Esta noite, em Paços de Ferreira, e num jogo cheio de histórias para contar, o campeão português Benfica perdeu a oportunidade de aumentar, para 9 pontos a distância para o segundo classificado. Eliseu fica, inevitavelmente, com o papel de vilão. Nesta primeira jornada da segunda volta, o grande vencedor é claramente o Sporting de Marco Silva que, de uma vez, ganha pontos a FC Porto, Vit. Guimarães, Sp. Braga e Benfica, reduzindo para 7 pontos a diferença para o líder em vésperas de um Sporting – Benfica que pode relançar, definitivamente, os leões na corrida ao título.

Problemas centrais para Paulo Fonseca

Privado de dois centrais com algum peso no plantel (Ricardo Ferreira e Rafael Amorim), aguardava-se com alguma expectativa saber-se qual seria a dupla escolhida por Paulo Fonseca. Se Ricardo seria, certamente, opção, não se sabia se Fábio Cardoso (emprestado pelo Benfica) seria já lançado às feras num jogo contra a equipa a que está contratualmente ligado e que se adivinhava de grande responsabilidade.

Paulo Fonseca optou por adaptar Romeu Rocha, um médio defensivo, à posição de central, tendo até guardado mais algumas surpresas no resto da equipa. Apostou em Rodrigo Galo para lateral direito (o brasileiro nem sempre tem sido opção e deu uma grande resposta), e num meio campo (Vasco Rocha, Minhoca, Seri, Sérgio Oliveira) fazer lembrar o de Nuno Espírito Santo (Fuego, André Gomes, Enzo e Parejo) no jogo contra o Sevilha, com 4 médios centros a toda largura atrás da dupla Edson-Cícero, avançados cujas caraterísticas (Edson mais vertical, rápido e tecnicista e Cícero mais possante e forte no jogo aéreo).

Indiferente a estas alterações do Paços de Ferreira, o Benfica entrava em campo com o mesmo onze que tinha goleado o Marítimo na Madeira (e aquele que é, sem Gaitán, claramente o melhor 11 do Benfica) e entrava bem, com paciência, qualidade na circulação da bola e a tranquilidade que têm caraterizado as vitórias dos encarnados.

Primeira parte marcada pelo minuto 18

Era visível a intenção do Paços de Ferreira de ter bola, de ser uma equipa que respeitasse a posse (esta intenção notava-se quando os jogadores do Paços, no momento da recuperação da bola se resguardavam, procuravam o ataque posicional, não caindo na tentação de procurar as costas da defesa encarnada e recorrendo, muitas vezes a passes para o guarda-redes) e o jogo estava a ser algo interessante, sempre com o Benfica a estar mais perto do golo (muito boa oportunidade para Jonas aos 8 minutos, antecipando-se a Ricardo e desviando para fora um cruzamento da direita) mas aos 18 minutos acontece um momento que foi fulcral para o desenrolar do jogo. Bruno Paixão marca grande penalidade por mão de Ricardo e o Benfica tem, assim, a oportunidade de se ver em vantagem e marcar aquele que é, neste tipo de jogos, o golo mais importante, o primeiro. Lima rematou à barra e esse momento elevou a moral dos pacenses, enquanto que os campeões nacionais acusaram o falhanço do seu número 11.

Até final da primeira parte mais uma oportunidade digna de registo para cada lado. Cícero, do Paços de Ferreira, aproveita o ressalto num canto para se isolar mas Júlio César, mostrou a segurança que lhe valiam os mais de 700 minutos sem golos sofridos e Salvio, cruza contra Ricardo que quase trai o seu guarda-redes, que vê a bola ir ao poste.

Benfica apático sem soluções na segunda parte

É verdade que Ola John, contra o Marítimo, deu uma resposta muito boa à lesão de Gaitán, mas também é verdade que se auguravam alguns problemas a Jorge Jesus que perdia um jogador que muitas vezes fazia o papel do “abre-latas” em jogos que estão difíceis, além disso, tendo de jogar com Ola John, perde a oportunidade de ter um extremo repentista no banco (meter Gonçalo Guedes aos 90+5 à espera de um milagre não é dar esse papel ao jogador) e essas dificuldades confirmaram-se hoje e o Benfica acusou uma noite menos inspirada do, como sempre, irregular extremo holandês.

Os jogadores do Paços aguentaram muito bem fisicamente o jogo e nem a expulsão do seu treinador fez aqueles jogadores perderem o alento e até o controlo que foram tendo do próprio jogo, à medida que o tempo ia passando os castores iam ficando cada vez mais confortáveis na partida (aproveitando, evidentemente, o facto de estar a jogar a favor do tempo).

Eliseu deita tudo a perder

O jogo aproximava-se decisivamente do final, o Benfica já tinha desperdiçado a sua melhor oportunidade da segunda parte (cabeceamento de Lima à barra na sequência de um canto) e, já perto de minuto 90, Eliseu falha o corte a Hurtado e derruba o peruano dentro da área. Chamado a converter, Sérgio Oliveira, jogador que se diz que voltará ao FC Porto no próximo ano, bateu Júlio César no campeonato 7 jogos depois e garantiu três pontos muito importantes para uma equipa que não ganhava há 4 jogos e três deles tinha perdido. Três meses depois, o Benfica perde para o campeonato e relança as esperanças do FC Porto e do renascido Sporting.

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