Jorge Jesus, o campeão espoliado

Apesar de ter visto o seu onze campeão roubado autenticamente pelos milhões estrangeiros, Jorge Jesus não poderá contornar o facto de ser o treinador campeão, responsável por liderar os encarnados rumo à defesa do tão festejado e ambicionado título. O Benfica comprometeu-se com o objectivo de se estabelecer como força dominante em Portugal, mas, para isso, necessita de continuar na senda das vitórias: só o bicampeonato poderá traduzir esse desígnio na perfeição, algo que os benfiquistas apregoavam aquando do término da época passada - o rival Porto, aparentemente enfraquecido, não se poderia reerguer. Cabe a Jesus impedir que se levante.

Se, pelo contrário, voltar a perder a liga nacional, Jesus completará um ciclo que estará longe de ser globalmente positivo: em seis temporadas terá apenas ganho duas, somente um terço da totalidade de épocas passadas de águia ao peito, um registo pelo qual muitos treinadores nem sequer chegariam à sua metade do percurso. A nova época traz novas (e pesadas) responsabilidades a Jesus, que terá de manufacturar nova formação ganhadora - perder poderá significar o fim do seu longo caminho encarnado...

Marco Silva, o incontestável treinador da moda

Chegou agraciado pelo afecto e esperança dos adeptos sportinguistas, depois de duas excelentes temporadas ao serviço do impressionante Estoril. Jovem, inteligente, contundente e com margem de progressão, Marco Silva chegou ao reino do leão com a dupla incumbência de viver para atingir as expectativas dos adeptos leoninos: mostrar no Sporting o talento que demonstrou no Estoril, corroborando a qualidade, e manter o clube na rota das vitórias, arcando com a responsabilidade de lutar pelo título, obrigação que Jardim não teve (e até rejeitou...). 

Treinador da moda (foi ventilado para o Porto e até para o Benfica), Silva irá embarcar na jornada árdua de rumar ao título, tarefa que certamente será hercúlea, dadas as diferenças entre o clube leonino e os rivais, não só em termos de investimento como de consolidação estrutural. Fazer melhor que a temporada 2013/2014 não será pêra doce dadas as particularidades da temporada - fasquia baixa, pouca pressão e ausência de competições europeias. O cenário para 2014/2015 parece, por vontade da direcção, totalmente diferente...

Julen Lopetegui, o galeão proibido de afundar

O treinador espanhol chega com a tremenda responsabilidade de terminar com a alegria encarnada: a sua missão será quebrar a ascensão do Benfica e voltar a dar alegrias aos exigentes adeptos portistas, Para tal, o ex-seleccionador das camadas jovens de Espanha pediu um exército de jogadores credenciados e Pinto da Costa acedeu, reforçando o FC Porto com activos de nomeada, dispendiosos para os bolsos dos dragões. A armada espanhola invadiu a Invicta e Lopetegui vê o seu exército erguer-se tal e qual como pretendia - falhar o campeonato não é uma opção.

Perder significará perder um pouco da hegemonia que o clube detém (sim, ainda a detém...) possui no panorama nacional e Lopetegui será, apesar dos meios disponíveis, o responsável máximo pelo falhanço, levando consigo o mítico presidente portista, que sairá de novo amachucado, corroborando possíveis críticas quanto ao seu perfeito juízo. Lopetegui é um galeão espanhol proibido de afundar no Porto - só em contratações para si o clube azul já gastou mais de 30 milhões de euros...uma factura difícil de engolir quando se perde.

José Couceiro e o abismo estorilista

Depois de duas épocas inolvidáveis, como poderá José Couceiro ultrapassar os feitos de Marco Silva? A pergunta tem uma resposta previsível: não poderá, simplesmente. Silva deixou o Estoril num momento incomparável do clube «canarinho», com duas classificações extraordinárias e uma tarimba de alto nível. Couceiro chega com a tarefa de...manter o clube na rota do sucesso, mas será tremendamente difícil fazer esquecer o fantasma de Marco Silva, assim como difícil será igualar as suas façanhas. 

Como lidará a massa adepta do Estoril com uma temporada menos conseguida, abaixo das fortes expectativas criadas? O que acontecerá caso surja um sétimo ou oitavo lugar na liga nacional? As perguntas deverão ecoar na mente de Couceiro, que também chega com a aura de vencedor: realizou um óptimo trabalho no Vitória de Setúbal e dele se esperam decisões assertivas e futebol de qualidade. O seu problema será sempre o termo de comparação com o praticamente...inigualável. 

Sérgio Conceição e a renovada sede de vencer

O SC Braga vem de uma época para esquecer (nono lugar na liga nacional) e nada mais deseja que a redenção em 2014/2015. Para isso, a direcção bracarense empenhou-se em assaltar o mercado com o intuito de reforçar o plantel e atacar a nova temporada com pujança e qualidade - jogadores dispendiosos como Wallace ou Danilo são o reflexo da ambição arsenalista, que terá comando na figura de Sérgio Conceição, o treinador escolhido para liderar o Braga a melhores voos. 

À espera de Conceição estará um desafio intrincado: não haverá perdões nem compassos de espera, quer da parte dos adeptos quer da parte de António Salvador, que pouca paciência tem demonstrado ter para com os seus treinadores: Jardim, Peseiro, Jesualdo, Paixão...todos eles despedidos sem terem esgotado os seus recursos no clube arsenalista, que tem vivido na corda bamba de uma ambição que nada mais tem causado que instabilidade técnica e enfraquecimento global do clube.

Domingos Paciência, a provação de voltar a singrar

Afastado dos grandes palcos, Domingos Paciência regressa à liga nacional para voltar a provar o seu valor enquanto treinador, distantes que estão os tempos gloriosos que viveu como líder técnico do SC Braga, onde lutou com o Benfica pelo título e onde guiou os arsenalistas à final da Liga Europa. Desde então, apenas passagens frustadas: Sporting, Deportivo da Corunha e Kayserispor. Depois do trabalho lúcido e proveitoso que Couceiro realizou no clube sadino, cabe a Domingos prosseguir com os bons resultados - o sétimo lugar do ano passado será incrivelmente difícil de igualar...

Pedro Martins e as taças de uma época de festa

O Rio Ave pode ter acabado a liga num razoável décimo primeiro lugar mas as duas finais nas quais marcou presença marcaram definivamente o percurso do clube vilacondense e gravaram a face do treinador responsável para os anos vindouros: Nuno Espírito Santo, o autor técnico da façanha, caiu nas graças dos fãs mas ao abandonar Vila do Conde deixou um vazio que Pedro Martins terá de preencher. Como? Ao antigo treinador do Marítimo pede-se que tente repetir a presença numa final...e que dignifique o clube na aventura europeia.

Paulo Fonseca, o retornado à casa da felicidade

Saiu para a aventura portista, abandonou a Invicta de mãos a abanar e com a reputação abalada: não aguentou a pressão e quebrou, insistindo na vontade de deixar o comando técnico do FC Porto. Agora, Paulo Fonseca regressa à casa onde foi extremamente feliz - o sonho vivido no Paços de Ferreira valeu um terceiro lugar inédito mas o jovem treinador encontrará agora um clube ressequido pelo pesadelo da temporada passada, na qual lutou sofregamente para não descer de divisão. Conseguirá Fonseca reerguer os «castores», sabendo, de antemão, que os dias de glória só por milagre voltarão?