«Sabendo da qualidade do FC Porto, temos vontade de discutir o jogo, de tentar um bom resultado e de defender a nossa história,» dizia na antevisão á recepção ao FC Porto o técnico do Marítimo Leonel Pontes, que a cumprir a sua primeira época no clube após ter feito parte da equipa técnica da Selecção Nacional no Mundial 2014 se encontrava ciente de que para travar os dragões teria de operar um final de tarde perfeito para a sua equipa e defender bem.

Não só no seu último reduto mas também em terrenos mais adiantados, impedindo a defesa portista de construir como tanto aprecia - caso pelo menos se aproximasse dessa estratégia e ao mesmo tempo fosse capaz de replicar essa qualidade que se reconhece ao seu adversário, saindo assim a jogar a partir da sua defesa mesmo perante atacantes de reconhecido nível, os insulares viam crescer as suas possibilidades de sucesso.

Ainda assim, era sabido que perante os madeirenses estava um Porto que chegava à Madeira com várias vitórias consecutivas. Depois de ter apenas soçobrado nos confrontos perante adversários directos como o Sporting, com quem empatou, e o Benfica, que logrou mesmo vencer no Dragão nove anos depois do último sucesso na casa azul-e-branca, o FC Porto entrava amplamente favorito para o jogo, já com Helton na convocatória mas ainda assim no banco de suplentes.

Como tal, não constituiu surpresa o facto de terem sido os visitantes os primeiros a acercarem-se da baliza adversária, tendo aos 11 minutos o médio defensivo Casemiro disposto de boa oportunidade após tirar proveito de um mau corte de Rúben Ferreira.

Foram várias as tentativas do FC Porto para finalizar, mas sempre sem sucesso

Cinco minutos passados dava-se lugar a uma tentativa de mais um médio, desta feita Hector Herrera, e também por cima, seguida ao minuto 27 pela vez de Ricardo Quaresma a também atirar à baliza, mas o guardião Romain Salin resolveu com facilidade.

Na primeira ocasião do Marítimo digna desse registo… deu-se o golo, através de um alívio incompleto de Martins Indi aproveitado na ressaca, e logo de primeira, pelo médio Bruno Gallo à passagem do minuto 32, aproveitando a falta de cobertura do meio-campo defensivo portista que, aliás, se vem denotando desde há alguns encontros.

Pouco depois deu-se novamente o duelo Quaresma - Salin, novamente vencido pelo francês, que defendeu uma trivela do extremo portista e assim deu por terminada uma primeira parte em branco para os dragões, algo de raríssimo esta época.

Regressados do descanso, voltou o dragão à carga aos 55 minutos, momento para uma dupla oportunidade desperdiçada por Casemiro e Martins Indi destacando-se a forma quase caricata com que o holandês atirou para as mãos do guarda-redes a pouco mais de um metro da linha de golo, deixando esta última imagem antes de ser sacrificado pela necessidade de adoptar um maior risco com a entrada de Rúben Neves para conferir energia ao meio-campo.

O duelo entre as duas melhores unidades em campo, Quaresma e Salin, tinha a sua parte 3 aos 63 minutos, com o guarda-redes novamente a sair por cima no coroar de grande exibição. Quando não havia Salin, que se encontrava de regresso à equipa após lesão, ’roubando’ de novo o lugar ao português José Sá, mesmo assim os portistas teimavam em não acertar, e oito minutos depois Oliver tentou um remate de longe, sem sucesso, e Tello atirava ao poste.

Lamento do dragão poderia ter sido maior caso o Benfica não tivesse também sido derrotado

Seguro a defender e também com a sorte do jogo, o Marítimo respondia com alterações de ’tracção atrás’ - entradas de Fransérgio, Alex Soares e Briguel para manter a coesão, o que se tornou ainda mais importante quando Raul Silva foi expulso aos 77 minutos. Pela primeira vez desde o início da Liga, os insulares resistiram mesmo a jogar com menos uma unidade, o que não sucedeu nas duas ocasiões anteriores nas quais sofreram uma derrota.

Dessa forma confirmou-se o triste desfecho do dragão que assim perdeu onde precisamente uma semana antes o seu maior rival havia goleado de forma categórica, já não vence nos Barreiros há três anos e onde apenas venceu onze das últimas 20 deslocações. Ainda assim, poderia estar neste momento a lamentar-se ainda mais pois o Benfica poderia ter escapado ainda mais caso tivesse vencido o Paços de Ferreira quando acabou também por perder.

Mais do que isso, poderá ter reacendido a crítica, que incidirá nas opções de Julen Lopetegui que de qualquer forma continua a ver as contas do título nacional cada vez mais dificultadas e face a isso poderá ver a sua liderança novamente acusada de inexperiência a este nível como sucedeu na fase inicial da temporada.

Nessa altura foram muitos aqueles que duvidaram do acerto na sua contratação - o conhecido comentador afecto aos dragões, Manuel Serrão, chegou mesmo a questionar se o espanhol não seria antes o novo timoneiro da equipa B. Caso a equipa não responda de imediato poderá ser mesmo o técnico a pagar a factura…