Foi um fim de semana mais animado do que o que se viu no Canadá. Depois de uma corrida francamente morna e sem história, a prova austríaca, embora não tenha sido um primor foi entrentida de se seguir, com vários pontos positivos e com um desfecho que pode ser crucial para o restante da época.

Mercedes: O regresso de Rosberg ao topo

Se no inicio do ano falavamos das fracas prestações de Nico e da sua incapacidade para encontrar um antídoto para a supremacia de Hamilton, hoje temos de falar da prestação avassaladora do alemão na Áustria. A verdade é que o único erro que cometeu no fim de semana custou-lhe uma mais que previsível pole, depois do erro de Hamilton na ultima tentativa. Mas Rosberg teve um inicio de prova fulgurante e depois de agarrada a liderança nunca mais a largou, usando o truque de Hamilton, respondendo sempre que o britânico se aproximava.

Lewis ainda lhe facilitou a vida, pisando o traço da saída das boxes e com isso ficando com uma penalização de 5seg. Mas Hamilton nunca teve andamento este fim de semana para o companheiro de equipa. Este resultado confirma a subida de forma de Rosberg e que o campeonato afinal não está ainda entregue. Hamilton tem armas para segurar o alemão mas a perseverança de Nico poderá tornar-se complicada de gerir. Todos esperamos que seja mesmo esse o caso.

Williams: O velho ainda sabe uns truques

A equipa definitivamente dá-se bem com os ares da montanha. Se no ano passado iniciaram a sua recuperação na pista asutriaca este ano voltaram a subir ao pódio. Massa aproveitou da melhor maneira o deslize da Ferrari e não se intimidou quando viu Vettel a surgir no seu espelho nas voltas finais. Não errou e trouxe mais uns valentes pontos para casa, aproximando um pouco mais a Williams da Ferrari. Um excelente fim-de-semana para o brasileiro, tal como para Bottas, que se não tivesse o azar de ter apanhado bandeiras amarelas na qualificação poderia ter largado de uma posição melhor e tentado o assalto ao pódio. No entanto um par de excelentes ultrapassagens e um andamento muito forte permitiram que o finlandês minimizasse as perdas. Numa altura que se fala cada vez mais da sua ida para a Scuderia, Bottas mostrou que podem contar com ele e que tem qualidade para isso.

Ferrari: Já se escolhe o novo companheiro de Vettel?

O alemão teve o pódio ao alcance mas um problema no parafuso da roda traseira direita complicou-lhe a vida. Viu Massa passar por ele nas boxes e nunca mais conseguiu voltar ao 3º embora tenha feito uma recuperação muito boa. Se tirarmos o azar, Vettel fez mais que o suficiente para merecer o 3º mas nas corridas nem sempre se obtem o que se merece. Cimentando cada vez mais a posição de “patrão da equipa”, Vettel fez esquecer por completo Alonso e compensa pelos erros de Raikkonen. Mais um fim de semana para esquecer. Muito mau na qualificação, tentava limpar um pouco da má imagem na corrida mas perdeu o controlo do seu carro e ficou com vista privilegiada para as entranhas do McLaren de Alonso.

O finlandês foi parco em palavras como é seu hábito mas as sucessivas falhas começam a complicar a vida para o Iceman que já disse que se não ficar na Ferrari que sai da F1. Parece que este será mesmo o ultimo ano na F1. Já há dois meses que afirmamos que se ele continua assim o lugar está em risco e Kimi tem piorado a sua situação. Ele consegue bem mais que isto.

Force India: A Force voltou em força

Hulkenberg levou uma injecção de moral em Le Mans e isso viu –se na qualificação onde fez uma volta excelente com o carro que tinha à disposição. Em corrida manteve o nível e conseguiu um muito bom 6º lugar. Depois de uma fase em que o alemão parecia desligado da F1, eis que Hulk reaparece em grande e mostra o que vale. Pérez não esteve bem na qualificação mas fez também uma corrida excelente e acabou a frente dos Red Bull, com uma excelente recuperação. A versão melhorada do carro deste ano está para chegar na próxima corrida e se for realmente uma melhoria cuidado com a Force. Os pilotos estão motivados e a equipa parece estar a crescer também. Um fim de semana em grande que abre boas perspectivas para o futuro. Ah: já se fala de Hulkenberg para o lugar de Bottas caso este saia para a Ferrari. Afinal ir a LeMans compensou e de que maneira.

Lotus: Segura Maldondado!

Pastor parece que foi à manicura e apresentou este fim de semana um “kit de unhas” apreciável. Das duas vezes que se “esticou” e errou conseguiu segurar o carro com mestria, sinal que aquelas mãos quando não são atrapalhadas por paragens cerebrais sabem o que fazem. Depois de uma seca de pontos, o venezuelano está a ressurgir e a ajudar a equipa como devia ter feito de inicio, embora muito fustigado pelo azar. Azar esse que não larga a equipa que viu Grosjean desistir com problemas de caixa. Podia ter sido um bom fim de semana e a equipa, tal como prevíamos, mostrou um andamento apreciável, numa pista que os favorecia. Pouco a pouco a equipa vai mostrando o que pode fazer.

