Um início de jogo turbulento

As equipas apresentadas pelos treinadores Portugueses não fugiram ao que era expectável. Duas equipas sem surpresas, que apresentaram o mesmo onze ao qual nos têm habituado. O jogo começou com um Zenit muito agressivo, a tentar chegar rapidamente ao golo. Logo na primeira jogado do elenco Russo, Hulk isolou Shatov mas este não conseguiu desviar a bola para fazer golo.
O aviso estava dado e a turma de AVB conseguiu chegar à vantagem poucos minutos depois. Num erro da defensiva Benfiquista na saída de bola (Jardel fez um mau passe e Luisão hesitou muito), Shatov passou por três defesas encarnados, serviu Hulk que com classe bateu o guarda-redes do Benfica. Um início tenebroso para a turma de Jorge Jesus.

Os campeões nacionais estavam a ter grande dificuldade em suster as incursões de Hulk e Shatov e apenas aos 11 minutos conseguiram criar algum perigo através de Salvio. No entanto, O Benfica estava irreconhecível e muito longe do seu nível. A turma de Villas-Boas não se escondeu e aproveitou a apatia Benfiquista e num "passe a rasgar" de Witsel que isolou Danny e fintou Artur, conseguiu arrancar a expulsão ao guarda-redes do Benfica. As Águias ficavam reduzidas a 10 unidades, logo aos vinte minutos e o sacrificado foi, como se esperava Talisca. O Zenit continuou a pressionar e os Russos chegaram ao segundo golo, na sequência de canto, através de Witsel. O ex-Benfica respondeu da melhor forma ao canto de Danny e dilatava a vantagem no marcador.

O Benfica vivia um pesadelo e só o segundo golo da turma de São Petersburgo fez estes últimos desacelarar e dar algum folgo ao Benfica. A pouco e pouco, os pupilos de Jorge Jesus começaram a assentar o seu jogo e a esboçar uma boa resposta, sempre através de incursões perigosas da dupla Sul-Americana Maxi/Salvio. No entanto, o Benfica acusava muito a falta do 11º elemento e não conseguia criar perigo junto da baliza de Lodygin, que foi um espectador durante a primeira parte. Nota ainda, para o perigo constante das diagonais do Zenit, através de Shatov e Hulk, que ameaçavam sempre o terceiro golo Russo.

Uma segunda parte diferente

O descanço fez bem aos Encarnados, que voltaram com uma excelente atitude para o segundo tempo. A equipa capitaneada por Luisão viu no seu líder um exemplo de garra, determinação e orgulho e batalhou para reduzir a distância no marcador.

O capitão motivou as suas tropas e o Benfica conseguiu ser superior ao Zenit em alguns momentos da segunda parte. Logo ao passar do minuto 53, o árbitro não viu um derrube de Criscito sobre Salvio na grande área dos Russos e deixou passar uma grande penalidade clara que podia ter alterado o curso do jogo. O Benfica começou a crescer mas quando chegava com perigo à baliza, esbarrava em Lodygin, que negou golos claros a Luisão e a Lima. Jesus ainda tentou alterar a equipa e refrescar sectores, com a entrada de André Almeida (saída de Samaris) e Derley (saída de Lima) mas já era tarde demais. Este último até conseguiu servir Salvio em cima da marca de penalty, mas quando não era o guarda-redes Russo era o central Belga Lombaerts quem negava o golo ao Benfica. Obviamente, o Benfica estava muito balanceado para o ataque e o Zenit podia ter dilatado a vantagem, por diversas vezes. O ex-Porto Hulk ainda atirou uma bola ao posto, viu um golo ser negado por grande defesa de Paulo Lopes e Rondón ficou a centímetros do golo.

