Primeiro estranha-se…

Sob o comando de Paulo Bento, a equipa portuguesa apresentava um sistema-base de 4-3-3, composto por um pivot defensivo, e um tridente atacante com extremos fixos – na medida do possível, tendo em conta as características de Ronaldo e Nani – em apoio à referência ofensiva mais adiantada. Foi com esse sistema que Portugal chegou às meias-finais do Euro 2012, o mesmo que deixou equipa nacional pela fase de grupos no último Campeonato do Mundo.

Com a chegada de Fernando Santos deram-se profundas alterações no sistema tático da equipa portuguesa. O engenheiro montou a equipa num 4-4-2 losango, um sistema muito utilizado no Sporting por…Paulo Bento. Um sistema caracterizado, em grande parte, pela dinâmica ofensiva, que permite, não só a constante alternância de posição dos homens mais adiantados, como também a transformação de um 4-4-2 lonsago num 4-3-3 quando a equipa ataca.

A única excepção a este sistema deu-se na partida diante da Arménia; aí o técnico nacional prescindiu do seu trinco, colocando a equipa num sistema de 4-2-3-1, onde Tiago assumia funções mais defensivas, e Moutinho, como é seu apanágio, a alternar entre o auxílio ao médio do Atlético de Madrid e a frente de ataque.

Solidez e eficácia

Nestes primeiros quatro encontros, foi visível a pouca familiaridade dos jogadores lusos com esta nova tática, algo que apenas o trabalho colectivo e os jogos poderão resolver. Todavia, e apesar da estranheza do sistema, a selecção portuguesa tem levado o barco a bom porto, registando três vitórias e apenas uma derrota.

E os triunfos registam-se na sua maioria…em jogos de qualificação. Com efeito, quando a situação disse respeito à qualificação para o Euro 2016, Portugal esteve à altura dos acontecimentos, alcançando duas vitórias – todas pela margem mínima – que lhe permitiram chegar aos primeiros lugares do Grupo I de qualificação para o Campeonato da Europa.

Apesar das diferentes histórias de cada partida, a verdade é que ambas se pautaram, por um lado, pelo elevado grau de eficácia, e por outro, pela grande solidez defensiva.

Poderá não ser a comparação mais justa, mas nos últimos 4 jogos da era Paulo Bento, a selecção nacional sofreu 8 golos (4 da Alemanha, 2 dos EUA, 1 do Gana e 1 da Albânia), já com Fernando Santos, a equipa das quinas viu as suas redes violadas por apenas 2 ocasiões, ambas diante da França. Para este registo contribuiu em muito o regresso de Ricardo Carvalho, o central do Mónaco trouxe de volta a serenidade e segurança ao centro da defesa lusa.

No que ao ataque diz respeito, a contabilidade é igual (4 golos em 4 jogos), contudo, os quatro tentos no “reinado” de Fernando Santos mostram-se mais úteis, já que garantiram três vitórias à equipa portuguesa, contra apenas uma conquistada pelo antigo seleccionador.

A gerência é nova, e os operários ainda não conseguiram assimilar por completo as ideias do engenheiro. Contudo, o rigor e seriedade do trabalho de Fernando Santos parece ter lançado as fundações de uma equipa portuguesa que se espera… monumental.