Toro Rosso: Verstappen não é fácil de ultrapassar.

O miúdo tem feito correr muita tinta e mostra-o a cada prova. Ora pelas capacidades de ultrapassagem, ora pela forma como defende. E na Áustria teve oportunidade de mostar isso tudo. Bottas e Maldonado suaram para o passar, mesmo com carros superiores e quando foi preciso ultrapassar, Max conseguiu fazer o truque do costume… travar um nada depois dos outros e ficar na frente. Um bom resultado dentro dos possíveis para o holandês. Já Sainz, com problemas no carro, não teve oportunidade de brilhar tanto mas a qualidade do espanhol pode ser equiparada à do seu colega de equipa. Num fim de semana que se previa mau para a Toro Rosso, 2 pontos são motivos para sorrir.

Red Bull: Vergonha em casa.

Já se sabia que não eram esperados milagres na Red Bull. Mas não fosse o esforço de Ricciardo e nem um ponto conseguiriam. O australiano geriu perfeitamente a sua corrida de forma a poder atacar um pouco mais no final e assim chegar aos pontos. Não é este tipo de corrida que mais favorece o estilo do Sr Sorrisos mas lutou até ao fim pelo melhor lugar possível. Já Kvyat, com um toque no inicio com Perez ficou com a corrida estragada, pois os danos no carro afectavam a performance. Não foi mais que um alvo fácil para quem se chegou à sua traseira. Depois da publicidade negativa feita em torno do GP da Áustria onde disseram que Hamilton iria vencer esta e todas as outras corridas, a Red Bull continua com uma atitude pouco construtiva denegrindo muito a imagem de um desporto que não faz nada para se proteger. Mas isto das equipas grandes da F1 são como bebés a quem quando se tira a chupeta desatam a chorar sem fim.

Sauber: Nasr outra vez.

Depois de um GP do Canadá fraco, Nasr voltou a mostrar qualidade. Não chegou aos pontos mas tentou e andou por lá perto toda a corrida. Não tem carro para mais e isso dificulta a vida do brasileiro. Mas parece claro que já conquistou um lugar na F1 e que tem qualidade para tal. Já Ericsson… falsa partida no inicio da corrida e uma prova onde nunca teve andamento para se chegar à frente. A sorte foi ter havido tantas desistências. Podem trocar de piloto se faz favor?

Manor: devagar se vai indo

Nada a dizer. O carro novo se calhar só vem para 2016 afinal, se calhar com um motor Honda ( se este não anda muito vai ser bonito com um Honda, dirão alguns). Até lá o papel de chicane móvel cumprido na perfeição e Mehri a voltar a ser melhor que Stevens. Nós que dizíamos que o britânico era melhor, continuamos a afirmar isso até prova em contrário. Mas foi Mehri a fazer o melhor resultado final do ano.

McLaren: com as mão na cabeça.

O desastre começa a assumir proporções gigantescas. Mais uma dupla desistência para a equipa. Alonso fez questão de mostrar que quando quer pode ficar por cima da Ferrari, mesmo que isso implique métodos pouco ortodoxos, e Button foi pedido para regressar mais cedo, pois a máquina não estava bem de saúde e a tendência era piorar. Sem ritmo, sem fiabilidade e com cada vez menos respostas para dar. A McLaren está num beco escuro e a Honda não encontra a luz para melhorar a situação. Já se fala da na saída de Ron Dennis da estrutura da equipa, ele que está de costas voltadas com o outro accionista principal Mansour Ojjeh. Mas se Ron sai… o barco vai ao fundo. E nós nem queremos pensar nisso. Se há pessoa que pode colocar a equipa no rumo certo é ele. Mas é preciso repensar tudo. E depressa.

FIA: deixem-se de tantas regras...ok?

No grid de 20 carro, penalizar um carro em 25 lugares é de loucos. Tentar atrair novas marcas e castrar todas as tentativas de desenvolvimento da Honda é… parvo. A F1 tem demasiadas regras. Demasiados “ses”. Não se quer que seja um desporto demasiado simples mas complicar assim tanto é suicídio para quem quer atrair novos públicos. É como uma mulher que de tão difícil que se faz perde todo o interesse pois por mais que se faça vai arranjar sempre uma desculpa para não aparecer ao encontro. Mas alguém no seu perfeito juízo quer entrar na F1, se não deixarem desenvolver o carro como quiserem? Ou em caso de desgraça como a Renault e a Honda, não serem ajudados. Estas duas equipas precisavam de 2 ou 3 semanas de permissão para desenvolvimento livre para assim se poderem juntar a Ferrari e Mercedes. Mais a Honda pois entrou este ano e merecia tratamento diferenciado. Mas pelo bem do desporto a Renault devia ser incluída. Lembram-se do que fizeram à Mercedes no DTM? Pois era isso mesmo. Mas para isso é preciso que as outras equipas permitam. E lembram-se da teoria dos bebés e das chupetas que falamos na Red Bull. O que acontece a um menino invejoso quando se dá mais mimo aos outros? Pois o problema é mesmo esse. Mas se nada for feito… atrair novas equipas para a F1 não será nada mais que utópico.

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