 quilos, foi crescendo pouco a pouco na carreira. Em 2011, foi vice-campeã mundial em Paris e terceira colocada no Pan-Americano de Judô em Guadalajara. Um ano depois, conquistou o Pan de Judô em Montreal. Foi à Olimpíada de Londres como cotada ao pódio. Entretanto, o sonho foi interrompido ainda na segunda fase, por uma polêmica decisão dos juízes - Rafaela foi eliminada com um golpe ilegal da húngara Kedvig Karakas. Viu sua autoestima ir abaixo com declarações racistas nas redes sociais. Conviveu com a depressão. Mas venceu o Mal do Século.

Leia também: Rafaela Silva supera racismo e depressão para conquistar o ouro olímpico na Rio 2016

Um ano depois, lá estava a garota da Cidade de Deus conquistando o ouro no Pan de Judô, em San José, e no Mundial, no Rio de Janeiro - parecia um presságio do que aconteceria em 2016. Também no Rio 2013, adquiriu a prata por equipes.

No Pan de Judô de 2014, em Guayaquil, ficou com a prata, mesmo resultado da edição de Edmonton 2015 - em Havana 2016, foi bronze. Também em 2015, foi bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e ouro nos Jogos Mundiais Militares de Mungyeong (individual e equipes).

Quis o destino que a redenção de Rafaela Silva em Olimpíadas viesse em sua terra natal. O Rio de Janeiro viu uma das maiores judocas da história brasileira rumar ao ponto mais alto do pódio. Rafaela conquistou a medalha de ouro ao bater a mongol Dorjsürengiin Sumiyaa na decisão. Vale lembrar que no meio do caminho ela venceu a revanche contra a mesma Hedvig Karakas, seu algoz em 2012.

Foi o primeiro dos sete ouros do Brasil na Rio 2016.

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10 - Mônica Puig (Porto Rico)

Um medalhista olímpico pode ser considerado um herói nacional. No caso da tenista porto-riquenha Mônica Puig, esse dilema ganha mais força. A jovem de 22 anos foi, simplesmente, a primeira atleta "dourada" da história da delegação do território que é associado aos EUA mas tem sua própria delegação esportiva.

Esta foi, também, a terceira medalha olímpica da história de Porto Rico. O boxeador Luis Ortiz fora prata em Los Angeles 1984, mesmo desempenho de Jaime Espinal, da luta olímpica, em Londres 2012.

Não foram poucas as seduções para defender a toda poderosa delegação dos Estados Unidos. Mas a tenista resistiu e preferiu defender suas origens.

No Rio, Puig passou pela eslovena Polona Hercog (6-3 e 6-2), pela russa Anastasia Pavlyuchenkova (6-3 e 6-2), pela espanhola Garbiñe Muguruza (6-1 e 6-1), pela alemã Laura Siegemund (6-1 e 6-1) e pela tcheca Petra Kvitova (6-4, 1-6 e 6-3), até superar a alemã Angelique Kerber na grande decisão (6-4, 4-6 e 6-1).

A porto-riquenha dedicou o inédito título às mulheres latinas. "Representar a América Latina é uma honra para mim. É um exemplo para todas as mulheres latino-americanas, que elas podem tudo que quiserem. Basta acreditar nos seus objetivos e encontrar uma maneira de atingi-los", disse em coletiva de imprensa.

Mônica Puig ocupa a 35ª posição no ranking mundial - iniciou a temporada em 92º. A melhor posição de sua carreira veio no mês passado: 33ª. Rankings à parte, ela, no Brasil, foi a primeira.

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11 - Ibtihaj Muhammad (Estados Unidos)

A esgrimista Ibtihaj Muhammad, da categoria sabre individual, não precisou de medalha para fazer história na Rio 2016. Ela se tornou a primeira mulher norte-americana a competir com a hijab, o véu que as seguidoras do Islamismo usam, em uma Olimpíada.

Para se ter ideia da importância em torno desse feito, ele ocorre em meio à crescente intolerância contra a comunidade muçulmana nos EUA, expressa por pessoas públicas como o candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu "deportar todos os muçulmanos" do país caso seja eleito. A hostilidade acontece devido ao extremismo do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e a episódios chocantes como o ataque a uma boate LGBT em Orlando, na Flórida, que deixou 50 mortos e foi praticado por um conservador de origem islâmica.

