Perante um estádio do Dragão desolador valeram os tentos de Jackson, Danilo e Herrera para alegrar os 17 509 adeptos presentes na invicta. Esta foi a 2ª pior assistência da época e depois da eliminação na Taça de Portugal frente ao Benfica, resta aos azuis e brancos consolarem-se com o 3º posto da classificação. Os dragões terão que disputar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões, uma vez que perderam matematicamente as hipóteses de alcançar o Sporting no 2º lugar. Os dragões fecham esta jornada com 58 pontos, na 3º posição com 8 de vantagem sobre o Estoril. O Rio Ave, que garantiu recentemente a presença no Jamor apresentou-se sereno no Dragão e mantem um confortável 11º lugar com 31 pontos conquistados.

Porto garante o pódio em ritmo de treino

Os primeiros 45 minutos desta partida, foram em tudo desinteressantes para os poucos adeptos presentes no dragão. Se inicialmente o Porto parecia querer dominar e chegar rapidamente ao golo, depressa o Rio Ave contrariou esse ímpeto inicial e o jogo tornou-se demasiado táctico e com muitos passes falhados que em nada embelezaram o espectáculo do futebol. Nos primeiros 25 minutos, o Rio Ave foi mesmo a equipa a causar mais perigo com Tarantini a assustar Fabiano. Neste período Danilo tentou sozinho quebrar a monotonia de uma exibição pálida dos azuis e brancos, mas esse esforço foi de todo inglório, tamanha era a apatia e a falta de organização que o meio-campo portista demonstrou em toda a 1ª parte. Esta inoperância no miolo fez-se sentir pela falta de inspiração de Defour e Herrera, que não foram capazes de construir jogo nas alas. O ponta-de-lança, Jackson Martínez acabou por ser presa fácil para o peruano Rodríguez, que comandou uma defesa sólida bem delineada por Nuno Espírito Santo.

Josué e Tarantini. (LUSA)
Josué e Tarantini. (LUSA)

Como curiosidade, Josué, Mangala e Alex Sandro que estavam em risco para o próximo jogo acabaram mesmo por ver o cartão amarelo e falham assim a deslocação da próxima jornada frente ao Olhanense. Perto do fim deste 1º tempo, relevo apenas para o único lance do Porto, com Ricardo a perdoar a emenda no frente-a-frente com o guarda-redes, Alderson.

Para o 2º tempo, o castigado Luís Castro informou o adjunto de que algo teria de mudar no ímpeto ofensivo azul e branco e foi logo no reatamento da partida, que Quintero rendeu Josué que mais uma vez não aproveitou a oportunidade para impôr a sua técnica dentro das quatro linhas. Com a entrada do jovem atacante, o Porto melhorou claramente nas abordagens ofensivas e entrou forte e pressionante para rapidamente chegar ao golo. Depois de algumas insistências, Marcelo, de forma infantil, impediu que Jackson ganhasse posição na grande área e o juiz da partida assinalou grande penalidade a favor dos dragões. O mesmo chá-chá não tremeu e inaugurou o marcador aos 15 minutos da 2ª parte. O Rio Ave acusou em demasia o golo sofrido e foi sem surpresa que Quintero, depois de uma jogada repleta de craveira técnica, cruzou com conta, peso e medida para Herrera finalizar com um gesto técnico interessante, depois de uma assistência magistral que elevou assim o marcador para 2-0. O guardião Fabiano foi um mero espectador ao longo desta segunda parte e nem precisou de pagar bilhete. Sem contrariar o domínio portista, o Rio Ave desligou-se completamente do jogo e já em tempo de compensação o melhor em campo, Danilo fechou as contas em 3-0 ao bater um livre ao minuto 92.

Danilo mostra serviço a Scolari

Em termo individuais, foram raras as peças que deslumbraram no dragão. Foi um Porto sem alma e com o pensamento na próxima época.

Nas redes azuis e brancas, Fabiano esteve regular e ao seu nível quando foi chamado a intervir. Ainda no sector recuado, o internacional brasileiro Danilo esteve

irrepreensível a atacar e a defender com um ritmo alucinante que ainda culminou com um golo a fechar o encontro. Os restantes defesas tiveram uma noite discreta e sem grande trabalho. Destaque apenas para os amarelos de Mangala e Alex Sandro que irão obrigar Luís Castro a remodelar metade do seu sector defensivo para a próxima jornada.

Danilo e António Folha. (LUSA)

O meio-campo carimbou uma exibição cinzenta e Luís Castro parece ainda não ter percebido que Defour não é definitivamente um número 6 puro e juntamente com Herrera e Josué não deram a dinâmica que o técnico já apresentou no seu 4x3x3 dos dragões quando tem Fernando em campo. Apesar do golo, Herrera esteve desconcentrado e falhou vários passes que poderiam ter comprometido o resultado. Josué falha a deslocação a Olhão e acabou mesmo por ser substituído na 2ª parte pelo pequeno génio Quintero. O jovem mexeu claramente com as hostes e foi amplamente decisivo no lance de Herrera. Lance esse que para quem gosta do desporto rei vale a pena rever a forma genial e subtil com que o jogador assistiu o mexicano.

Na frente, Jackson é o grande e único destaque depois do colombiano ter festejado pela 19º vez na prova e ter consolidado assim a liderança na lista dos melhores marcadores na Liga Zon Sagres. Os extremos Ricardo e Ghilas foram autênticas nulidades o que não deixa antever algo de bom para a próxima partida frente ao Benfica na Taça da Liga.

Para este campeonato resta apenas servir Jackson para se sagrar o melhor marcador da competição porque em termos colectivos a péssima época do Porto faz-se sentir com o 3º lugar desta temporada.

Rio Ave passeou pelo dragão

A equipa orientada por Nuno Espiríto Santo que recentemente garantiu a presença em duas finais históricas para o clube, deslocou-se ao dragão com a manutenção

mais que assegurada e foi sem grande ambição que a formação dos arcos encarou este embate. Na 1ª parte a equipa ainda conseguiu contrariar o jogo ofensivo dos portistas, com destaque para Rodríguez e Tarantini, mas no segundo tempo o Porto puxou dos galões e sentenciou a partida com 3 golos sem resposta. Ainda assim esta equipa continua a ser uma das melhores defesas do campeonato e marca já presença na fase de grupos da próxima temporada, depois de ter alcançado a final da Taça de Portugal.

As declarações dos técnicos

O treinador-adjunto, Folha que substituiu no banco o castigo Luís Castro, afirmou no final da partida: “A primeira parte não foi bem conseguida. Por aquilo que fizemos, merecemos inteiramente esta vitória pelo que foi feito na segunda parte.”

O técnico português, Nuno Espírito Santo mostrou-se incomodado com o resultado e como diz o próprio: “Foi uma primeira parte bastante boa, momentos bons, com oportunidades. Estivemos muito bem. No princípio, devido à nossa pressão, com o último passe com algum critério, poderíamos ter concretizado. O primeiro golo veio abalar a equipa. O resultado é demasiado pesado. Podíamos ter feito mais qualquer coisa. Temos de rever muitas coisas, disputar estes jogos. Ir para as finais não se pode ditar que ‘já está’. Estas duas semanas vão ser bastante importantes para trabalhar.”