Quando a equipa do Vitória de Guimarães pisou o relvado para defrontar o Olhanense, na passada jornada da Liga Zon Sagres, o líder técnico da armada vimaranense completou, no banco da equipa da cidade berço, cem jogos como treinador do Vitória. Rui Vitória, responsável técnico do clube do castelo, está vinculado à formação desde a época 2011/2012, altura em que trocou o Paços de Ferreira pelo Vitória de Guimarães: hoje, o treinador ribatejano, que passou grande parte da carreira de jogador como profissional do Vilafranquense, granjea de uma reputação admirável, facto a que não é alheia a conquista da Taça de Portugal, erguida de forma histórica frente ao Benfica, na época passada, depois de uma reviravolta épica alcançada nos minutos finais da partida. A coroação enquanto vencedor do histórico troféu consta como o momento mais alto da vida do clube da cidade de Guimarães, e o nome de Rui Vitória ficará, inquestionavelmente, ligado a esse período. Frente ao Nacional da Madeira, o técnico irá perfazer cem partidas com o emblema do clube, podendo perspectivar-se a sua manutenção à frente do plantel, contanto que a renovação contratual que o liga ao Vitória seja prolongada, como esperam os adeptos.

Arrumar, baralhar e voltar a arrumar

Desde que chegou ao clube, Rui Vitória tem sido desafiado, não só pela oposição das formações adversárias dentro de campo, mas também pelas contingências flutuantes da estrutura directiva e financeira do Vitória. Assolado por um momento financeiro ténue e irregular, o clube presidido por Júlio Mendes tem enfrentado carências económicas que obrigaram, desde logo, Rui Vitória a inventar soluções para os problemas criados pela falta de opções técnicas. Com muitas saídas de jogadores titulares, Vitória teve de reorganizar várias vezes a equipa: desde a perda imediata de tecnicistas como Nuno Assis ou João Alves, passando pela saída dos defesas El Adoua e N'Daye ou dos avançados Edgar Silva, Amido Baldé e Soudani, a muitas alterações o treinador foi obrigado, tapando os constantes buracos deixados pelas saídas em catadupa. 

Fruto, tanto da necessidade como do engenho subsequente, o Vitoria de Guimarães viu despontarem alguns talentos da sua própria formação: o central Paulo Oliveira, de 22 anos, assim como o lateral João Amorim, de 21, o médio Tiago Rodrigues (contratado e retornado ao clube, com aval do FC Porto, detendor do passe) ou o avançado Tomané, de 21 anos - que tem gradualmente entrado no onze com sucesso imediato - têm sido reflexo da aposta do clube na qualidade jovem que provém da formação, factor que apenas abrilhanta o trabalho de Rui Vitória, já acostumado a adaptar-se às dificuldades do clube. 

Taça de Portugal no currículo

O nono lugar obtido no culminar do campeonato 2012/2013 foi um mal menor em relação aos tumultos administrativos que o clube atravessou. Já o feito vitorioso na Taça de Portugal foi o prémio que celebrou o empenho do clube, finalista ganhador diante do favorito Benfica, que até foi o primeiro a estar em vantagem na partida de todas as decisões. Soudani e Ricardo (ambos transferidos no defeso de Verão) marcaram os tentos da reviravolta e ajudaram a concretizar o mérito vimaranense, que pelo percurso arrumou Vitória de Setúbal, Marítimo, SC Braga e Belenenses, ainda que só a equipa lisboeta tenha sido eliminada sem recurso a prolongamento ou grandes penalidades. Esta época, o Vitória não poderá mais alimentar o sonho de defender o título conquistado em Maio passado, mas, em contrapartida, vai realizando um campeonato bem mais consistente que o da temporada anterior: 5º lugar na tabela em igualdade pontual com o Estoril (4º posicionado), com 26 pontos, em comparação com os 40 conseguidos no fim do calendário de 2012/2013. 

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