Nos Jogos, Muhammad estreou já na segunda rodada e eliminou a ucraniana Olena Kravatska. Na fase seguinte, foi despachada pela francesa Cecilia Berder.

Em coletiva de imprensa, a atleta explicou que escolheu a esgrima por se tratar de um esporte no qual a hijab se assemelha ao uniforme dos competidores. "Eu queria um esporte em que eu não parecesse diferente", explicou a norte-americana, que já tentou jogar voleibol, softbol e tênis.

Ela quer deixar um legado forte para as próximas gerações. "Muitas pessoas acham que mulheres muçulmanas não têm voz ou não praticam esporte. "Não quero desafiar o desconhecimento apenas fora da comunidade muçulmana, mas dentro também. Quero quebrar as regras e mostrar às garotas que é importante ter voz, que é importante praticar esporte", sublinhou.

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12 - Thiago Braz (Brasil)

Seis metros e três centímetros. Thiago Braz foi às alturas, no sentido mais denotativo da expressão. Conquistou a torcida no Estádio Olímpico Nilton Santos, quebrou o recorde olímpico e faturou a medalha de ouro. O francês Renaud Lavillenie, campeão em Londres 2012 e seu adversário na decisão, não acreditou quando viu.

Braz foi mais um brasileiro a superar uma vida difícil para ser campeão olímpico. Abandonado pelos pais biológicos, foi criado pelos avós, a quem os chama de "mãe" e "pai". Thiago conheceu o salto com vara aos 14 anos, no Clube dos Bancários de Marília, sua cidade natal. Desde então, somou resultados expressivos na modalidade: ouro no Campeonato Sul-Americano da Juventude 2010 em Medellín, no Pan-Americano Júnior 2011 em Miramar, no Campeonato Mundial Júnior 2012 em Barcelona, no Campeonato Sul-Americano 2013 em Cartagena, no Meeting de Leverkusen 2013 e no ISTAF Indoor 2015 em Berlim; prata nos Jogos Olímpicos da Juventude 2010 em Cingapura e no Campeonato Sul-Americano Júnior 2013 em Medellín.

Do abandono dos pais ao topo olímpico: Thiago Braz e a caminhada à medalha de ouro

O ouro na Rio 2016 foi sua consagração máxima. Thiago Braz segue colhendo frutos no seu trabalho, e não quer parar por aí. Tem 22 anos.

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13 - Feyisa Lilesa (Etiópia)

Ao passar pela linha de chegada no último dia dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o maratonista etíope Feyisa Lilesa terminou a prova na segunda colocação - o vencedor foi o queniano Eliud Kipchoge. Hora oportuna para festejar e expressar o amor pela pátria. Mas o africano aproveitou o momento para cruzar os punhos sobre a cabeça, uma manifestação contra a crise política e social pela qual a Etiópia passa.

Conflitos entre as forças governamentais e o povo da região de Oromia, onde Lilesa nasceu, ocorrem desde novembro do ano passado. Em novembro do ano passado, o governo etíope divulgou um projeto urbanístico para ampliar a capital federal, Adis-Abeba, fato que comprometeria terrenos de cultivo dos oromos. O plano gerou muita revolta entre os oromos, os quais iniciaram uma série de protestos. Ainda que a alta cúpula tenha desistido da ideia, o povo da etnia Oromo não encerrou as manifestações. Eles alegam que vêm sendo perseguidos sem motivo pelo governo do país.

"O governo etíope está matando os oromos e tomando suas terras e seus recursos, então o povo de Oromia está protestando. Como sou de Oromo, eu apoio o protesto. Estou cruzando as mãos para apoiar o protesto de Oromo", justificou o corredor em conferência de imprensa após a maratona. "O governo etíope está matando minha gente. Meus parentes estão na prisão e, se eles falarem sobre direitos democráticos, serão assassinados", desabafou.

Ele tem consciência das consequências que pode sofrer em decorrência dessa manifestação política. Pode até ser morto, diz. "Se eu voltar para a Etiópia, eles (o governo) podem me matar. Ou talvez me prendam. Se não me prenderem, vão me impedir de entrar na Etiópia", explicou. Evitar um retorno à Etiópia é uma possibilidade avaliada pelo atleta. "Não decidi nada ainda, mas talvez eu vá para outro país", concluiu.

