O Sporting partiu para a temporada 2014-2015 com algumas lacunas bem evidentes no seu 11 e no seu plantel. Após um mercado de transferências com alguns casos (como não podia deixar de ser), percebeu-se que a aposta da direcção leonina foi a de aumentar a competitividade e profundidade do plantel, com maioritariamente jovens valores em ascenção provenientes de mercados alternativos.  Quer se concorde ou não, foi esta a estratégia.

No final da época transacta apontei como principais lacunas no 11 a inexistência de: 

  1. Um lateral esquerdo mais seguro a defender e com maior critério a atacar (Jonathan Silva chegou e já é senhor do lugar)
  2. Um médio de transição que jogue entre linhas e que seja capaz de fazer de «falso 10», dando profundidade ao ataque (João Mário regressou e já conquistou os adeptos com os seus pés de veludo)
  3. E, mais importante, de um extremo acima da média que consiga resolver jogos sozinho (Nani chegou e foi, sem sombra de dúvidas, o melhor reforço do campeonato português)

Por outro lado, Leonardo Jardim saiu (inesperadamente, diga-se), tendo entrado um treinador com um potencial brutal que parece ter qualquer coisa que o distingue dos demais. Um toque de génio que muitos já notavam nas suas 3 brilhantes temporadas no Estoril (que hoje, com um plantel igualmente profundo está na 2ª metade da tabela). Após um início de época tremido, por culpa de erros defensivos dignos de infantis (posicionamento anedótico, falta de coordenação dos centrais e falta de cobertura do médio defensivo) e uma falta de eficácia gritante no ataque, também ele já conquistou a grande maioria dos adeptos com exibições de gala contra adversários de nível e vê o «seu» Sporting jogar como há muito não se via em Alvalade. 

As saídas dos 2 melhores centrais do Sporting neste mercado de transferências foram 2 rudes golpes. Se a saída do Rojo era expectável e foi um negócio muito bom (veremos se espectacular quando a questão Doyen for resolvida), a de Dier não tanto, pois era visto por muitos (por mim inclusive), como o futuro patrão da defesa do Sporting

Para fazer face a isto, o Sporting foi buscar um central com valências físicas, mas completamente impreparado para assumir um lugar no 11 titular principalmente por questões de posicionamento e cultura táctica (Sarr), um central português, capitão dos sub21, conhecedor da nossa liga e com um sobriedade assinalável (Paulo Oliveira) e um central jovem egípcio que, neste momento, é a maior incógnita para todos nós (Rabia). As referencias são excelentes, mas será o seu período de adaptação também curto?

Paulo Oliveira assumiu, por mérito próprio, a titularidade no centro da defesa. Neste momento é, indiscutivelmente o patrão da defesa e, após duas exibições cheias de classe no Dragão e em Gelsenkirchen, já não restam dúvidas que ali é ele e mais um. Esse «mais um», teoricamente, seria Maurício, que vinha de uma boa época no ano passado.

O problema aqui reside no facto do Sporting jogar mais avançado no terreno, abrindo mais espaço nas suas costas e um central de marcação como o Maurício tem sofrido (e muito) com isso. Os erros em momentos cruciais somam-se e a paciência começa a esgotar-se.  Se Maurício é fortíssimo no jogo de cabeça e bastante seguro em bloco baixo, também é fraco a jogar em antecipação, leitura de jogo e a jogar em bloco alto (não compensa a lentidão com outros atributos).

Concluindo: Sarr está verde, Maurício tem mostrado uma falta de categoria e de frieza assustadoras neste novo Sporting e Rabia é uma incógnita.  A não ser que o egípcio seja um fora de série, o Sporting necessita de ir ao mercado preencher esta lacuna que lhe poderá custar títulos. Poderá parecer exagero mas não é. Aliás, percebe-se que não o é pela quantidade de pontos que o Sporting já perdeu nas competições em que está envolvido por erros individuais.

O Sporting tem, finalmente, equipa, treinador e estrutura para lutar por todas as competições. Seria uma pena deitar tudo a perder  por causa de erros insistentes numa zona tão crucial do terreno. Mas um central desses é caro e o Sporting não tem dinheiro, pensam alguns. Yohan Tavares (e mais uns quantos – em Janeiro logo falamos) riram-se.