Se você fizer uma enquete rápida pelas ruas questionando sobre a profissão dos sonhos, uma das principais respostas será de atleta profissional. A afirmação deve vir acompanhada de algum comentário do tipo “ganhar dinheiro praticando o esporte favorito” ou a menção ao lado prazeroso que envolve viagens, conhecer lugares diferentes e, claro, enriquecer.

A visão comum não é de toda errada. Os atletas de alto nível realmente possuem boa remuneração, a oportunidade de viajar constantemente e outros prazeres da vida. Essa, porém, é a parte boa que todos enxergam com facilidade. Como toda profissão, existe também o seu ônus.

AS DIFICULDADES DE UM TENISTA

Dentre os diferentes tipos de esportistas, um em especial precisa muito colocar na balança os prós e contras antes de decidir pela profissionalização: o tenista. Ele está exposto a todas as dificuldades normais dos demais esportistas como a rotina intensa de treinos, ficar muitas vezes longe da família e as dores no corpo, mas também é muito exigido mental e emocionalmente, mais do que a maioria dos demais esportes.

Antes de tudo, é um esporte individual e, como tal, os resultados dependem totalmente do jogador. Ao contrário do futebol ou do vôlei, quando um jogador em má fase pode ser compensado pelos companheiros, isso não existe no tênis. Isto demanda um esforço individual e de foco muito grande para evitar perder uma partida por aspectos externos à técnica do jogo.

Esse cenário das quadras faz com que os tenistas tenham uma grande carga de esforço e emocional que é exigência de uma profissão de alta competitividade e só há um jeito de passar pela maratona de testes, viagens e treinamentos sem grandes sofrimentos: ter prazer pelo jogo e pelo esporte. Sem isso, é difícil manter o nível de atuação e competição.

DJOKOVIC: EXEMPLO DA IMPORTÂNCIA DO PRAZER NO JOGO

Hoje é difícil imaginar os grandes campeonatos de tênis e não associar, quase que imediatamente, aos grandes tenistas. É o caso do sérvio Novak Djokovic. Assim como nos últimos anos, Djoko começou 2016 de maneira arrasadora: foram seis títulos nos primeiros nove torneios disputados.

O auge do ano foi o torneio de Roland Garros, quando o sérvio garantiu o título de Grand Slam que faltava em sua vitoriosa carreira. O problema foi que, segundo o próprio jogador, Djokovic perdeu o seu prazer dentro da quadra: “Por algum motivo, eu perdi a vontade após vencer Roland Garros. Nos últimos meses, foi difícil entrar em quadra e desfrutar”.

Embora possa parecer uma desculpa, o fato é que após conseguir o sonho de ter os quatro títulos mais importantes do tênis, Djoko perdeu a intensidade e teve resultados muito ruins em Wimbledon e nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro.

É claro que, como grande atleta que é, o sérvio tem toda condição de dar a volta por cima e voltar a ser o grande campeão que o mundo acostumou a assistir. De qualquer forma, o sérvio é, possivelmente, o maior exemplo da importância do prazer de jogo para manter o alto nível. Nem ele, disparado o melhor no ranking da ATP, está isento dessa regra.

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