Hoje o Porto mostrou uma boa imagem no que ao jogo se refere, mas voltou a exibir pouca efectividade na baliza rival, o que parece ser a característica da equipa de Fonseca nesta época. Quatro bolas aos postes, uma grande penalidade falhada e uma boa colecção de oportunidades que noutros anos eram golos certos: esse é o balanço do jogo no Vicente Calderón.

Do outro lado o Atlético voltou a demonstrar a seriedade que o converte num candidato aos títulos da Liga e da Champions League. Um plantel que, feitas as alterações no onze, com um meio campo novo, ainda conseguiu manter sua baliza a zero e aproveitar alguma das poucas oportunidades de que desfrutou, aproveitando dois erros dos portistas.

Primeiro golpe bem cedo

A saia da equipa de Paulo Fonseca foi impecável, sem nenhuma objecção possível os ‘dragões’ foram a pelos três pontos e já no minuto 7 a conexão Josué-Jackson começava a funcionar. Um cruzamento do português foi rematado pelo goleador portista, mas pela primeira vez na noite os postes impediram o golo portista. A bola foi à barra e o Porto mostrava suas intenções.

Também é justo dizer que o clube da Invicta mereceu mais e que a má sorte acabou por pôr o jogo do lado espanhol. A má sorte e uma série de erros da defesa que permitiu que um lançamento de banda fora controlado por Raúl García na área. Depois Maicon deixou que o médio do Atlético girasse-se e rematara sem ângulo, então aconteceu o terceiro erro da jogada . Helton se confiou e tirou as mãos, permitindo que a bola acabasse nas redes.

Era o minuto treze e o bom início do Porto foi deitado ao lixo pelo próprio clube portista. Mas outra vez iriam a mostrar carácter, voltaram a atacar e depois de assediar a área do Aranzubia, no minuto 20 Varela ia a voltar a encontrar-se com a barra. Outro centro desde o lateral bem rematado com a cabeça pelo extremo fazia impossível a intervenção do guarda-redes local, mas voltava encontrar um dos postes.

Mau momento para a primeira vez

O F.C. Porto não se rendeu e continuou à procura do golo que equilibrasse o jogo e que voltasse a colocá-lo na corrida pela classificação à seguinte fase. E como se o jogo estivesse escrito a cada 7 minutos, os ‘dragões’ dispuseram de uma oportunidade de ouro para fazer golo no minuto 27: Aranzubia derruba Jackson Martínez e o árbitro assinala a grande penalidade.

Foi Josué a marcar o penálti. O médio ainda não tinha falhado nenhum com pelos portistas e o guarda-redes ‘colchonero’ iria a encarregar-se de mudar a história. Grande defesa de Aranzubia e bola para canto. Ainda não se tinha jogado a primeira meia hora e já parecia claro que aquele não ia a ser o dia em que o F.C. Porto sairía vitorioso da capital de Espanha.

Aranzubia depois da defesa do penálti (Foto: A.G. Atlético de Madrid)

Do que pôde ser ao que foi

O erro da grande penalidade foi outro golpe para o F.C. Porto, que baixou a qualidade da exibição e Diego Costa avisou sobre o que viria pouco depois. Agora parecia que os locais tinham mais hipóteses de marcar o segundo, os portistas entraram num bloqueio espectacular e faziam erros na saída de bola que permitiam ao Atlético de Madrid estar mais perto da baliza de Helton.

Foi então que o ‘dragão’ acordou, pela mão de Varela, que fez uma grande jogada individual antes de ceder a bola a Jackson Martínez. O colombiano iria confirmar na sua própria pele que aquele não era o dia dos portistas, enviando a terceira bola ao poste.

Porém, na jogada a seguir, os do Atlético viriam a deixar as opções do Porto reduzidas a quase nada. Outro erro da defesa, muito passiva, permitiu a Diego Costa ficar isolado ante Helton, fugir ao do guarda-redes e rematar sem oposição. Minuto 36 e já estavam duas bolas a zero, justo no momento em que o Zenit também fazia o primeiro tento.

Segunda metade amarga

Os dez minutos antes do intervalo foram quase por completo dos madrilenos e o Porto quase agradeceu o intervalo. No balneário Fonseca devia passar uma dos seus exames pendentes, que a equipa a sair bem dos quinze minutos de pausa era chave para obter uma reviravolta que aproveitasse o empate que acabava de conseguir o Austria de Viena.

Mas os últimos 45 minutos do FC Porto nesta UEFA Champions League iriam terminar em impotência e com a confirmação de aquela lei de que diz que, se algo tem de sair mal, sairá mal, pois os jogadores de Fonseca venceram em todas as áreas do jogo aos homens de Simeone menos na única que importa no futebol: o golo.

Sem oportunidades tão claras como as  que dispôs na primeira metade, mas com boas chegadas à área de Aranzubia, os avançados portistas não logravam perfurar as redes locais. Nem Licá, que encontrou pela quarta vez o poste, nem Ghilas, nem o pouco acertado Jackson o conseguiriam fazer a distâncias mais curtas.

Foi assim que se chegou ao final, sem novidades, e com o Porto caminho da Liga Europa, competição onde terão que actuar com o único objectivo de uma viagem final à Itália. Se calhar o dia para vencer não foi o de ontem, no Calderón, mas sim o jogo de há duas semanas no Dragão, onde os azuis empataram a uma bola contra a equipa austríaca.