Ponto final na ligação de Carlos Queiroz com a selecção do Irão. Depois de vários avanços e recuos, o treinador português pôs fim à aventura nas Ásias que teve como ponto alto a participação no Campeonato do Mundo no Brasil, em 2014. O técnico justificou a sua saída com as «pressões externas» como principal razão para o abandono, anunciou a Federação Iraniana de Futebol esta Sexta-feira.

«Não queria sair e isso não fazia parte dos meus planos. Mesmo a direcção da federação não queria que saísse, mas as duas partes acabaram por chegar a acordo por causa de pressões», declarou Queiroz à agência Fars, sem especificar a que pressões se refere.

Um adeus anunciado

Sem tem estado atento ao trabalho de Queiroz no Irão, esta saída não é supresa nenhuma. Já era expectável. O treinador de 62 anos, quando tomou o cargo de selecionador do Irão em 2011, já levava consigo uma elevada experiência no que toca a treinar selecções, depois das passagens pelos Emirados Árabes Unidos (1999), África do Sul (2000-02) e Portugal (2008-10). Mas desde cedo que o português sabia que o projeto que tinha pela frente estava rodeado de problemas externos e internos.

As limitações financeiras relacionadas com sanções económicas internacionais, o que levou que a várias selecções a recusassem convites para jogos de preparação, foram o maior problema. Mesmo assim, o ex-adjunto de Alex Ferguson foi competente e conseguiria apurar pela quarta vez na história o Irão para o Mundial'14. A equipa viria a ter uma curta estadia no Brasil, ao ser elimanada na fase de grupos com um empate e duas derrotas. A partir daí foram constantes os avanços e recuos na relação entre a Federação e o técnico.

Ainda durante a competição, Queiroz viria a queixar-se de não sentir o apoio do governo iraniano nem da federação de futebol. Após longos ziguezagues, acabaria por assinar em Setembro passado um contrato válido até ao Mundial de 2018 que irá decorrer na Rússia.

Foi já sobre esse contrato que Queiroz participou na Taça da Ásia. Porém, a preparação para essa competição não foi de todo fácil: «Tem sido muito difícil trabalhar. Sofremos muito para preparar os encontros particulares e para conseguirmos fazer viagens para fora do país. Os jogadores são vítimas das sanções e a situação tem piorado desde o Mundial», expôs à AFP, em Janeiro. Viria também a crtitcar a FIFA  a Confederação Asiática de Futebol, pelo facto de não terem libertado a verba de quase sete milhões de euros que o Irão recebeu com a presença no Mundial do Brasil. Mesmo com todas essas adversidades, o Irão faria uma boa campanha caindo nos quartos-de-final frente ao Iraque no desempate por grandes penalidades. 

Não aguentou mais até se ter demitido está sexta-feira. «[Carlos Queiroz] não podia continuar nesta situação e demitiu-se do seu cargo. Não conseguimos convencê-lo a ficar», declarou o presidente da federação, Ali Kaffashian.

Irão tem este mês dois jogos amigáveis a disputar. Um contra o Chile (25 de Março) e outro contra a Suécia (31 de Março). Carlos Queiroz ainda estará no banco nestes dois jogos mas já sem a preocupação de ter a consciência na alma.