Duas semanas após a vitória de Ayrton Senna no Estoril, máquinas e pilotos seguiram para Imola, onde decorreu a terceira corrida do Campeonato do Mundo de 1985. Em termos de novidades, a recém-estreada Minardi iria ter os motores turbo da Motori Moderni, firma criada por Carlo Chiti depois de ele sair da Autodelta.

Nos bastidores, continuava a saga da Toleman em encontrar um fornecedor de pneus para a sua equipa. Eles não participariam nesta corrida, mas falava-se que a Spirit poderia não fazer toda a temporada, e logo, o fornecimento poderia ser resolvido caso abandonasse a competição. Ao mesmo tempo, comentava-se que a firma de roupas italiana Benetton poderia estar interessada em comprar a equipa e dar o seu nome, trocando assim o patrocinio que tinha na Alfa Romeo, que também vivia maus dias.

Embalado pela sua vitória no Estoril, Ayrton Senna fez a pole-position com o seu Lotus-Renault, com o Williams-Honda do finlandês Keke Rosberg a seu lado. Na segunda fila estavam o segundo Lotus de Elio de Angelis e o Ferrari de Michele Alboreto, enquanto que o quinto lugar na grelha tinha uma enorme surpresa, pois era ocupado pelo Arrows-BMW do belga Thierry Boutsen, que tinha conseguido superar o McLaren de Alain Prost, que estava logo a seguir, no sexto posto. O segundo Williams-Honda de Nigel Mansell era o sétimo, seguido pelo segundo McLaren de Niki Lauda, enquanto quie o top ten era fechado pelo Brabham-BMW de Nelson Piquet e o segundo Arrows-BMW de um jovem austriaco chamado Gerhard Berger.

O filme da corrida

Na manhã de domingo, o tempo estava nublado e tinha chovido durante o "warm up", mas na hora da corrida, a pista tinha secado o suficiente para que todos começassem com pneus slicks. Na largada, Senna manteve o primeiro posto, enquanto que Rosberg - como tinha acontecido no Estoril - largara mal sendo superado por De Angelis, Alboreto e Boutsen. Lauda era sexto.

Na sexta volta, o austriaco passava Rosberg, enquanto que Alboreto atacava de Angelis, paasando-o pouco depois da décima volta. A partir dali, o italiano foi no encalço de Senna, mas na volta 30, sofreu problemas elétricos e acabaria por abandonar.

Na frente, parecia que Senna não seria incomodado e estaria a caminho da segunda vitória consecutiva. Lauda tinha entretanto ascendido ao segundo lugar, mas sofreu pouco depois um pião, dando o segundo lugar a Prost. O francês aproximava-se do brasileiro, e apesar dos ataques, não o conseguia passar. Entretanto, vindo de um péssimo 15º lugar da grelha, vinha o segundo Ferrari de Stefan Johansson, que estava passando piloto atrás de piloto e perto do fim, tinha apanhado Senna e Prost, tentando chegar à liderança da corrida.

Quatro voltas de pesadelo

No inicio da volta 56, e apesar dos ataques de Johansson, Senna mantinha o comando e parecia que iria vencer de novo. Contudo, quando passava a chicane Acqua Minerale, o carro começou a andar mais lentamente, dando sinais de que não tinha gasolina. Em 1985, os depósitos de gasolina tinham sido reduzidos a 195 litros, o que fazia com que se fizessem grandes malabarismos para que os carros não consuimissem demasiado combustivel para poderem chegar ao fim da corrida. E pelos vistos, o combustivel no carro de Senna tinha terminado antes do tempo.

Quando chegou à Variante Bassa, Senna parou de vez, entregando o comando a Johansson, perante o delirio dos tiffosi. Mas foi sol de pouca dura, pois na volta 57, quando ele passava por Acqua Minerale, o carro também parava de vez, por causa da gasolina.

Com mais uma desistência, era Prost o lider da corrida, seguido de De Angelis, Piquet e Boutsen. Mas no inicio da volta 58, o brasileiro da Brabham parava devido à mesma razão. O francês iria andar assim até à meta, mas não sem mais drama: mal atravessou a linha de chegada, o carro encostou-se à boxe e parou ali o carro. Ao mesmo tempo, Thierry Boutsen saia do seu Arrows para poder empurrar o seu carro e levá-lo a atravessar a meta e ficar com o terceiro posto!

No final, Prost comemorou a vitória no pódio com De Angelis e Boutsen, mas foi sol de pouca dura: os comissários de pista pasaram o seu carro e verificaram que este era dois quilos mais leve do que os regulamentos permitiam e foi desclassificado. A vitória foi assim herdada por De Angelis, que assim conseguiu a sua segunda - e última - vitória da sua carreira. Boutsen era o segundo, enquanto que Patrick Tambay ficou com o lugar mais baixo do pódio, o último da Renault até 2003. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram os sobreviventes: o McLaren de Niki Lauda, o Williams de Nigel Mansell e o Ferrari de Stefan Johansson, que apesar de ter ficado sem gasolina, ainda teve o suficiente para ficar com o último lugar pontuável.

VAVEL Logo