Foi um Benfica diferente, para melhor, aquele que se viu esta noite no Estádio da Luz, em jogo a contar para a sexta e última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Em casa, e frente a um Paris Saint-Germain (PSG) já apurado e sem algumas das suas estrelas, os encarnados foram quase sempre superiores e o resultado final (2-1) bem que poderia ter sido mais volumoso. Falhou, essencialmente, acerto em frente à baliza. O regresso ao 4-3-3 trouxe proveitos e o esquema permitiu maior liberdade criativa ao homem que carregou o Benfica para a frente, Enzo Pérez.

O Benfica tinha uma ténue esperança de prosseguir no comboio da Liga dos Campeões. Para tal, era necessária a conjugação dos resultados nos dois encontros do grupo. As contas eram simples: o Benfica teria que fazer melhor na recepção aos franceses do que o Olympiakos na recepção ao Anderlecht. O Benfica fez hoje o que lhe competia, e que não conseguiu fazer noutros jogos. Mas o milagre em Atenas não aconteceu.

Paris Saint-Germain quis repetir primeira volta mas Benfica não deixou

Os primeiros cinco minutos do encontro bem que podiam ser a continuação do jogo entre encarnados e franceses da primeira metade da fase de grupos, realizado em Paris. Nesse dia, os parisienses passearam em campo, trocando o esférico sem que o Benfica conseguisse sequer incomodar o seu sector mais recuado. Nesse dia, os parisienses ganharam por 3-0 e a ideia que ficou foi a de que não fizeram mais porque não lhes apeteceu. Ora, o PSG entrou hoje na Luz com a mesma toada. E o Benfica até que o permitiu. O Estádio da Luz não gostou e as primeiras assobiadelas surgiram muito cedo. Só que ao minuto 5', Enzo Pérez, que jogou hoje com mais espaço à frente da dupla Matic-Fejsa, apareceu com perigo à entrada da área dos franceses e atirou colocado para voo espectacular de Sirigu. Estava dado o mote e o Benfica pegou no jogo a partir daí.

Desacerto na frente, meio campo permissivo

O lance de Enzo Pérez mudou o jogo por completo. O Benfica parece ter acordado para uma realidade que estava à vista de todos: do outro lada estava um PSG com pouca vontade de jogar e sem muitos dos elementos que fizeram estragos em Paris. Só que um maior pendor ofensivo encarnado não significava, de todo, um controlo sobre o jogo. O Benfica falhava oportunidades claras, com Lima em plano de destaque pela negativa, e não conseguia entender-se a meio campo, permitindo variadas saídas dos franceses para o contra-golpe. Nesta fase, só dava Ménez no ataque do PSG. O extremo, habitual suplente, teve muita liberdade na esquerda do ataque, dado o habitual pendor ofensivo do lateral Maxi Pereira. Valia ao Benfica a desinspiração do jogador francês. 

Golo parisiense contra a corrente do jogo

Em momento algum, na primeira parte, o coração dos adeptos encarnados teve possibilidade de bater mais suavemente. O jogo estava partido, o Benfica atacava mais e dispunha de mais oportunidades mas o PSG chegava à baliza de Artur com uma facilidade exasperante. E numa bola parada (outra vez as bolas paradas), o golo dos visitantes. Como quem não marca, sofre, estava visto o filme. O esférico não é aliviado correctamente pela defesa benfiquista e passa duas vezes em frente à baliza de um Artur perdido. À segunda apareceu Cavani para empurrar para as redes desertas. Fez-se silêncio na Luz. Até porque de Atenas chegava a notícia de que o Olympiakos já vencia. Só que, quase em simultâneo com o golo do PSG, o Anderlecht empatou na Grécia e os adeptos não desanimaram. Nem os jogadores encarnados.

Reacção do Benfica surgiu pouco depois

O golo do Anderlecht em Atenas dava um novo alento aos encarnados que, diga-se, faziam pouco na Luz para merecer a oportunidade desejada. Só que um penalti caído do céu fez a esperança regressar. Sílvio entrou na área com toques de futebol de praia e Traoré atropelou-o. Na conversão da grande penalidade, Lima não desaproveitou. Este Benfica só parecia conseguir chegar lá de penalti. E sobre Lima, a mesma coisa.

Segunda parte do melhor que se viu deste Benfica

O Benfica nunca tinha perdido contra equipas francesas em sua casa e chegava a este jogo depois de oito jogos europeus sem conhecer o sabor da derrota. E o segundo tempo mostrou algumas das razões para a sequência caseira positiva. Adeptos e jogadores uniram-se na procura da vitória e os últimos 45 minutos foram de uma qualidade que pouco se tem visto esta temporada. É verdade que em momento algum o PSG pareceu muito interessado no resultado a levar de França. Mas o orgulho dos muitos craques em campo pareceu ferido quando se percebeu que a equipa já nem conseguia sair para o ataque. Não foi surpresa nenhuma a chegada do Benfica à liderança do marcador, quando Gaitán finalizou uma jogada muito bem trabalhada por Enzo Pérez e Maxi Pereira na direita.

No banco, Laurent Blanc não gostava do que estava a ver e chamou Lavezzi e Matuidi à acção. Mas o jogo mudou pouco. O Benfica continuava a desperdiçar oportunidades atrás de oportunidades mas nesta altura já todos estavam com um ouvido em Atenas. O jogo da Luz terminou com a vitória encarnada... mas já não foi a tempo de apanhar o comboio da Champions.

Olympiakos não permitiu surpresa na Grécia

Apesar da exibição convincente do Benfica e, sobretudo, do resultado favorável, o Olympiakos cumpriu a sua tarefa e segue na prova milionária, relegando a equipa portuguesa para a Liga Europa. Em Atenas, os gregos começaram melhor com um golo do ex-benfiquista Saviola (34'). Só que, quando se esperava que o golo acalmasse o jogo e permitisse um controlo aos gregos, o Anderlecht empatou por Kljestan (39') e reavivou as contas do grupo. Porém, a segunda parte dificilmente poderia ter corrido pior aos belgas. Logo ao minuto 49,  o central Koyate fez grande penalidade e viu o segundo cartão amarelo e consequente vermelho. Javier Saviola foi chamado à conversão... mas falhou. O avançado argentino não marcou aí mas marcou 9 minutos depois, completando o bis. O Olympiakos vencia por 2-1 e jogava contra dez. Tudo a seu favor.

Mas o jogo ainda teve muita história. Ao minuto 71, N'Sakala cometeu nova infracção na área belga mas Weiss, chamado desta feita a bater da marca dos onze metros, também não conseguiu introduzir a bola na baliza do Anderlecht. Os belgas mantinham-se de pé mas acabaram por cair diante tantas adversidades. É que depois da segunda grande penalidade desperdiçada, o Olympiakos teve uma terceira, e desta feita Dominguez converteu. O 3-1 acabou sendo o resultado final, com o Anderlecht a acabar o jogo com oito elementos.