Foi com uma derrota por 2-0 frente ao Twente que os leões deixaram a Holanda, após uma semana de estágio. É certo que na pré-época os resultados menos bons valem o que valem, mas o facto é que no teste mais a sério (com excepção do Benfica na Taça de Honra) a equipa verde e branca não esteve ao seu melhor nível. Podem usar-se argumentos como as cargas físicas a que todos são sujeitos nesta altura, o facto de terem jogado 48h antes, o mau tempo que se fez sentir durante todo o encontro, e até mesmo a expulsão de Maurício já na segunda parte.

No entanto os jovens leoninos fizeram por inúmera vezes passes errados, não tiveram capacidade de acelarar o jogo e isso levou a que as ocasiões de golo se contassem pelos dedos de uma mão. Há por outro lado aspectos positivos a retirar desta estadia no «país das flores», como as boas indicações dadas por algumas caras novas e as confirmações de outros que já haviam dado provas do seu valor na época passada.

Tanaka, uma surpresa vinda do Oriente

Chegou a Alvalade como um total desconhecido e a sua cláusula de rescisão fixada em 60 milhões de euros deixou muitos com os olhos em bico. Nos encontros disputados na Taça de Honra, Tanaka já havia mostra disponibilidade para o jogo sem nunca se esconder, mas ainda procurando o seu espaço no terreno. O certo é que na Holanda o nipónico deu nas vistas ao apontar um hat-trick frente ao Acchiles 29, assinalando o último golo na vitória por 3-0 sobre o Utrecht. Não sendo um avançado fixo, Tanaka surge mais com um segundo ponta-de-lança no espaço vazio, sendo detentor de um forte pontapé nunca pede licença para rematar quando tem possibilidade para tal.

Para quando o fim da seca de Montero

8 de Dezembro de 2013, decorria o minuto 75' do jogo com o Gil Vicente, quando Fredy Montero bisou na partida, estabelecendo o 0-2 final. Estava longe de pensar o colombiano que essa seria a última vez que festejaria um golo com a camisola leonina, mas o facto é que daí para cá nunca mais o avançado marcou. Engano! Fredy Montero voltaria a fazer o gosto ao pé por mais duas vezes, só que ambas foram (mal) anuladas por fora-de-jogo. A primeira na 19ª jornada contra o Olhanense e a segunda com o Vitória Guimarães, na ronda 25º. Facto que levou mesmo «El Avioncito» a um desabafo no balneário com os seus colegas no final do jogo com os vimaranenses, «eu meto-as lá dentro...».

Apesar de continuar a ser um jogador de extrema qualidade técnica, abrindo espaços para os seus companheiros, a ausência de golos levou a que Montero perdesse o lugar para Slimani no decorrer da temporada transacta. Do que já se viu nesta pré-época, o talento continua lá, mas a falta de confiança é por demais evidente na hora de rematar à baliza, com os próprios domínios do esférico a não sairem por vezes da melhor forma. O colombiano precisa rapidamente de voltar a marcar até porque Slimani continua por Alvalade e Tanaka vai mostrando serviço.

Adrien, o «motor» não abranda

O camisola 23 está a demonstrar que a época passada não foi por acaso e continua a pautar os ritmos de jogo. A grande novidade em relação a esta temporada e que se verifica devido à mudança de treinador, é que ao contrário do que acontecia com Leonardo Jardim, o novo técnico Marco Silva colocou Adrien Silva a aparecer mais perto da zona de finalização, inclusive dentro da grande área. Aliás na partida contra o Utrecht os dois primeiros golos leoninos nasceram de recargas a remates do médio à entrada da área, concluídos primeiro por André Martins e depois Cédric.

Adrien é também com Marco Silva um jogador transformado em box-to-box, que surge como primeira linha de passe para o médio defensivo transportando o jogo para a frente. O seu entendimento com André Martins é também por demais evidente, com a vantagem deste último estar com uma veia goleadora de registo já nesta pré-época, facto positivo em qualquer equipa, já que não podem viver apenas dos avançados.

