Em perspectiva de mais um Argentina x Portugal, conheça a dinâmica ofensiva da vice campeã do mundo que engloba estrelas que dispensam qualquer apresentação. O foco em Messi é merecido mas excluir da equação finalizadores e tecnicistas como Aguero, Tévez, Higuaín ou Di María seria um desperdício. Para a defesa das quinas, fica o aviso de uma das máquinas mais ofensivas do futebol Mundial.

Mascherano e Enzo dão liberdade aos astros da frente

Com a chegada de Enzo ao miolo da Argentina, a interação com Mascherano tem sido um autêntico equilíbrio entre o sector defensivo e ofensivo. Uma das questões mais evidentes nesta geração talentosa residia no fraco aproveitamento de um conjunto vasto de atacantes, tudo porque a defesa e o meio campo descompensavam as propensões ofensivas da selecção Argentina.

Táctica argentina na final de 2014

Com o trabalho de Sabella durante o mundial do Brasil, o mundo do futebol assistiu à construção de uma Argentina mais equilibrada e com os setores organizados e definidos que dava liberdade a jogadores como Di María, Aguero, Messi e Higuaín para brindarem os aficcionados com toda a sua técnica, criatividade e espírito goleador mortífero, que levou a nação albiceleste a receber a medalha de prata no Mundial de 2014.

Com o novo comandante do corpo técnico da equipa, ao treinador Tata Martino fica a ideia de uma certa continuidade do legado que quase representou o título Mundial. A chave para construir um ataque eficaz é apostar na consolidação do setor intermediário. Atentemos ao muro que Mascherano representa: o trinco é sem dúvida um dos médios mais evoluídos tacticamente ao nível mundial e sabe sempre surgir no sítio certo e pisar os terrenos certos, valendo também a qualidade e a inteligência que aplica no corte às construções dos adversários.

O jogador do Barcelona tem a característica de poder destruir jogo sendo ele mesmo a também poder iniciar a saída para o ataque, residindo no médio um dos grandes segredos ofensivos dos argentinos. A capacidade de passe e a visão de jogo de Mascherano conta agora com a companhia de Enzo, depois de tantas provas dadas de águia ao peito.

Com um trinco como Mascherano e um pivot como Enzo (visão de jogo tremenda, polivalente e equilibrador de jogo nas diferentes fases de um encontro), que tem um forte poder de pressão alta, quem fica a ganhar é o ataque com uma dinâmica não antes vista, sendo atualmente possível afirmar que a Argentina é uma seleção adaptada à realidade de uma equipa europeia, que defende eficazmente equilibrada no meio-campo e com a particularidade de contar com uma manobra ofensiva quase inigualável.

De Aguero para Di María, passando por Messi… “Nada de mais”!

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Depois da análise do setor intermediário atendemos agora à importância de Di María (11 golos pela Argentina) nas diferentes posições que ocupa dentro das 4 linhas. O atleta do Manchester United ganhou um sentido tático extraordinário com Ancelotti ao serviço do Real Madrid e deixou de ser somente um extremo, passando a ocupar terrenos de um 10 ou até de um 8. De trás para a frente, Di María recua em algumas ocasiões para ajudar Enzo na pressão aos adversários, fazendo valer também a sua invulgar velocidade de processos que permite variâncias táticas na seleção argentina de 4-4-2 para um 4-3-3, em que Di María vai variando o seu papel enquanto médio ofensivo, alternando com Messi essa posição de 10 com a de extremo, sendo uma mais valia técnico-tática sem esquecer o forte remate e as assistências primorosas de classe pura.

O factor Messi (melhor marcador de sempre da selecção com 45 tiros certeiros) continua a ser um pouco controverso atendendo ao fraco rendimento no Barça que acaba por fragilizar um pouco uma seleção que, com o Messi de outros tempos, poderia até ter conquistado o título mundial diante a Alemanha. Mesmo em má forma, a pulga não precisa de apresentações e é sempre um elemento que provoca desequilíbrio e que a qualquer momento pode decidir qualquer partida com dribles invulgares de um estilo incomparável, que só o próprio Messi alcança. Outra característica que apenas o astro do Barça evidencia é a imprevisibilidade de posições que o faz emergir facilmente numa ala, no meio campo e em zonas de ponta de lança onde é muitas vezes letal, tendo sido fulcral na caminhada até à final do Maracanã.

Os ratos de área Aguero (22 tentos ao serviço da selecção) e Higuaín (24 festejos) são também eles polivalentes e têm uma mobilidade e um instinto goleador que tornam muito difícil o trabalho de qualquer último reduto. O exemplo de Tévez (13 golos) é insólito, visto que nem esteve no Mundial perante tanta variedade da frente de ataque da Argentina. O jogador da Juventus regressa agora com Martino e é um ponta de lança experiente que tem muito futebol para perfumar as redes contrárias.

Em suma, esta demolidora frente de ataque representa 115 tiros certeiros ao serviço dos sul americanos e estando em perspetiva um Argentina x Portugal, resta a Cristiano Ronaldo ser o coreógrafo e levar de vencida o difícil tango que os argentinos “dançam” frente a qualquer equipa.