Há um ditado nos desportos motorizados que diz «If you want to win, buy a finn» (se queres vencer, compra um finlandês). E não é por acaso que isso acontece. A Finlândia tem uma grande tradição no que diz respeito a pilotos de competição e muitos desses pilotos marcaram uma era. Na F1 o mesmo acontece. Não foram muitos os finlandeses que entraram no grande circo, mas os que entraram ficaram para a história da modalidade.

No ano passado outro finlandês entrou para o a F1, pela mão da Williams, de seu nome Valtteri Bottas.

O início de carreira

A carreira de Bottas começou pelo Karting, ficando em 8º no campeonato do mundo da modalidade.

Nas Fórmulas Júnior, deu nas vistas em 2008, vencendo Formula Renault Eurocup e a Formula Renault NEC, algo que apenas um tal de Filipe Albuquerque tinha feito ( vocês já terão ouvido falar desse nome).

Em 2009 mudou-se para a Formula 3 Euroseries, onde não venceu mas estabeleceu 2 poles acabando em 3º no campeonato. A juntar a estes títulos tem mais vitórias no Masters de Formula 3 ( 2009 e 2010).

Em 2010 assinou contracto com a Williams, como piloto de testes, papel que manteve até 2012, competindo também no GP3, onde venceu o campeonato da modalidade em 2011.


A entrada para a Williams

Em 2013 foi anunciado com piloto oficial da Williams fazendo dupla com Pastor Maldonado. O ano de estreia foi difícil para Bottas. A Williams iniciava o ano com um carro francamente mau, e a meio da época a equipa operou uma reestruturação, algo que comprometeu a estabilidade da equipa e como tal o desenvolvimento do carro. Ainda assim conseguiu fazer 3º na qualificação do GP do Canadá e marcou os seus primeiros pontos no GP dos EUA, conseguindo o 8º lugar. Acabou a época em 17º com 4 pontos, à frente do seu companheiro de equipa que fez apenas um.

No final ficou a impressão de ser um piloto competente mas que não tinha o talento dos seus compatriotas.

2014, o ano da afirmação

Em 2014 tudo mudou. A Williams apareceu mais forte no início e com um carro que parecia dar garantias de poder fazer voltar a sorrir Sir Frank Williams. Para além disso, Maldonado saiu da equipa para dar lugar a Felipe Massa, fazendo a grande maioria acreditar que seria ele o nº1 da equipa.

Mas Bottas não se deixou abater. No seu estilo sisudo e frio, continuou a sua evolução como piloto. Logo na primeira corrida disse presente e fez 5º, continuando a pontuar até ao GP do Mónaco onde foi obrigado a desistir com um problema no motor. Desde aí o seu rendimento tem subido, tal como a performance do carro, fazendo 7º no Canadá 3º na Áustria, 2º na Grã Bretanha e 2º na Alemanha. Uma colecção de 3 pódios seguidos que faz olhar para o finlandês com outros olhos.

A personalidade fria típica dos finlandeses

Bottas não é um piloto vistoso dentro de pista e fora dela. A sua faceta nórdica e discreta não joga a seu favor. E a verdade é que estamos mal habituados, pois Mikka e Kimi sempre foram de poucas palavras mas quando falavam eram incisivos. Bottas fala pouco mas não gosta de alaridos. No episódio das ordens de equipa no GP da Malásia, e nas corridas que se seguiram mostraram um Valtteri Bottas que não tem medo de dizer o que pensa, mas ainda assim sem a acutilância de Kimi por exemplo.

E se calhar o grande problema de Bottas são as comparações que se fazem com os outros finlandeses. Porque se analisarmos friamente os dados, Bottas tem sido o melhor piloto da Williams desde 2013 e tem sido constantemente melhor que os seus colegas de equipa. Há um facto importante a ter em conta. Massa tem tido muito azar este ano e tem sido constantemente impedido de tentar bater o seu colega de equipa. Mas nas corridas em que não teve problemas ou acidentes, Massa nunca conseguiu superiorizar-se claramente em relação a Bottas. E como tal Bottas merece todo o crédito pela forma como tem estado a subir de rendimento.

Ponto de situação

Neste momento Bottas segue em 5º no campeonato, logo atrás de Alonso e Ricciardo, com quem deverá ter uma luta muito interessante pelo 3º lugar… Sim porque as 2 primeiras posições estão mais que garantidas.

O piloto da Williams tem mostrado que é frio e calculista (como mostrou na Alemanha, segurando Hamilton) mas que também tem a capacidade de atacar forte e lutar por posições (como fez na Grã Bretanha). Aos poucos Bottas começa a ganhar admiradores e começa a ser respeitado. Será que vai continuar a sua ascensão? É a questão que se coloca, mas com a evolução da Williams, Bottas tem tudo para continuar a dar nas vistas e ambicionar algo mais. Não esquecer que o seu mentor se chama Mikka Hakkinen. Uma coisa é certa. Valtteri Bottas já começou a impressionar muita gente.

VAVEL Logo
Sobre o autor