Perguntado sobre a possibilidade de ser punido devido ao fato de o Comitê Olímpico Internacional (COI) proibir protestos, o valente Feyisa Lilesa foi categórico: "Fiz o que devia fazer. Tenho um grande problema em meu país, e lá é muito perigoso protestar".

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14 - Wayde van Niekerk (África do Sul)

Além do jamaicano Usain Bolt, quem também entrou para a história do atletismo nos Jogos Olímpicos foi o sul-africano Wayde van Niekerk. Ele correu a final dos 400m em uma incrível marca de 43.03 segundos, a qual agora é o recorde mundial. O competidor bateu os 43.18 segundos obtidos pelo norte-americano Michael Johnson no Campeonato Mundial de Atletismo de 1999, em Sevilha, na Espanha. Lenda do atletismo, Johnson conquistou oito títulos mundiais e quatro medalhas de ouro olímpicas.

Na mesma categoria, Van Niekerk conquistou o Campeonato Mundial de Atletismo de 2015, em Pequim, na China. Um ano antes, conquistou os 200m e o revezamento 4x100m em Durban, África do Sul, no Campeonato Africano de Atletismo.

Curiosamente, WVN é treinado por uma senhora de 74 anos chamada Ans Botha e conhecida como Tannie Ans - ela até bisavó já é. "Ela é uma mulher incrível. É responsável pelo que eu sou hoje e me mantém muito disciplinado e focado", destacou o velocista após faturar o ouro.

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15 - Ren Qian (China)

Você já sabia o que fazer da vida quando tinha 15 anos? Se você tem, qual a sua projeção para o futuro? Tem atleta se sagrando campeã olímpica com essa idade. É o caso da chinesa Ren Qian, do salto ornamental. A adolescente subiu no topo do pódio na prova dos 10m plataforma, com incríveis 439.25 pontos no total.

Ela foi a atleta mais jovem a conquistar a medalha de ouro nos Jogos do Rio.

No Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2015, em Kazan, na Rússia, Ren Qian ficou em segundo lugar nessa mesma categoria.

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16 - Diego Hypólito (Brasil)

Bicampeão mundial e bicampeão pan-americano no solo, bicampeão pan-americano no salto, campeão pan-americano por equipes, campeão sul-americano no solo, salto e por equipes. O currículo de Diego Hypólito impõe respeito. Mas faltava ao ginasta a realização de um sonho: uma medalha olímpica. Ele não foi realizado em Pequim 2008 nem em Londres 2012 porque o brasileiro caiu em sua série.

Essas falhas o atormentaram bastante. Ele chegou a chamar a queda em Londres de "amarelada" e entrou em depressão.

A redenção veio em casa. Obteve nota 15.500 na fase classificatória e avançou à final. Na fase decisiva, seu desempenho no solo foi avaliado em 15.333 pelos jurados, atrás apenas do 15.633 do britânico Max Whitlock. A tão sonhada medalha, enfim, chegou. Hypólito tornou-se exemplo de persistência e superação para todo e qualquer atleta.

O compatriota Arthur Nory conquistou o bronze e o acompanhou no pódia. Pela primeira vez na história olímpica, a ginástica artística do Brasil conquistou uma "dobradinha".

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Menções honrosas

Robson Conceição (Brasil)
O primeiro ouro do boxe brasileiro em Olimpíadas veio com o pugilista da categoria peso-leve (até 60 quilos) Robson Conceição. Ele cresceu com a avô e com a mãe no bairro de Boa Vista de São Caetano, em Salvador. Já foi feirante, vendedor de picolé e servente de pedreiro. Ascendeu socialmente graças ao esporte.

Prata no Pan de Guadalajara 2011, o baiano atingiu a glória máxima em solo brasileiro. Passou pelo tajique Anvar Yunusov, pelo uzbeque Hurshid Tojibaev e pelo cubano Lázaro Álvarez - sendo este o número um no ranking mundial e tricampeão do mundo. Na final, superou o francês Sofiane Oumiha, número seis do ranking. Atualmente, o brasileiro, que venceu todas as lutas na Rio 2016 por decisão unânime dos juízes, é o quinto colocado do ranking.