Eric Dier, a confirmação ou a saída

Com Marcos Rojo a estar no onze ideal do último campeonato do mundo, a sua quota de mercado disparou em flecha. Desse modo e enquanto o argentino gozou as merecidas férias, Eric Dier aproveitou para se mostrar a Marco Silva e o jovem inglês tem mostrado ser uma boa alternativa. Forte no jogo aéreo e com boa capacidade para sair a jogar com a bolas nos pés, o inglês é uma boa aposta para esta nova época, caso se confirme a saída do central argentino.

Tudo isto é perfeitamente executável, não fossem as notícias recentes darem conta de que poderá ser o próprio Dier a abandonar Alvalade. Do seu país natal chegam informações de uma proposta no valor de 5 milhões de euros por parte do Newcastle. Apesar do pai e empresário do jogador, ter vindo já por diversas vezes dizer, que o filho se encontra feliz no Sporting, também não é menos verdade que o jogador que chegou a Alcochete com onze anos, já manifestou o seu desejo de regressar a Inglaterra.

Outro factor que pode indiciar a saída de Dier, é a vinda quase certa de Rabia, central egípcio que os leões têm tentado assegurar neste mercado de transferências e agora as negociações parecem ter chegado a bom porto, por um valor a rondar os 650 mil euros. Todos estes cenários carecem no entanto de confirmação oficial por parte do clube leonino, ficando no entanto a dúvida se o jovem inglês será ainda apresentado esta sexta-feira no jogo com a Lazio.

Oriol Rosell, a alternativa a William Carvalho

O catalão destacou-se nesta pré-época por ser aquele que das caras novas, deu logo nas vistas pela positiva. Talvez pelo facto de ocupar a posição de William Carvalho os olhares dos adeptos leoninos se centraram mais no jogador formado no Barcelona, e o facto é Uri, nome pelo qual gosta de ser tratado não tem defraudado as expectativas. Com uma boa colocação no terreno, Oriol Rosell já mostrou ter uma boa qualidade de passe, seja a curta ou longa distância, mostrando-se também pressionante sobre o portador da bola.

O médio mostra já uma boa adaptação aos restantes colegas, no entanto esconde-se ainda um pouco no sentido de assumir as funções de ser o primeiro transportador de jogo, assim que o esférico sai dos centrais, algo que William Carvalho faz, recuando no terreno para vir buscar a bola. No entanto aparece muitas vezes dentro da área em situações de aperto para a defensiva leonina, e a sua altura faz dele também uma boa ajuda nas bolas paradas, quer a defender ou atacar.

Certo é que esta sexta-feira o jogo com a Lazio será um teste ainda mais a sério para a equipa de Marco Silva, com o extra de ser o primeiro em Alvalade perante o seu público, os leões vão querer mostrar que a derrota, mas principalmente a exibição com o Twente é algo que já está ultrapassado. Uma vitória mas acima de tudo uma exibição convicente é aquilo que esperam as hostes leoninas, até porque está em disputa o troféu referente ao torneio Cinco Violinos, dos mais emblemáticos jogadores da história do clube.

Não esquecer no entanto que esta primeira semana de Agosto será de muito desgaste para os jogadores, visto que vão realizar seis jogos no espaço de dez dias. No sábado os leões são os convidados do jogo de apresentação do Boavista aos seus sócios, viajando de seguida para o Egipto onde na segunda-feira defrontam o Al-Ittihad, naquela que é a partida comemorativa dos 100 anos do emblema egípcio. No dia 6 segue-se uma partida na Dinamarca frente ao Midtjylland. O périplo pelo internacional termina no fim-de-semana de 9 e 10 de Agosto na Galiza, onde o Sporting disputa o troféu Teresa Herrera juntamente com o Deportivo da Corunha, o Sporting Gijón e o Nacional de Montevideo.