Ontem, perante um estádio Nacional de Santiago repleto de esperança, a selecção anfitriã do Chile entrou em campo pronta para desenhar o primeiro capítulo ganhador da História futebolística do país - a 90 minutos de poder vencer a Copa América, o Chile, que nunca vencera a competição, saberia que a tarefa seria hercúlea. Do outro lado, a Argentina de Messi, Di María, Mascherano, Aguero e companhia, apresentava-se como favorita à conquista de um troféu que lhe escapava desde 1993.

Mas a confiança chilena estava, como sempre esteve durante a prova, em alta: com um virtuoso Alexis Sánchez em forma imparável, com um Eduardo Vargas sempre na iminência de ameaçar das defesas contrárias e um Arturo Vidal habituado a pegar na batuta da orquestra chilena, o Chile sabia ter armas suficientes para disputar a final com assertividade e legítima esperança. E, tal como se previa, o equilíbrio registado entre as duas formações foi nota dominante durante os 90 minutos.

Com Messi preso a marcações cerradas, Aguero rodeado pelo apertado perímetro defensivo chileno e um meio-campo sem ideias nem coerência (feito por um Biglia incapaz de progredir com a bola e pensar o jogo e um Pastore funcional apenas por fogachos), a Argentina não foi capaz de desenvolver um jogo colectivo capaz de fazer tremer o edifício defensivo do Chile. O jogo desenrolou-se através de esticões e contra-ataques, com intérpretes velozes como Di María ou Sánchez a tentarem fazer a diferença - sem efeito.

O passar dos minutos permitiu aos espectadores verem a perícia dos guarda-redes: Sergio Romero interceptou o remate de Vidal e depois foi Claudio Bravo a negar o golo argentino, tanto a Di María como mais tarde a Lavezzi, que entrou na segunda parte para substituir o compatriota, lesionado. Com o volver da segunda parte, a Argentina, de tracção atrás, permitiu veleidades ao Chile, que, com Matías Fernández em campo, subiu de rendimento em termos de controlo territorial.

O persistente 0-0 obrigou a prolongamento, que nada mudou; na decisão das grandes penalidades, Messi marcou sem dificuldades mas Gonzalo Higuaín desperdiçou de forma néscia, atirando a bola para o espaço sideral. O centrocampista Banega encarregou-se de dar facada final no peito da própria «alviceleste», permitindo uma boa defesa a Bravo; com a responsabilidade de fechar a contenda, Alexis Sánchez executou uma penalidade à 'Panenka', permitindo e explosão de alegria em Santiago.

Festa chilena (Foto: IB Times)

A selecção de Jorge Sampaoli escreveu um capítulo inesquecível, erguendo a Copa América pela primeira vez e consagrando um conjunto de jogadores de nível mundial, como Sánchez, Vidal, Isla, Vargas, Medel, Valdivia, entre outros. A Argentina, que não vence o troféu há mais de 20 anos, permanece em jejum, novamente caindo nas grandes penalidades, tristeza que acontecera já no Mundial 2014, diante da Holanda.