Em termos individuais, várias notas para as duas formações. Do lado do Benfica, nota menos para Jardel, Eliseu e Enzo. O Brasileiro cometeu demasiados erros no primeiro minuto, um dos quais com peso determinante para o resultado. O lateral Açoreano foi vítima constante de Danny e Hulk durante os 90 minutos e raramente conseguiu sobrepôr-se aos dois jogadores. Enzo também é destaque menos pela falta de intensidade que trouxe ao jogo. Talvez não seja falta de intensidade, mas a verdade é que Enzo esteve muito longe daquilo que consegue fazer normalmente e se o Benfica quer brilhar na Europa precisa do astro Argentino em grande forma.

Em nota mais, convém destacar Luisão e Salvio. O capitão porque não se escondeu e teve espírito de liderança para empurrar a equipa em busca do golo (que acabou por não surgir) e o Argentino porque foi a face de um Benfica irrequieto e dinâmico, nomeadamente na segunda parte.

Do lado do Zenit, muito pouco há a apontar de negativo. Talvez a excessiva agressividade de Javi García, que justificou o duplo amarelo nesta partida. De positivo, tudo, ou quase tudo. Convém destacar a vasta armada ex-Portugal, que dá realmente outro perfume ao futebol do Zenit. Desde há uns meses que a equipa Vavel Portugal tem vindo a acompanhar a evolução do Zenit e é gritante a diferença entre a equipa comandada por Spalletti (sem os ex-Portugal) e a de AVB. O Zenit passou dum futebol directo e físico para um futebol de magia e posse. Após o jogo de hoje reforça-se a ideia de que Garay foi vendido a preço de saldo. O Argentino é seguramente um dos cinco melhores centrais do Mundo e a sua classe e serenidade não passam despercebidos a ninguém.
No meio campo, é Javi García quem está encarregue da "destruição" e primeira fase de construção do processo ofensivo, dando assim mais liberdade para que Witsel possa pisar terrenos mais adiantados. O Belga é um jogador com um QI futebolístico acima da média, que consegue discernir bem os momentos do jogo, temporizando quando deve e acelarando quando o jogo o manda. Dono de um passe e visão de jogo excepcionais, esta é uma das jóias da coroa à disposição de AVB. Mais à frente, Danny, apesar da idade, continua a ser um jogador preponderante, que graças às suas qualidades técnicas faz a diferença no jogo.
Do outro lado da ala está Hulk. O ex-Porto tem-se vindo a assumir como um dos jogadores mais explosivos da Europa. Dotado de um pé esquerdo bomba, Hulk consegue incomodar, como foi visto hoje, as defensivas dos seus adversários com piques de velocidade que deixam para trás qualquer adversário. Finalmente, outra das pérolas desta equipa é Shatov, um médio virtuoso que faz lembrar Iniesta, não só pelos seus dribles incessantes mas também pelo fantástica qualidade que demonstra ter no último passe, como foi visto hoje, com uma assitência sublime para Hulk.

No fim do jogo, o resultado foi de 0-2, favorável à turma de São Peterbusgo. Um resultado que puniu o péssimo início de jogo do Benfica e que complica as contas do grupo. Num grupo bastante renhido, os jogos em casa não deveriam ser perdidos e a derrota deixa o Benfica com uma tarefa mais complicada, visto que o Mónaco bateu em casa o Bayer Leverkusen por uma bola a zero, com golo de João Moutinho. O Zenit é primeiro, com os mesmos três pontos que o Mónaco, enquanto que Leverkusen e Benfica se encontram em terceiro e quarto lugar, respectivamente, com zero pontos cada.

Pontuações VAVEL

Benfica (0) Zenit (2)

Artur 4 Lodygin 6
Luisão 6 Criscito 6
Jardel 4 Lombaerts 7
Eliseu 5 Garay 7
Maxi Pereira 6 Smolnikov 6
Samaris 6 Javi Garcia 6
Enzo 6 Danny 7
Salvio 6 Shatov 7
Gaitán 6 Witsel 7
Talisca 5 Hulk 8
Lima 6 Rondón 6
Remplaçants
Paulo Lopes 6 Anyukov 6
André Almeida 6 Arshavin 6
Derley 6 Mogilevets 6
VAVEL Logo
Sobre o autor