A seleção brasileira masculina de vôlei vai fazendo história mais uma vez. Com inúmeros títulos na sua galeria de troféus, o Brasil chegou à sua quarta final olímpica consecutiva, depois de vencer a Rússia por 3 a 0 na semifinal, com atuação praticamente irrepreensível. Depois do ouro em Atenas 2004 e duas pratas seguidas em Pequim 2008 e Londres 2012, a responsabilidade de reconquistar o título olímpico agora recai sobre uma nova geração do voleibol brasileiro, ainda que jogadores como o líbero Serginho ainda estejam presentes.

Dois dos expoentes dessa nova geração são os ponteiros Lipe e Lucarelli. O primeiro já tem 32 anos, mas está disputando sua primeira Olimpíada, apesar de já ter conquistado uma medalha de ouro com a seleção nos Jogos Pan-Americanos de 2011 em Guadalajara. Já Lucarelli é uma das principais promessas do vôlei nacional e, aos 24 anos, já se tornou um dos principais jogadores da seleção. Além de estarem fazendo sua estreia em Jogos Olímpicos, a situação em que os dois se encontram é extremamente parecida. Os dois pontas vêm sofrendo com lesões, atuando no sacrifício para tentar fortalecer a equipe.

Ambos se lesionaram na partida contra a Argentina, válida pelas quartas de final da competição. Ainda no primeiro set, Lucarelli deixou a quadra com uma contusão muscular na coxa esquerda. Apesar disso, Lipe, seu substituto e um dos melhores jogadores no fundamento de saque, acabou sendo obrigado a também abandonar a partida no quarto set, depois de tentar uma defesa e sentir dores na coluna lombar. Mais tarde foi revelado que o camisa 12 da seleção sofreu uma contratura muscular e não teve condições de voltar à quadra, mesmo recebendo massagens do lado de fora.

Apesar das lesões, os dois jogadores voltaram na semifinal contra a Rússia e foram decisivos para a vitória e, consequentemente, para a classificação à grande final olímpica. Lucarelli foi o segundo maior pontuador da partida, anotando 10 pontos, com 50% de eficiência nos seus ataques. Lipe, conhecido por ser excelente sacador e passador, anotou oito pontos, sendo um deles de saque. A superação torna-se evidente com declarações de Lucarelli após o jogo: "Em vários momentos eu senti dor. Eu não conseguia saltar para atacar ou bloquear, mas valeu a pena", afirmou o camisa 18. Lipe, por sua vez, deixou o Maracanãzinho sem falar com repórteres, dizendo que, se parasse para dar entrevistas, sua coluna iria travar novamente.

Para a final contra a Itália de Ivan Zaytsev, os jogadores podem se inspirar em vários ex-jogadores da seleção, como Carlão, que já disputou uma final de Superliga com o pé quebrado, acreditando que teria sofrido apenas uma entorse. Podemos citar também o ex-capitão Nalbert, que sofreu por diversos anos com fortes dores no ombro. Por fim, a inspiração pode estar ainda mais próxima do que se espera, com o líbero Serginho, que também convive com dores nas costas por inúmeros anos. Espera-se que, após a decisão, Lucarelli e Lipe também sejam exemplos de superação para as próximas gerações.

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Sobre o autor
Gabriel Menezes
Jornalismo na UFRJ. Coordenador e setorista de Botafogo; Coordenador de Futebol Americano e Italiano