Estávamos a 4 de Janeiro de 2004, o novo ano trazia também um novo Estádio da Luz e que melhor forma para estrear o recinto, do que com um «derby» entre Benfica e Sporting. Com o recinto cheio as águias orientadas pelo espanhol José António Camacho, ocupavam o terceiro lugar do campeonato com 33 pontos, recebiam na 16ª jornada os leões de Fernando Santos que estavam no segundo posto da tabela, com mais um ponto que o velho rival. Tinhamos então todos os ingredientes para uma grande partida de futebol.

O «Pistoleiro» Silva

Elpídio Silva, mais conhecido como o «Pistoleiro», pela sua forma de festejar os golos foi a figura principal do jogo. Aos oito minutos o brasileiro que tinha sido contratado ao Boavista, foi derrubado por Moreira na grande área e Pedro Proença não teve dúvidas em assinalar a marca dos onze metros, de onde Fábio Rochemback havia de colocar a bola no fundo das redes. O Benfica sentia o golo e a pressão de um estádio cheio, tal como o próprio Camacho haveria de referir no final do encontro e disso soube o Sporting tirar o melhor partido, aumentando a vantagem no marcador. Ao cruzamento de Pedro Barbosa, disparou o "Pistoleiro" Silva de cabeça deixando os leões mais confortáveis.

Erro de Miguel saiu caro

No regresso dos balneários o Benfica reduziu para 1-2, por Luisão. Nessa altura o Sporting já jogava com dez, devido à expulsão de Fábio Rochemback perto do intervalo, mas nem por isso as àguias conseguiram superiorizar-se e levar mais perigo à baliza de Ricardo. E se com mais um em campo os encarnados não causavam problemas, com a expulsão de Miguel as coisas só pioraram. A equipa leonina deixava a posse de bola para o Benfica, limitando-se a explorar o contra-ataque e foi assim que já em cima do minuto 90', surgiu o 1-3 final com nova grande penalidade desta feita sofrida por Liedson por falta de Ricardo Rocha, que foi expulso. Coube então a Sá Pinto selar o triunfo do Sporting, deixando um amargo de boca aos adeptos encarnados, ao verem o eterno rival levar a melhor no primeiro «derby» do novo Estádio da Luz.

Dois anos depois.... a mesma história

A 28 de Janeiro de 2006, àguias e leões voltaram a medir forças na Luz para o campeonato. Na jornada 20º o Benfica estava no segundo lugar da classificação com mais seis pontos que o Sporting, que ocupava a quinta posição. O holandês Ronald Koeman era o técnico encarnado, enquando do lado leonino Paulo Bento liderava a equipa verde e branca. Numa noite de muita chuva a Luz teve pouco público, para um jogo que seria o repetir da história de 2004. O Sporting entrou melhor na partida e dispôs de várias ocasiões para inaugurar o marcador, mas foi o Benfica a chegar ao golo. Custódio meteu a mão na bola na área verde e branca e Pedro Henriques assinalou grande penalidade, que Simão Sabrosa converteu sem hipóteses para Ricardo. Os leões no entanto mantiveram a toada ofensiva, mas Moretto e os postes seguraram a vantagem encarnada até ao intervalo.

Um grande 31!

Na segunda parte apareceu Liedson, o «levezinho» assumia-se como a maior dor de cabeça para a defesa encarnada, (que o diga Luisão) e mais uma vez seria determinante num derby. A meio da etapa complementar o número 31 do Sporting sofreu uma falta de Beto na área e de novo Pedro Henriques apontou para os onze metros, o capitão Sá Pinto chamado a marcar não desperdiçou e restabeleceu a igualdade. Mas esta era a noite de Liedson, que voltou a fazer estragos quando no frente-a-frente com Luisão fintou o central encarnado, rematando depois para o fundo das redes de Moretto. E foi já perto do fim que depois de um corte incompleto da defesa das àguias a bola chegou de novo... a Liedson, sozinho fintou Moretto limitando-se a fazer correr a bola para dentro da baliza.
Os tempos mudaram e desde 2006 que o Sporting não mais conheceu o sabor da vitória na Luz. Nas últimas épocas a sopremacia encarnada tem sido por demais evidente, mas este ano os leões apresentam melhores argumentos para lutar pelo triunfo. A luta pela liderança do campeonato está em jogo no derby deste domingo e só isso é motivação suficiente para qualquer uma das equipas.

Luisão o sobrevivente, Montero procura fazer de Liedson

No lado encarnado o capitão Luisão é o único elemento que ainda perdura desses dois derbys, enquanto actualmente não há ninguém no plantel leonino que tenha estado presente nas duas últimas vitórias. Poderá então Leonardo Jardim recorrer aos vídeos do passado e através de Liedson, fazer com que Fredy Montero se volte a reencontrar com os golos, que desapareceram nas últimas jornadas, sem esquecer no entanto que foi do colombiano o golo do empate a uma bola no desafio da primeira volta da Liga.