As mudanças nos regulamentos são momentos propícios a surpresas. As regras são sempre interpretadas de forma diferente pelas equipas e uma equipa de meio de tabela pode ter um trunfo que lhe permita subir posições e quem sabe mais que isso. O caso da Brawn Gp é o mais flagrante. Uma equipa que teve 6 corridas com um extractor inovador que superou toda a concorrência e que permitiu vencer o título de construtores e de pilotos por Button, mesmo com adaptações de última hora.

2014 podia ser o ano da Force India

Para este ano não esperávamos que algo do género acontecesse pois a mudança nos regulamentos foi demasiado profunda e cara, mas tínhamos esperança de ver 2 equipa emergir e dar luta aos habituais candidatos…A Williams e a Force India. A Williams confirmou o que se esperava e deu passos muito positivos. A equipa voltou a subir ao pódio, a ser competitiva e a ganhar o respeito dos adversários. A Force Inda… nem por isso.

A equipa de Vijay Mallya teve o seu inicio em 2008, depois do empresário indiano ter comprado a Spyker, que antes disso foi Midland e antes ainda foi a famosa Jordan. O caminho para o sucesso na F1 é penoso e caro mas Vijay, no seu estilo bem próprio colocou a equipa na rota do sucesso. No primeiro ano foi 10º, seguindo-se um 9º lugar tendo a partir daí andado pelo meio da tabela sendo o melhor resultado um 6º lugar em 2011 e 2013.

Para este ano a Force India mostrava-se confiante. Um carro muito eficiente e equilibrado, como é habitual na equipa, e um line up que é dos mais interessantes do grid. A aposta em Perez e o regresso de Hulkenberg foi um investimento algo pesado mas que garante qualidade. A Force India parecia romper com a filosofia das restantes equipas de meio de tabela e não foi na cantiga do piloto pagante. Arranjou a melhor dupla possível esperando que o investimento fosse compensado.

Um início prometedor mas nada mais que isso

A época começou de forma positiva e regular. Hulkenberg aparecia frequentemente no top5, Perez alternava o muito bom com o medíocre, mas os pontos foram sendo conquistados de forma constante, até chegar ao GP da Áustria. Aí o rendimento da equipa começou a baixar. As presenças no top 5 de Hulkenberg deixaram de acontecer e a repetição do pódio do Barhain parece cada vez mais distante. Hulkenberg começou a perder fulgor e desde o erro da Hungria, onde chocou com o seu companheiro de equipa e nunca mais voltou aos pontos… já lá vão 3 corridas. Perez por seu lado tem melhorado um pouco os seus desempenhos mas não conseguindo melhor que 7º ou 8º lugar ( o carro parece não permitir mais)

Esperava-se que Spa e Monza fossem terrenos onde a Force India pudesse aproveitar a sua já habitual velocidade em recta, mais ainda este ano com o todo poderoso motor Mercedes, mas a equipa faltou à chamada e não teve um rendimento esperado e nem a velocidade de ponta se viu.

A história de 2013 parece repetir-se.

Tudo isto somado começa a soar a 2013 outra vez. No ano passado o carro estava longe de ser uma obra prima da engenharia mas era equilibrado e”tratava” muito bem os pneus. A mudança de compostos fez desvanecer a vantagem que tinham e as agulhas foram apontadas para 2014. Se por um lado perderam uma oportunidade de melhorar o seu registo no campeonato de construtores, por outro pouparam dinheiro este ano.

Este ano a hipótese de brilharem está a desaparecer outra vez. A McLaren está pouquíssimos pontos assim como o 5º lugar, mas o carro parece ter estagnado na sua evolução. O 7º/8º lugar parece ser de facto onde o VJM07 pertence. A que se deve a falta de evolução? Falta de dinheiro? Vijay está a enfrentar problemas financeiros que podem prejudicar a equipa. No entanto a renovação com Perez está a avançar a passos largos e o line up parece que se vai manter como tal há vontade de manter o investimento.

A Formula 1 precisa de mais equipas como a Force India.

A equipa devia procurar dar o passo em frente que precisa. A Force India tem dado os passos certos para o sucesso. Mas falta algo para que possam ultrapassar o 6º lugar. Talvez mais algum investimento. Este ano começaram a aparecer novos patrocínios no carro o que é um excelente sinal para uma equipa que precisa de dinheiro. Mas é pena ver uma equipa que podia ter dado mais algum colorido à competição ficar para trás. No meio da desilusão uma lição positiva. Vijay mostrou que quando se contratam bons pilotos os bons resultados surgem com mais facilidade. Algo que parece esquecido na F1 por estes dias. Será que a F1 com tanto dinheiro que faz rodar, não devia ajudar mais equipas como a Force India para que se tornasse de facto mais competitiva? Fica a questão.