Na passada Quarta-feira, o Benfica visitou o Stade Louis II mas não apanhou de surpresa a formação do Mónaco, antes pelo contrário: os dois clubes embarcaram, calmamente, num jogo de ritmo pastoso e concordato, de cadência baixa e com poucos momentos de exultação técnica e táctica. Na terceira jornada da Liga dos Campeões, Benfica e Mónaco dividiram os pontos e pouparam ainda mais nos golos - zero para cada lado.

Jogo sem artistas à altura da «Champions»

Desmarcado por Berbatov (saiu lesionado), o extremo Lucas Ocampos falhou um golo cantado, atirando por cima da barra; Lima respondeu com um remate furtivo a passe de Talisca, mas Subasic, guardião croata, negou o golo forasteiro. O equilíbrio dominou o jogo e muitos foram os artistas a falhar a fasquia da qualidade: Talisca ofuscado, Salvio perdulário, Enzo cansado, Lisandro López desconcentrado - o central argentino decapitou as chances do Benfica marcar, ao ser expulso aos 75 minutos.

O Mónaco, com João Moutinho a pensar o futebol monegasco (auxiliado por Toulalan) e Ricardo Carvalho a vigiar a fortaleza defensiva, apresentou um futebol desligado, pouco experiente e nada acutilante. O Benfica, desesperado por uma vitória, faltou à urgente chamada pontual e queimou mais uma oportunidade de se colocar no caminho-de-ferro da esperança milionária. Com apenas um ponto, os encarnados ficam, especados, vendo o comboio da «Champions» passar...

Gaitán ainda deitou pós mágicos no relvado de Stade Louis II

Nicolas Gaitán foi dos poucos jogadores a passear alguma classe no relvado monegasco. Incapaz de tratar indecorosamente a bola, o extremo argentino tentou polvinhar o jogo com a sua técnica apurada e, de facto, esteve muito perto de fazer a diferença, não fosse a atenção de Subasic. Nem sempre constante, Gaitán tentou liderar a equipa aquando do processo ofensivo, mas o colectivo encarregou-se de...pouco ajudar.

O Benfica apenas marcou por uma ocasião nesta Liga dos Campeões, Salvio foi o marcador do tento, em Leverkusen. Em três jogos, os encarnados são uma das três formações menos concretizadoras de toda a competição, a par do próprio Mónaco e do Apoel - todos eles apenas têm um golo na prova. Recorde-se que o golo monegasco foi de autoria de João Moutinho.

Segunda expulsão na Liga dos Campeões

Lisandro López voltou a ser titular (tinha jogado contra o Sp. Covilhã, para a Taça de Portugal) mas pecou por ter deixado a sua equipa coxa, sendo expulso devido a uma entrada imprudente e perigosa sobre o médio Moutinho. O cartão vermelho obrigou o Benfica a 15 minutos de inferioridade numérica e reduziu drasticamente as chances benfiquistas. Depois da expulsão de Artur Moraes, na Luz, contra o Zenit, Lisandro foi o segundo jogador do Benfica expulsou em apenas 3 partidas.

 Jogo a jogo, o Benfica vê o comboio passar

Ao terceiro jogo, o Benfica de Jorge Jesus continua sem rasurar a imagem deixada nas duas partidas anteriores, uma imagem caricatural de uma equipa desligada dos assuntos europeus, debilitada estruturalmente pela intríseca incapacidade em afirmar-se no cômputo da Liga dos Campeões - três jogos, duas derrotas e um empate, um solitário golo marcado e uma mão cheia deles sofridos.

A pontuação encarnada ameaça não só a passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões como também torna espinhosa a missão de garantir o terceiro lugar e consequente ida à Liga Europa, prova em que o Benfica de Jorge Jesus é perito (índice de vitórias avultado). Na frente do Grupo C está o Bayer Leverkusen, com 6 pontos, seguido pelo Mónaco, com 5. O Zenit tem 4 pontos e ainda espera a visita do Benfica no frio hostil de São Petersburgo - vida difícil para as «águias»...

Com as hipóteses de qualificação para os oitavos-de-final muito turvas, o Benfica encarará os próximos três jogos como provações derradeiras de quem já adiou demasiadas vezes (três vezes) a sua obrigação de vencer. Na Luz, diante do Mónaco, as «águias» só podem encontrar-se com a vitória...isto se quiserem manter-se na corrida da perseguição ao comboio milionário da «Champions», que ameaça fugir a toda a velocidade.