O investimento de quase 40 milhões de euros levado a cabo por Luís Filipe Vieira no reforço do plantel do Benfica para a presente temporada, o mais alto desde que Jorge Jesus chegou à Luz, pode obrigar o presidente dos encarnados a desfazer-se das principais estrelas já no próximo mês de janeiro, dado o falhanço em dois dos três principais objectivos definidos para 2014/15. Os valores, ainda que distintos dos apresentados pelo clube da Luz no último Relatório de Contas (26,3 milhões), contemplam a totalidade dos reforços e as quantias assumidas pelos diversos intermediários (fundos, empresários e clubes) dos negócios. 

Com a formação de Jorge Jesus já eliminada das competições europeias, e por isso já órfã de receitas extra provenientes da Liga dos Campeões e da Liga Europa até ao final da temporada, jogadores como Enzo Pérez (já com um pé no Valência de Nuno Espírito Santo), Nicolas Gaitán e Eduardo Salvio podem estar de partida da Luz.

Por consequência, Jorge Jesus está obrigado a alcançar o bicampeonato e a garantir a Taça da Liga, únicas provas em que os encarnados ainda se encontram envolvidos. 

Sonho de nova tripleta desfeito no espaço de poucas semanas

Já depois do Benfica ter sido afastado da Liga dos Campeões e não ter almejado mais do que a última posição do Grupo C da prova milionária, Luis Filipe Vieira terá demonstrado a ambição de arrecadar nova tripleta com a conquista das três provas nacionais (Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga).

Pelo meio, os encarnados garantiram uma vitória importante no Estádio do Dragão sobre o Fc Porto, depois de quase uma década sem vencer no recinto do rival azul e branco para o campeonato, e reforçaram a liderança da Liga Portuguesa.

Ainda a festejar o "raro" triunfo na cidade invicta, os comandados de Jorge Jesus acabaram então por ver novo objectivo a voar do horizonte, na derrota caseira de ontem à noite (a segunda frente aos arsenalistas) ante o Sporting de Braga de Sérgio Conceição. Pelo caminho, a revalidação da conquista da Taça de Portugal, e a possiblidade de fazer render o alto investimento despendido na presente temporada. 

De Dawidovicz a Anderson Talisca, há milhões de euros para "todos os gostos" que é preciso recuperar

Ao todo foram cerca de 38, 5 milhões de euros gastos por Luís Filipe Vieira no reforço de um plantel que no último mercado se viu altamente desfalcado. Com a perda de referências e peças importantes como Oblak, Garay, Siqueira, Matic, André Gomes, Cardozo, Rodrigo e Markovic, primeiro em janeiro e depois no verão, o Presidente do Benfica quis presentear Jorge Jesus com contratações de igual impacto económico.

Entre a dúzia de reforços recrutados para o Estádio da Luz, destaque para os milhões investidos no grego Samaris (10) e no italiano Cristante (6), num extenso rol de nomes que terá ultrapassado os 40 milhões de euros, se neles forem contemplados prémios de assinatura de jogadores com elevado valor de mercado, casos dos internacionais brasileiros Júlio César e Jonas, mas também outros menos sonantes.

Dawidovicz: 2 milhões
Benito: 2,5 milhões

Derley: 2,5 milhões

Luís Felipe: custo zero (alegadamente 2 milhões pela totalidade do contrato)
Candeias: custo zero

César: 3 milhões

Talisca: 4 milhões de euros

Eliseu: 1,5 milhões de euros

Victor Andrade: custo zero (1 milhão de assinatura)

Tiago Bebé: 3 milhões de euros

Samaris: 10 milhões de euros

Djavan: 1 milhão de euros

Cristante:  6 milhões de euros
Júlio César: custo zero
Jonas: custo zero (alegadamente 1 milhão de assinatura)

Que equipa terá Jesus depois de janeiro?

Enzo Pérez parece estar praticamente certo no Mestalla, mas com ele poderão sair outras estrelas do Estádio da Luz. O Benfica de Jesus assenta muito nas dinâmicas ofensivas protagonizadas pela tripla formada pelo argentino e os compatriotas Nicolas Gaitán e Eduardo Salvio, e a perda destes três elementos, para já um cenário em aberto, poderia representar um duro golpe nas pretensões do técnico lisboeta.
 

Aos três são apontadas quase diariamente alguns dos principais colossos europeus, e o Manchester United parece ser o principal interessado na aquisição dos dois últimos jogadores. Louis Van Gaal terá coordenado observações aos dois jogadores praticamente desde o início da temporada.

Jorge Jesus está aliás mais do que habituado a perder peças influentes do seu onze no mercado de Inverno (Garay e Matic saíram da Luz nestas circunstâncias), e a saída dos três craques do Benfica não pode por isso ser sobrevalorizada por parte de FC Porto e Sporting

Com Pizzi «à perna» para ser o natural substituto de Enzo Pérez no miolo encarnado, haverá já herdeiros definidos para as posições dos outros dois argentinos do onze titular do Benfica? Com ou sem plano B, Jorge Jesus sabe que está obrigado a vencer o título (seis pontos de vantagem sobre o segundo classificado) e reparar dessa forma os danos reversíveis do fracasso nas outras competições. 

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André Cunha Oliveira
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