Seleção masculina de Rugby Sevens de Fiji

O rugby é o esporte mais popular das Ilhas Fiji. Nada mais emblemático do que a primeira medalha olímpica da história do pequeno país da Oceania vir no Rugby Sevens. A seleção superou Brasil (40 a 12), Argentina (21 a 14) e EUA (24 a 19) na fase de grupos. No mata-mata, eliminou Nova Zelândia (12 a 7) e Japão (20 a 5), até que, na grande final, passeou contra a Grã-Bretanha (43 a 7).

Foto: Getty Images
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Seleção masculina de futebol do Brasil

As primeiras impressões (empate sem gols contra África do Sul e Iraque) não foram boas. Mas a Seleção Brasileira Olímpica de futebol masculino, comandada por Rogério Micale, encontrou-se no decorrer da competição e se garantiu no mata-mata com uma goleada de 4 a 0 sobre a Dinamarca. Despachou Colômbia (2 a 0) e Honduras (6 a 0) sem muitas dificuldades. O futebol compacto e rico coletivamente que a torcida esperava apareceu.

Na decisão, o empate em 1 a 1 com a Alemanha levou a disputa pelo ouro à prorrogação. A igualdade no marcador persistiu, e o embate foi para os pênaltis. Brilharam as estrelas de Renato Augusto, Marquinhos, Rafinha Alcântara, Luan e Neymar (ele já havia marcado um belo gol de falta no tempo normal), que converteram suas cobranças, além do goleiro Weverton, que defendeu a cobrança de Nils Petersen. Agora, o Brasil é campeão de tudo: 5 Copas do Mundo, 4 Copas das Confederações, 8 Copas América, 5 Mundiais Sub-20, 3 Mundiais Sub-17 e 1 Olimpíada.

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Seleção masculina de voleibol do Brasil

O caminho que o Brasil trilhou para chegar à quarta final olímpica seguida foi árduo. O desempenho na primeira fase foi irregular: três vitórias (3 sets a 1 sobre México, Canadá e França, sendo este o jogo que garantiu a classificação ao mata-mata) e duas derrotas (3 a 1 para EUA e Itália). Porém, os comandados de Bernardinho cresceram na fase decisiva, com triunfos sobre Argentina (3 a 1), Rússia (3 a 0) e Itália (3 a 0, numa emocionante revanche). Este foi o terceiro título olímpico da Seleção - os outros vieram em Barcelona 1992 e Atenas 2004.

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Seleção masculina de basquete dos EUA

Com 100% de aproveitamento, a lendária equipe de basquetebol masculino dos EUA sobrou na Olimpíada. Habilidoso para jogar coletiva e individualmente, o time bateu China (119 x 62), Venezuela (113 x 69), Austrália (98 x 88), Sérvia (94 x 91) e França (100 x 97) na primeira fase. No mata-mata, eliminou Argentina (105 x 78), Espanha (82 x 76) e Sérvia (99 x 66).

Vale lembrar que LeBron James e Stephen Curry, considerados os melhores jogadores de basquete da atualidade, não vieram ao Brasil.

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Formiga (Brasil)
Desde que o futebol feminino se tornou um esporte olímpico, ela esteve presente em todas as edições, incluindo a de agora. Tem 38 anos de idade, mas corre feito uma menina. Está presente em todos os setores do campo e é incansável. Prata em Atenas 2004 e Pequim 2008 e vice-campeã da Copa do Mundo Feminina 2007 na China.

Em uma equipe que teve atuações dignas de campeã na fase de grupos e caiu de rendimento no mata-mata, acabando por ficar sem medalha e deixar a torcida brasileira a ver navios, Formiga foi a jogadora mais regular. Não precisou de medalha de ouro para se eternizar na história da Canarinho. É a jogadora que mais vestiu a Amarelinha: 155 vezes, superando até mesmo os 149 jogos do ex-lateral Cafu na seleção masculina.

Ao se despedir do Time Brasil, Formiga mandou um sincero recado: "Espero que não desistam da gente". Se dependesse de nós, ela seria eterna na Seleção. Obrigado, Formiga!

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O que todos os nomes aqui citados têm em comum? Eles nos ensinaram que o esporte é sinônimo de respeito, boa saúde e resiliência. E capaz, também, de fortalecer o trabalho em equipe e transformar vidas.

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