Muitos gols, reviravoltas, bom futebol e, no caso dos vencedores, uma grande atuação durante praticamente todos os 90 minutos. O torcedor que acompanhou o embate entre Botafogo São Paulo, vencido por 4 a 2 pelos paulistas, na noite desta quarta-feira (10), não tem do que reclamar. O jogo, disputado no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, foi válido pela rodada inicial do Campeonato Brasileiro.

O primeiro tempo foi eletrizante. As duas equipes se lançaram ao ataque e protagonizaram uma excelente partida que, só em sua metade inicial, teve cinco gols, três deles para o São Paulo. No segundo tempo, quando jogou praticamente o tempo todo com um homem a mais, o Tricolor foi melhor, mas só conseguiu ampliar sua vantagem em um contra-ataque, já nos minutos finais, que definiu a vitória a favor dos visitantes.

Com a vitória, o São Paulo se consolidou de vez na vice-liderança com 39 pontos, cinco a mais em relação aos gaúchos Internacional e Grêmio. A vantagem para o terceiro colocado pode cair para três pontos se o Corinthians vencer o Atlético-MG, em casa, nesta quinta-feira (11). A diferença para o líder, Cruzeiro, que também joga nesta quinta (enfrenta o Bahia em casa), caiu para quatro pontos. Já o Botafogo, continua na 14ª colocação com 22 pontos e agora está com apenas dois a mais que o primeiro da zona de rebaixamento, o Coritiba.

As duas equipes voltam à campo neste domingo (14) para a disputa da 21ª rodada do Brasileirão. O Fogão vai até Porto Alegre enfrentar o Internacional no Beira-Rio e o São Paulo recebe o líder Cruzeiro no Morumbi em um confronto direto pela liderança do torneio. Se vencer, o clube paulista pode, caso os mineiros tropecem nesta rodada, diminuir a diferença para apenas um ponto e entrar de vez na briga pelo título.

Primeiro tempo de cinco gols deixa o São Pauo em vantagem

É natural que se espere um jogo bastante movimentado quando as duas equipes envolvidas precisam da vitória. Os 45 minutos iniciais de Botafogo e São Paulo, todavia, foram muito melhores, mais intensos e mais emocionantes do que qualquer um poderia supor. Os dois times foram para o ataque, souberam aproveitar os erros das defesas adversárias e o torcedor que compareceu ao Estádio Nacional Mané Garrincha foi brindado com uma chuva de gols.

O São Paulo foi quem saiu na frente. O time comandado por Muricy Ramalho tomou as rédeas da partida desde o início e foi para cima, precisando de apenas sete minutos para balançar as redes. Michel Bastos disparou pela esquerda e rolou para trás, para Alan Kardec chegar batendo forte e marcar. O gol deu uma tranquilidade excessiva para o Tricolor, que acabou chamando o Botafogo para o ataque.

O Fogão foi, aos poucos, se aproximando da meta defendida por Rogério Ceni. Adiantou a marcação, ganhou terreno, começou a encontrar os espaços e, assim, as chances começaram a aparecer. Aos 13, Rodrigo Souto mandou por cima. Aos 18, Gabriel parou no arqueiro são-paulino. Aos 19, Zeballos se aproveitou de uma pane da defesa adversária para empatar a partida. Os cariocas aproveitaram o bom momento para permancecer na pressão e, três minutos depois, novamente no jogo aéreo, viraram com gol de André Bahia.

Com a virada, foi a vez do Botafogo relaxar e chamar o São Paulo para o campo de ataque. O Tricolor retomou o controle da partida e, explorando muito bem as laterais, especialmente a esquerda, conseguiu criar boas jogadas de gol. O empate parecia questão de tempo e assim foi aos 36 minutos, quando Pato bateu bem para o gol, o goleiro Andrey deu rebote e o volante Souza apareceu para empatar.

Quando as emoções da primeira etapa já pareciam esgotadas, o próprio Souza disparou pela esquerda e, mesmo sem muito ângulo bateu forte para o gol. Contando com a colaboração do arqueiro botafoguense, ele marcou o seu segundo tento na partida e definiu a virada dos paulistas, a última do primeiro tempo. Ambos os times ainda tentaram marcar mais uma vez, mas sem muito sucesso e sem levar muito perigo aos gols adversários.

Com um a mais, São Paulo é melhor e amplia vantagem

Depois de um primeiro tempo marcado por gols, a imagem da segunda etapa acabou sendo bem mais desagradável. Aos três minutos, o botafoguense Aírton uma falta em Alexandre Pato no meio-campo. O jogador são-paulino caiu no chão e, ainda caído, levou um chute na cabeça do adversário, que ainda tentou disfarçar, mas não conseguiu evitar uma expulsão que praticamente sepultaria as chances do Fogão.

Se no 11 contra 11 o São Paulo já tinha o controle da posse de bola, jogando com um a mais, então, praticamente não deixou o Botafogo jogar. Os cariocas não conseguiram mais criar jogadas e foram dominados pelos visitantes que, no entanto, optaram por valorizar a posse de bola e não chegaram a pressionar os botafoguenses. Foi um segundo tempo bastante morno, ainda mais se comparado ao primeiro, onde poucas chances foram criadas.

O São Paulo chegou mais, mas quem perdeu a maior chance foi o Botafogo, com Wallyson, que saiu cara a cara com Rogério Ceni, mas chutou mal e perdeu a oportunidade de empatar. Essa oportunidade, no entanto, foi uma exceção em uma rara subida menos cautelosa do São Paulo ao ataque. O Tricolor, quando chegou, chegou pelo jogo aéreo e nos chutes de longa distância.

Pelo chão, faltava um capricho maior no último passe, quando a bola chegava à dupla de ataque formada por Pato e Alan Kardec. Era ali, naquele drible, naquele passe, que o Botafogo conseguia escapar. Com um a menos, todos os poucos ataques do Fogão se tornaram cuidadosamente planejados para que não houvesse um descuido lá atrás. E, quando houve, foi fatal. Osvaldo apareceu bem pela direita e apenas rolou para Alexandre Pato, com o gol livre, definir a vitória. O Fogão ainda tentou esboçar uma reação, mas sequer conseguiu ameaçar o adversário.