Findo o Campeonato do Mundo 2014, e dado o desempenho mais apagado de Cristiano Ronaldo muito por culpa de uma tendinite rotuliana no joelho esquerdo, poucos acreditavam que o português voltasse a realizar uma temporada 2014/2015 que se aproximasse dos números época transacta, em que se sagrou melhor marcador da Liga dos Campeões (com direito ao recorde de mais golos marcados numa única edição), melhor marcador da La Liga, melhor marcador de sempre da selecção portuguesa, superou o lendário Ferenc Puskas na lista de melhores marcadores de sempre da história do Real Madrid e arrecadou em conjunto com Luís Suaréz a Bota de Ouro das Ligas Europeias.

No primeiro jogo oficial da presente temporada, na Supertaça Europeia frente ao Sevilla, em Cardiff, El Bicho, como Manolo Lama tão adequadamente intitula o ainda Bola de Ouro, presenteou-nos com dois espectaculares golos e uma exibição de encher o olho, afirmando, no final da partida, “estou de volta”. Mas não por muito tempo, com Ronaldo a participar apenas em uma metade de cada uma das partidas da Supertaça Espanhola, competição que os merengues acabariam por perder para os rivais do Atlético de Madrid.

Quem não acreditava que Cristiano fosse capaz de repetir uma das mais brilhantes temporadas de sempre de um jogador a nível individual, vangloriou-se dos seus prognósticos, reiterando que a lesão de Ronaldo era crónica e que nunca mais seria o mesmo jogador.

A pré-época de Ronaldo começou em jogos oficiais, mas nem isso o impediu de ir inscrevendo o seu nome nas listas de marcadores nos jogos em que participava, frente a Córdoba, Atlético e Basileia. E porque os grandes jogadores são assim, imunes à crítica e confiantes nas suas capacidades, após uma regeneradora paragem para selecções, Ronaldo regressa à estratosfera a que pertence para assinar um hat-trick frente ao Deportivo, mais um poker frente ao Elche, novo hat-trick frente ao Athletic e um bis frente ao Levante.

De repente, o jogador que «nunca mais seria o mesmo», que «não voltaria a repetir números como os do ano passado», assina o seu melhor arranque de sempre, aos 29 anos, batendo um recorde com mais de 70 anos pertencente a Echevarria, ao assinar 15 golos nas primeiras 8 jornadas da Liga BBVA.

Explicações? Não existem. Não se encontra justificação possível que não astronómicas força de vontade e capacidade de trabalho para um jogador que desde 2008 só sabe melhorar, atingindo números de 40, 50, 60 golos por época. Resta-nos então a metafísica, transcendentalismo, e até para alguns, fé. Primeiro jogador a facturar frente a todas as equipas da liga numa só temporada; primeiro a marcar em seis Clássicos consecutivos; jogador que mais rápido chegou aos 150 golos na liga espanhola; jogador da história do Real Madrid com mais hat-tricks  numa só temporada; e, possivelmente, futuro melhor marcador de sempre da Liga dos Campeões. É isto Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, inexplicável, ininteligível, inigualável.

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