Lewis Hamilton tornou-se hoje bicampeão mundial de Fórmula 1, após conquistar o título de 2014, confirmado pela vitória no GP de Abu Dhabi, no circuito de Yas Marina, na 19ª e última prova da temporada. Os bons resultados da temporada de Hamilton e Rosberg tinham já dado o título de construtor à Mercedes, que, com essa designação, não vencia o título de pilotos desde 1955, com o argentino, também bicampeão, José Manuel Fangio.

O culminar de uma temporada de sonho

O piloto britânico de 29 anos dominou a temporada pela Mercedes, juntamente com o seu colega Nico Rosberg. A vitória de hoje, em Abu Dhabi, numa corrida que Hamilton dominou praticamente de início ao fim, foi a 11ª da temporada para o novo bicampeão mundial. Rosberg, que arrancava na pole e tinha ainda hipóteses de conquistar o título, arrancou mal e teve diversos problemas no seu monolugar, nomeadamente uma falha no ERS, que o impediram de manter o seu ritmo habitual. Rosberg acabaria por perder diversas posições e cruzaria a meta somente em 13º.

«Tem sido um ano inacreditável. É fenomenal poder estar aqui. É tudo o que o meu coração desejou todo o ano.», Hamilton.

Lewis Hamilton tornou-se este ano no piloto britânico de F1 com maior número de vitórias na carreira (33), e um dos únicos quatro que conseguiram vencer mais do que um campeonato: Jackie Stewart, Jim Clark e Graham Hill. Recorde-se que em 2008 Hamilton venceu o seu primeiro título, então ao volante da McLaren. Em 2014, Hamilton somou 380 pontos no campeonato, batendo Rosberg, que acumulou 317.  

Ainda assim, cai de pé o piloto alemão. Rosberg, que fez uma temporada de excelente nível, batalhou com o seu monolugar até final, e quando o seu engenheiro lhe pediu, a duas voltas da bandeira axadrezada, que entrasse na box para abandonar a prova, Rosberg pediu autorização para terminar a corrida. Depois de cortar a meta, Rosberg fez questão de ir à sala de descanso para felicitar Lewis Hamilton antes deste subir ao pódio; um sinal de reconhecimento e desportivismo entre os dois amigos, que a intensa luta da presente temporada aparentou em alguns momentos poder estragar a amizade de ambos.

Hoje mesmo, após a vitória, Hamilton fez questão de lembrar que foi sobretudo por poder correr na mesma equipa que Rosberg que o piloto inglês assinou o contrato com a Mercedes no início da temporada transacta: «Quando me encontrei com o Ross percebi os planos da equipa, mas foi o Niki quem me levou a selar o acordo.»

Abu Dhabi, retrato de uma temporada

A corrida de hoje, em Abu Dhabi, foi um espelho fiel da temporada de F1 2014. A Mercedes dominou praticamente em toda a linha: sessões de treinos livres, qualificações, corridas... Em 19 provas, os Mercedes conseguiram 18 pole positions e 16 vitórias (e 11 dobradinhas), e apenas não venceram quando a fiabilidade dos seus monolugares os traiu. Foi assim no Canadá, por exemplo, quando ambos os pilotos experimentaram problemas nos travões traseiros (Hamilton viria a abandonar, na ocasião), e foi assim também hoje: apenas uma falha no monolugar afastou Rosberg dos lugares cimeiros da prova. Hamilton teve o desempenho característico das Flechas de Prata durante a temporada, já que os dois homens da marca alemã dominaram praticamente todas as corridas e todas as voltas do calendários 2014, colocando quase sempre toda a concorrência à distância.

A Williams foi, aliás, a única equipa que hoje conseguiu incomodar a Mercedes. Massa e Bottas andaram bem, e o brasileiro chegou mesmo a marcar algumas das voltas mais rápidas da corrida, tendo inclusive passado pela liderança. Massa foi 2º e o finlandês 3º, justas presenças no pódio para praticamente os únicos homens que durante a temporada conseguiram pôr em sentido as Flehcas de Prata em algumas ocasiões, num ano em que Red Bull e Ferrari se apresentaram vários furos abaixo do esperado.