Cada ano o FC Porto está mais perto de ser a equipa com mais títulos da Liga lusa. A que pode ser a melhor equipa dos últimos vinte ou trinta em Portugal, voltou a desfrutar de mais um verão como campeão. Embora pelo caminho ficaram algumas desilusões e algum fracasso, com as Taças e Europa.

Assim foi que no período estival, Pinto da Costa e a direção desportiva decidiu trocar de treinador na procura de um salto na qualidade. O caminho no velho continente, pelo momento, está a correr pior e nas competições portuguesas a equipa vai ultrapassando os maus momentos para continuar com boas hipóteses de vitória final.

A águia se ajoelhou

Mas voltemos ao começo do ano, quando a Liga Zon Sagres era coisa do Porto e Benfica. Quando os portistas estavam nos oitavos da Champions League. Quando a Taça da Liga corria muito bem, as meias-finais estavam no saco, e na Taça de Portugal já não competia, depois de perder em dezembro contra o Braga.

Os esforços foram para a Liga e a Champions, pudendo ver ao Porto com o melhor nível no período do Vítor Pereira no banco. Facto que via-se favorecido pelo bom jogo que começava a fazer o Benfica. Mas a má sorte e a falta de golo deixou aos azuis e brancos fora da máxima competição do velho continente, a eliminatória contra o Málaga podia ter ficado resolvida no Dragão e os espanhóis o aproveitaram para levantar o resultado na segunda mão.

Já só havia que lutar pelo de casa: a Liga e a Taças da Liga. Na segunda o Rio Ave não foi rival quando visitou a cidade Invicta e se levou para Vila do Conde quatro golos das meias-finais. Depois a final contra o Braga voltaria a ser trágica para o Porto e os ‘guerreiros do Minho’ sairiam campeões de Coimbra.

Parecia que ia a ser uma época em branco para os portistas, pois na Liga já estavam com desvantagem de 4 pontos com o Benfica. De facto, ainda se mantinha a distância com três jornadas por disputar, quando um raio de luz entrou no Porto. As águias empataram antes de visitar ao seu rival pelo título e as duas equipas dependiam de si próprios. O resultado é bem conhecido e a imagem que o resume é Jorge Jesus, treinador benfiquista, ajoelhado no relvado do Dragão após do golo do Kelvin.

Um verão muito português

Ainda com o tri-campeonato, a decisão foi prescindir do treinador e apostar pela revelação da época que acabava de terminar. Paulo Fonseca ia a começar seu maior reto até a data, sabendo que João Moutinho, pilar fundamental da equipa, e James Rodríguez, um dos grandes valores do futuro, estavam a sair do clube. Tocava reorganizar a estrutura do plantel e o processo foi surpreendente.

Com 70 milhões recebidos pela venda ao Mónaco dos dois jogadores, o Porto poderia fazer uma boa inversão com alguns jogadores já contrastados no futebol europeu. Mas quando a porta de chegadas se abriu, os primeiro em aparecer foram Carlos Eduardo, Licá e Josué. Um brasileiro e dois portugueses, dois jogadores do Estoril e um do Paços de Ferreira. E por esse caminho iria a continuar a política de contratações.

Ricardo, Diego Reyes, Ghilas, Herrera e Quintero seriam os seguintes na listagem. Outra vez apostas de risco para o futuro. Fonseca tinha um bloco que quase se mantinha da época anterior, mas veia como ficava com jogadores que ainda deviam encaixar no plantel para dirigir o jogo da equipa. Com todo, o objectivo seguia a ser o mesmo e a corrida começou bem. O Vitória de Guimarães não foi rival na Supertaça, o Porto do Fonseca já ganhava sem grande esforço.

Novidades, há dúvidas

Com o novo projeto andando e com bom jogo no início, só era possível que a equipa fora a fazer cada vez melhores exibições. Mas isso estava muito longe do que ia a ser a realidade. A qualidade ofensiva começou a cair e o novo sistema de jogo, que ao principio parecia funcionar, não dava soluções cerca da baliza inimiga. O golo custava muito para depois ter problemas na geração de futebol.

Se fosse pouco com isso, chegou um mês de Novembro negro na Liga e se completou o pobre caminho na Champions League. Na grande competição europeia é onde mais se viram os problemas defensivos do Porto, aí os erros se pagam com golos em contra e os portistas acabaram na estrada para a Liga Europa por culpa deles. Quando todos nas bancadas olhavam para o novo treinador -a liderança na Liga também se perdeu-, Pinto da Costa saiu para dizer que o terceiro trimestre do ano acabou com saldo negativo na economia do clube.

Não havia pior forma para entrar no último mês do ano. As dúvidas começavam a aparecer em todos o lugares do Dragão. Então, com uma mistura de orgulho e coerência desde o banco, se produz uma mudança nos jogadores do Porto. Fonseca decidiu mexer ao Lucho para uma posição mais cômoda para o argentino e arriscou dando o controlo ofensivo da equipa a Carlos Eduardo.

Agora o sucesso parece mais perto e a Liga “recomeçará” com a visita ao estádio benfiquista na 15ª jornada. Antes deve vencer no Alvalade e segurar o passe na Taça da Liga. Duas provas de nível em pouco tempo que dirão se o ‘dragão’ alçou o voo ou ainda precisa de mais alguma coisa para aspirar ao tetra e a grandes objectivos na Europa.