Na sequência dos tumultos verificados nas bancadas no Estádio Dom Afonso Henriques, a PSP veio hoje explicar e justificar o seu método de actuação em todo o processo. Ontem, a meio da primeira parte do jogo que opôs o Vitória de Guimarães e o FC Porto, a turbulência vinda das bancadas levou à intervenção musculada da polícia, existindo até disparos. 

A carga policial foi agressiva e deixou marcas em vários adeptos vimaranenses. Júlio Mendes, presidente do clube anfitrião, responsabiliza a PSP pela crispação dos ânimos, acusando a força policial de excesso de violência. «Como é possível, numa bancada onde só estão adeptos de um clube, a ver o jogo de forma ordeira, a cantar, a dar cor e alegria ao jogo, começarem a ser carregados por trás pelas forças policiais?», começou por inquirir o presidente vimaranense. 

«Isto é um exemplo do que as forças de segurança não podem fazer num recinto desportivo. Alguém tem de ser responsabilizado e vamos levar isto até às últimas consequências», declarou assertivamente o indignado presidente, no rescaldo dos incidentes da partida, que deixou poucos indiferentes, principalmente um dos funcionários do clube, que «levou um tiro com uma bala de borracha e foi agredido», informou Júlio Mendes.

A PSP reagiu hoje, explicando a reacção musculada. Aqui fica o comunicado oficial emitido pelo organismo de segurança pública:

«De acordo com o enquadramento legal previsto na Lei n.º 39/2009 de 30 de julho, a Polícia de Segurança Pública definiu um conjunto de envolvências operacionais para o jogo de futebol, classificado de “risco elevado” entre as equipas do Vitória Sport Club de Guimarães (VSC) e o Futebol Clube do Porto (FCP) que teve lugar na tarde do dia 14.09, no Estádio D. Afonso Henriques.

Sobre este evento desportivo, sistematizamos o resultado da intervenção policial que aconteceu antes, durante e depois do jogo de futebol propriamente dito:

Cerca de 30 minutos após o início do jogo, dois grupos organizados de adeptos não legalizados e afetos ao Vitória Sport Club de Guimarães, envolveram-se em confrontos na bancada sul do Estádio. Porquanto a rixa entre os adeptos persistia, causando perigo para os envolvidos e terceiros e colocando em causa a segurança do evento desportivo, foram acionados meios policiais para aquele sector para pôr cobro ao tumulto;

Aquando da aproximação do efetivo policial ao local dos incidentes, foram de imediato arremessadas na sua direção, grades de ferro, cadeiras, paus de bandeira, moedas, isqueiros e cinzeiros, situação que colocou seriamente em risco a integridade física dos elementos policiais. Por forma a fazer cessar as agressões foram efetivados disparos com arma calibre 12 “Shotgun”. Os disparos foram efetuados com munição policial menos letal - bagos de borracha; 

Após a intervenção policial, foi possível garantir a segurança nas bancadas até ao final do jogo de futebol;

Foram detidos 2 cidadãos, um pelo crime de injúrias e ameaças contra elemento policial e outro por agressões entre adeptos;

Procedeu-se à apreensão de 50 bilhetes falsos e identificados os autores da venda ilícita;

Identificaram-se 2 adeptos por incitamento à violência;

Registamos ferimentos ligeiros em mais de uma dezena de polícias e um ferido que teve necessidade de intervenção no local pelos bombeiros de serviço ao jogo;

Conforme decorre da legislação em vigor e de acordo com os procedimentos vigentes na PSP, sempre que é usada arma de fogo, é aberto um processo de averiguações para avaliar as circunstâncias e as consequências do seu uso. Por esse motivo, a situação acima mencionada do uso da “Shotgun” está neste momento a ser analisada internamente.

Todos os factos acima exarados foram comunicados às autoridades judiciárias e administrativas competentes.

Direção Nacional da PSP, 15 de setembro.»