Apenas por incompetência própria na perda de pontos em situações perfeitamente desnecessárias e pouco condizentes para uma equipa com estatuto de candidata ao título o Sporting viu tornarem-se muito precárias as suas possibilidades de vir a regressar à conquista da Primeira Liga este ano apesar de começar a ser já grande o ‘jejum’ verde-e-branco.

Anexar o sonho e satisfação por participar na Liga dos Campeões acabou ao mesmo tempo por retirar aos leões algum foco na principal prova nacional, como se pôde perfeitamente perceber ainda no passado fim-de-semana, no qual o peso de um encontro a todos os títulos exigente frente ao Chelsea, uma ’parada de estrelas’ que venceu com toda a naturalidade, e especialmente o trauma da eliminação na Champions acabou por ser um peso excessivo na mente da equipa.

Pouco experiente, o leão pagou a factura frente ao Moreirense, e com isso terá deixado de pensar no título, pelo menos de forma directa. Também ‘acossado’ por algumas lesões importantes, o Sporting necessitaria de uma profundidade superior no seu plantel para na realidade almejar a manter-se bem vivo em todas as competições.

Estando ainda envolvido em todas as frentes, uma vez que embora altamente complicada, a Liga ainda não terminou, e na Liga dos Campeões foi conquistado o acesso à Liga Europa, será nesta altura uma utopia para os verde-e-brancos pensarem no título nacional como um objectivo imediato.

Serão assim determinantes as próximas semanas para revelações como Carlos Mané, que ganha uma importância suplementar com a lesão de Nani e será até ao final da temporada chamado muitas vezes à acção. Mais, como é sabido na próxima época já não haverá Nani em Alvalade e não será por isso que o Sporting deixará de se candidatar à conquista do título nacional pelo estatuto histórico de que dispõe…

Mesmo com o título como miragem, a época poderá ainda ser positiva em Alvalade

Tal como as novidades que surgem na primeira equipa, as referências terão de também ‘chegar-se à frente’ perante as responsabilidades, com destaque para Rui Patrício, capitão dentro e fora do campo tantas vezes comparado a antigas glórias como Vítor Damas, que mais do que nunca se vê obrigado a ajudar a equipa a não perder mais pontos sob pena de ver fracassada mais uma temporada.

Na linha da frente em várias guerras ‘administrativas’ e em lutas particulares do clube em consonância com os sócios como a Missão Pavilhão, Bruno de Carvalho terá de provar a sua valia também como dirigente desportivo ligado ao futebol, habilitando o plantel como até ao momento não o fez e obtendo reforços de qualidade indiscutível ao contrário do que fez ainda este Verão (Nani será a óbvia e evidente excepção), para que a temporada leonina termine em percurso positivo.

Não se pede um investimento ao estilo de um Real Madrid, nunca tal seria possível olhando ao orçamento existente em Alvalade, nem tão pouco a contratação de Ronaldos ou Messis - o primeiro foi também formado em Alvalade, mas surge uma vez em muitos anos - mas pede-se qualidade para que o plantel se mantenha inalterável na sua disputa por cada batalha, sendo que existem sectores em claro défice qualitativo.

O real problema do Sporting não se encontra apenas tão somente no atraso pontual na Liga para os seus adversários; encontra-se sim no facto de este não ser o único ‘cavalo de batalha’ e por isso a equipa terá de continuar a dispersar-se em várias frentes como a Liga Europa, competição que colocará pela frente um dos melhores conjuntos do futebol alemão composto por jogadores de primeiro plano como Kevin de Bruyne, o português Vieirinha ou Luiz Gustavo - o Wolfsburg.

Para sonhar o Sporting não poderia perder um só ponto, esperando por incompetência improvável

Muito se criticou o facto de para muitos o FC Porto não ter respeitado o Sporting nos dois encontos já disputados entre ambas as equipas, deixando implícito que não viam os verde-e-brancos como candidatos ao título, mas na verdade o clube de Alvalade não soube usar esse descrédito a seu favor e neste momento, com dez pontos de atraso para o líder Benfica, encontra-se realisticamente fora das contas.

Para além dos dez pontos de atraso para as águias, existem ainda seis pontos para recuperar para os dragões, sem esquecer a proximidade pontual de equipas bem orientadas e compostas em valor como o Vitória de Guimarães e em especial o Sporting de Braga, um conjunto detentor de um plantel de equipa grande e, doa a quem doer, detentor de um grupo em nada inferior ao próprio leão em termos de quantidade de opções para a equipa.

Como tal, o Sporting joga em demasiados campos para poder terminar a Liga na frente. Acrescente-se que para recuperar desta distância pontual, por exemplo o Benfica, não só o leão teria de não perder qualquer ponto como as águias teriam de somar vários encontros sem conhecer o sabor da derrota, mais concretamente perder dez pontos, o dobro de todos os pontos até ao momento perdidos em 14 jornadas.

Em simultâneo o Sporting não pode perder sequer um ponto. Assim sendo, e antevendo-se esse cenário como altamente improvável, os verde-e-brancos encararão esta Liga por etapas, pensando exclusivamente em vencer o jogo seguinte com a sua atenção para os postos que garantem acesso à Liga dos Campeões, e quanto a outras ambições… apenas por acréscimo e incompetência de terceiros.

Em suma, se não estará já morto o sonho do título para o Sporting, é certo que o mesmo estará não menos do que moribundo. Como tal, uma análise em consciência aconselhará uma abordagem mais prudente do que aquela que tem sido apresentada, até porque prometer resultados impossíveis é criar expectativas também impossíveis de cobrir.