Atual 14º colocado no ranking da ITF e número um do Brasil, o catarinense Ymanitu Silva de 33 anos foi o primeiro brasileiro a participar de uma edição de Jogos Paralímpicos na modalidade Quad do Tênis em Cadeira de Rodas. "Many" - como é carinhosamente chamado por seus fãs - concedeu uma entrevista à VAVEL Brasil, na qual comentou sobre sua trajetória no esporte e sua estreia olímpica.

"Participar da Rio 2016 foi a realização de um sonho, depois de tanto viajar e correr atrás dos pontos necessários para se classificar, nada como fazer uma boa estreia contra um top 10 e sair vencedor para motivar" afirmou o brasileiro, na que primeira rodada venceu o britânico Jamie Burdekin - 10º colocado no ranking mundial.

"Participar da Rio 2016 foi a realização de um sonho"

"Foi um jogo complicado, no qual fiz um bom primeiro set com poucos erros. Já no segundo, perdi um pouco a cabeça, mas jogando nesse alto nível isso não pode ocorrer, pois qualquer vacilo custa caro. Já no terceiro, retomei a cabeça e fiz um bom jogo conquistando a vitória e assim ganhando motivação" analisou.

Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB
Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB

"Agora é seguir trabalhando forte para Tóquio 2020!"

Na sequência, veio o desafio contra o terceiro no ranking da ITF, Lucas Sithole da África do Sul. Porém, Ymanitu acabou derrotado por dois sets a zero, com parciais de 7/5 e 6/4. "Apesar da derrota fiquei feliz, pois estou há apenas dois anos nesta categoria, jogando em bom nível contra adversários que já tem mais anos de experiência". 

"Faltou calma para fechar o primeiro set. Já no segundo, fiz  um bom jogo até no 3/3. Depois não consegui confirmar meus serviços e nesse nível isso é fundamental. Agora é seguir trabalhando forte para Tóquio 2020!" disse, confiante.

Confira a entrevista completa de Ymanitu Silva à VAVEL Brasil:

VAVEL Brasil: Você foi o primeiro brasileiro a participar na Paraolimpíada na modalidade Quad. Como está sendo lidar com essa responsabilidade de ser o precursor dessa modalidade no Brasil?  E o que você acredita ser necessário para o crescimento do Tênis em Cadeira de Rodas no Brasil?

Y.S: Quanto a isso é um prazer estar representado meus amigos da categoria e divulgando a mesma. Não vejo como uma responsabilidade.

"A Paraolimpíada está servindo para divulgar ainda mais a modalidade"

Já eu vejo que a Paraolimpíada está servindo para divulgar ainda mais a modalidade, que no Brasil já conta com oito torneios do circuito mundial e alguns projetos em determinadas cidades que promovem o esporte.

VAVEL Brasil: Conte um pouco de sua história. Como você conheceu o Tênis em Cadeira de Rodas?

Y.S: Conheci o esporte no Sarah em 2008 na minha internação e esse empurrão foi fundamental, pois como és jogador nada como retomar a fazer o que gosta.

Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB
Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB

VAVEL Brasil: No Quadro Geral de Medalhas, vemos a China disparada na primeira colocação. O que você acha que falta para o Brasil? Houve apoio da CBT para a disputa dos Jogos?

Y.S: Acho que o fato da China ser a primeira no quadro vem da sua população, quando temos mas gente deficiente, aumenta as chances de encontrar atletas

"Vejo o Brasil como uma potência paralímpica"

Vejo o Brasil como uma potência paralímpica, às vezes falta sim reconhecimento da Impresa em divulgar e mostrar ao público, que somos sim atletas de alto rendimento, temos rotina, treinos, viagens nada daquele simples papo de exemplos de superação.

Com certeza, a CBT o CPB deram o suporte e o apoio para essa caminhada, mas gostaria de deixar claro que é necessário sim mais apoios da iniciativa privada. O atleta de alto rendimento não existe sem patrocínio, eu sou grato por hoje possuir os meus, pois eles fizeram parte dessa caminhada que me trouxeram até aqui na Rio 2016.

VAVEL Brasil: O que o Tênis representa para você?

"O tênis é minha vida!"

Y.S: O tênis é minha vida, o dia que não posso treinar fico louco dentro de casa. É hoje realizar um sonho de criança de ser um atleta profissional.

Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB
Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB

VAVEL Brasil: Quem são seus ídolos?

Y.S: Meu ídolo, com certeza, é o cara: Guga, pela sua simpatia, simplicidade!

VAVEL Brasil: Qual sua expectativa para futuro? E seu maior sonho?

Y.S: Agora é recomeçar o trabalho, para realizar alguns sonhos que são virar um top 10 e trazer essa medalha! O mundo nunca para de girar então o segredo é continuar sempre!

Foto: Heusi Photo/Divulgação
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Sobre o autor
Renato Okabayashi Miyaji
Paulistano. 18 anos. Aficionado por tênis e tricolor de coração. Coordenador de Tênis e redator de Futebol Alemão. https://www.facebook.com/renato.miyaji