O jogo Braga x Benfica não correu de feição aos encarnados, que viram a derrota na Pedreira diminuir a vantagem para Porto, Vitória Sport Clube, Sporting e para o próprio clube arsenalista. Jorge Jesus, mesmo a perder o controlo da partida (e do resultado), preferiu recorrer ao banco apenas por uma ocasião, para lançar Jonas e retirar o grego Samaris

Esta é a segunda vez que Jesus assim procede: na partida contra o Sporting, na Luz, o treinador das Águias também foi parco em alterações, deixando duas por efectuar. Sempre que o Benfica perdeu pontos na Liga, o banco encarnado foi pouco solicitado: estará Jesus a indiciar falta de confiança no crédito do seu banco? A opinião de Vitor Pereira, ex-treinador do FC Porto e bicampeão nacional vai exactamente nesse sentido: quando um treinador se abstém de gastar as suas substituições num jogo de dificuldade extrema, a mensagem é óbvia - falta qualidade no banco. Terá pensado assim Jesus?

As suas escolhas assim deixam desconfiar. Olhando para o banco encarnado presente na Pedreira, e comparando-o com o lote de suplentes convocados para a deslocação ao Estádio AXA na temporada passada, vislubramos naturalmente um certo desfasamento qualitativo que não deve ser ignorado: em 2013/2014, o Benfica tinha no banco Salvio, Amorim, Artur Moraes, Cardozo, Maxi, Jardel e André Gomes. Na semana passada, o banco foi constituído por: Júlio César, Jara, Pizzi, Bebé, Cristante, Jonas e André Almeida.

Poder-se-á questionar: estará Jesus a demonstrar que não possui um banco à altura de toda a competitividade global da temporada? Ainda assim não nos poderemos esquecer das imensas lesões e impedimentos que assolam o reino encarnado: Fejsa e Amorim estão gravemente lesionados (até Janeiro), Jardel tarda em recuperar de maleita muscular, Ola John enfrenta caso similar, Sulejmani é caso idefinido e Sílvio ainda dá passos rumo à total recuperação, depois de ter partido a perna na recta final da passada época.

Mesmo face às ondas de lesões musculares, Jesus estava já prevenido, no começo da temporada, para os casos morosos de Sílvio, Fejsa e Sulejmani (que parece agora recuperado mas fora das opções técnicas). Elaborou o novo plantel 2014/2015 recorrendo às contratações de César, Bebé, Pizzi, Cristante, Samaris, Júlio César, Jonas, Derley, Talisca, Benito e os retornos de Lisandro, Jara, Nélson Oliveira e Ola John (além dos prescritos Djavan, Candeias, Dawidowicz, Friesenbichler, Victor Andrade, Luis Felipe e do entretanto esquecido João Teixeira).

Então, porque se absteve Jesus de lançar Bebé, pelo qual o Benfica pagou 3 milhões por metade do passe? Ou Cristante, que chegou ao Benfica por 6 milhões? Ou mesmo Pizzi, pelo qual o Benfica pagou 6 milhões de euros na época passada? E Jara, não poderia ser opção alternativa, dados os 5 milhões pagos em 2010/2011 e ao retorno do avançado nesta pré-época, prova de que é escolha válida para Jesus? A conclusão parece ser uma: apesar do avultado investimento (actual ou a longo prazo, como Jara), Jesus não parece confiar, totalmente, na capacidade presente dos seus jogadores para enfrentar desafios de extrema dificuldade.

Apesar de ter perdido qualidade, o plantel de Jesus é, ainda assim e apesar de tudo, sua produção, seu elenco, sua responsabilidade. Na Pedreira, o Benfica juntou cerca de 21 milhões de euros (valores pagos pelos passes, aos quais não juntamos prémios de assinatura, como no caso de Júlio César e Jonas) no banco mas Jesus preferiu não colocar a pequena fortuna a render. 

 

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