André Villas Boas, Leonardo Jardim, Danny, Neto, Garay, Javi Garcia, Witsel, Hulk, Bernardo Silva, João Moutinho, Falcão e Ricardo Carvalho. O que é que esta constelação de estrelas têm em comum? Regressam a Portugal para defrontar o Benfica neste grupo C da Liga dos Campeões. Poderia, sem dúvida, ter sido um sorteio mais simpático para as águias visto que qualquer uma das equipas tem hipótese de disputar o primeiro lugar do apuramento para os oitavos de final da prova. Apesar de nem o Zenit, nem o Leverkusen nem o Monáco serem os denominados tubarões da Europa, a verdade é que todos eles têm equipas fortíssimas para avançarem na prova.

A pergunta que reina é que Benfica poderemos esperar num dos grupos mais renhidos da Champions deste ano? Com as saídas de jogadores de calibre como Garay, Markovic, Oblak e Rodrigo, o Benfica encontra-se mais vulnerável para um prova que exige bastante dos jogadores. Conseguirá Luis Felipe Vieira manter Enzo, Gaitán e Salvio de modo a lutar pelo primeiro lugar deste grupo, ou deixará também escapar esses craques e colocar o Benfica num patamar de Liga Europa? Muitas perguntas que só terão resposta na primeira jornada desta Liga dos Campeões.

Zenit, a magia também vem do gelo

O primeiro adversário que saiu em sorte ao Benfica foi o Zenit, naquela pequena bola tirada por Fernando Hierro, um dos convidados da cerimónia da Uefa. Até aqui nem tudo parecia muito mau para a turma da Luz visto que o saldo com os russos até é positivo. Na época 2011/2012 o Benfica defrontou nos oitavos de final da prova o Zenit, acabando por eliminar os russos depois de uma derrota por 3-2 em Petersburgo e de uma vitória na Luz por 2-0 que carimbou a passagem das águias para os quartos de final.

Mas muita coisa mudou no Zenit, principalmente no comando técnico. André Villas Boas assumiu o cargo de treinador já no fim da época passada o que não se revelou uma grande opção visto ter não ter conseguido o título que já parecia impossível quando ingressou nos russos. Contudo, esta época tem-se revelado bastante diferente e isso nota-se só pelo número de golos marcados e sofridos pela equipa no campeonato: 17 marcados e 2 sofridos em apenas 5 jogos! Começa a ser um Zenit muito à imagem do que AVB fez com o FC Porto.

Aliando esta maneira de jogar implementada por AVB com as contratações de Javi Garcia e Garay, o Zenit tem uma equipa temível. Danny, Kerzhakov e Rondón são autênticas flechas apontadas às equipas adversárias, num estilo de jogo bastante apoiado e que tem como alvo principal o brasileiro Hulk que se encontra num momento de forma incrível. Hulk vai ser uma dor de cabeça para a defensiva encarnada, com remates de fora da área ou com incursões pela linha que desmontem a defensiva do Benfica. Em dois jogos de reencontros, os dados estão lançados para partidas bastante disputadas.

Frieza alemã espelhada neste Leverkusen

A terceira bola retirada, do pote onde estava o outro representante português, o Sporting, começou a indicar o caminho árduo que o Benfica teria de percorrer. Nem mais nem menos que os alemães do Bayer Leverkusen que não deram qualquer tipo de hipóteses nesta pré eliminatória da Liga dos Campeões. Frente a um sempre organizado Copenhaga, o Leverkusen venceu por 3-2 na Dinamarca e aniquilou os dinamarqueses em casa por uns expressivos 4-0. Pelo meio ainda houve a primeira jornada do campeonato onde os pupilos de Roger Schmidt derrotaram por 2-0 o segundo classificado da época passada e vencedor da Supertaça... Borussia Dortumnd.

Razões para ter respeito? Sim. Razões para ter medo dos alemães? Não. Recordemos a época de 2012/2013 mas desta feita na Liga Europa. O Benfica bateu os alemães tanto na Alemanha como na Luz passando em frente na prova. Contudo, os tempos são outros e a entrada de Schmidt para o cargo técnico é algo a ter em conta. Este treinador que deu cartas no Red Bull de Salzburgo enfrenta agora este desafio num dos grandes da Bundesliga, tendo como base misturar a irreverência da juventude com a tranquilidade dos mais experientes.

Com as saídas de jogadores com Can, Guardado e Sam a equipa precisou de ir ao mercado contratar jogadores que pudessem acrescentar coisas positivas a uma equipa que continua a ter como alvo principal o avançado Kiessling. Esta ida ao mercado foi fulcral para encontrar 3 jogadores que têm feito companhia ao experiente avançado alemão. Estamos a falar do marroquino Bellarabi, do coreano Ryu e da estrela da companhia, proveniente do Hamburgo, Calhanoglu. Aliás, no jogo de ontem frente ao Copenhaga, os 4 golos marcados foram da autoria destes jogadores, Ryu, Calhanoglu e dois de Kiessling. Na defesa, encontra-se o veterano bósnio Spahic, Boenisch e Topak, jogadores com muita experiência de futebol internacional. Não se avizinha fácil a ida do Benfica à Alemanha.

Teoricamente o mais fácil... mas não, é o Mónaco

O pote 4 era aquela que poderia satisfazer o desejo de facilidades dos portugueses. E, em parte, isso foi verdade. O Sporting teve como sorte o modesto Maribor da Eslovénia. O FC Porto irá defrontar o Bate Borisov. E neste teorema português só falta o campeão que definitivamente não queria ter como sorte apanhar a Roma ou o Monaco, os dois colossos deste pote enganador. Na altura da pequena bola sair com o nome, o instinto dizia que iria ser uma equipa teoricamente mais acessível. Precisamente o contrário, foi o Monaco de Leonardo Jardim. "Mas que grupo!" deve ter sido o primeiro pensamento de Nuno Gomes, o representante do Benfica no Fórum Grimaldi.

4 equipas de valor semelhante a lutarem por dois lugares na fase a eliminar na Champions. Nada se afigura fácil para o Benfica, ainda menos com este Monaco que tão bem conhece o que se passa dentro do Estádio da Luz devido ao contigente português que lá "milita". Leonardo Jardim, João Moutinho, Bernardo Silva (ex-jogador do Benfica), Ricardo Carvalho e ainda Radamel Falcão, Fabinho, Elderson e Wallace tudo com passagens por Portugal prometem complicar as contas deste grupo C. Contudo, os tempos recentes não têm sido fáceis para a turma de Leonardo Jardim, muito pelo contrário. Com a saída de James para o Real, a falta de criatividade no meio campo tornou-se óbvio, ainda mais com as derrotas perante o modesto Lorient e com o Bordéus por uns expressivos 4-1. Leonardo Jardim ainda tem muito trabalho pela frente.

Se a defesa do Monaco parece ser muito vulnerável aos ataques contrários com Raggi, Abdennour ou Ricardo Carvalho a revelarem-se muito parados para a velocidade dos pontas de lança das equipas francesas, o ataque monegasco tem pérolas brutas para fuzilar qualquer defesa. Radamel Falcão ou Dimitar Berbatov, basta escolher entre dois dos melhores avançados do mundo, sempre com a ajuda do pequeno Germain e de Carrasco, o miúdo que promete bastante. A estrela da companhia, Falcão, depois de todas as complicações passadas por causa da lesão da época passada, já se encontra recuperado e pronto para uma época de sucesso.