A série durou que se fartou e apenas acabou na passada jornada da Liga, quando o Benfica, a jogar para aumentar a vantagem sobre o Porto, perdeu a disputa na Mata Real após um golo do médio Sérgio Oliveira - assim foi interrompida a estupenda série de 81 jogos sempre a marcar para a Primeira Liga.

Abril de 2012: foram 81 jogos de golos sem parar

O Paços de Ferreira, responsável pelo fim da duradoura compulsão goleador do Benfica de Jorge Jesus, festejou a vitória e juntou-lhe o protagonismo de ter deixado as Águias em branco na Liga, algo que não acontecia desde o dia 9 de Abril de 2012, quando o rival Sporting venceu a Águia por 1-0. Mais de dois anos e meio depois, e pelo mesmo resultado, o goleador constante Benfica ficou em branco - mérito pacense.

Lima teve nos pés a oportunidade de dar seguimento à senda goleadora do relógio suíço encarnado, mas, a trave matreira e o claro nervosismo do avançado brasileiro pregaram uma partida ao líder Benfica, que esfregava as mãos ao contemplar os nove pontos de avanço sobre o caído em desgraça FC Porto. Ironia do destino - o Benfica ficou a zeros precisamente na jornada em que podia ter amarrado a si o título nacional.

Ainda assim, o grandioso feito dos encarnados não é menos que espectacular: 81 partidas na rota dos golos, autêntica constância em frente à baliza, temível organização ofensiva e o dedo de Jorge Jesus em todo o processo. Mesmo com saídas e transferências, rotação de jogadores na estrutura atacante (saídas de Markovic, Rodrigo, Cardozo ou Aimar) e um campeonato recheado de adversários munidos de estratégias super-defensivas, o Benfica foi capaz de manter a sua veia goleadora sempre activa.

Dedo de Jorge Jesus na constância goleadora do Benfica

Na base da eficácia ofensiva do Benfica está, por certo, a filosofia estratégica do treinador Jorge Jesus, que implementou nas rotinas encarnadas movimentações inteligentes, transformando o processo ofensivo do Benfica num autêntico carrossel pleno de desmarcações, derivações, buscas pelo espaço disponível e sobreposições que baralham, vezes sem conta, as marcações adversárias - mesmo com novos elementos, Jesus já conseguiu ensinar a mensagem. A refinada acção do reforço Jonas no ataque é disso reflexo.

Além da busca pelo espaço entre linhas, movimento típico dos avançados encarnados, também a derivação para os flancos se torna mortal ao longo do jogo. As constantes corridas de Lima para as alas provocam um natural esticar da linha defensiva adversário, algo que torna possível as penetrações dos extremos como Salvio e Gaitán, cujas diagonais se tornam mortíferas quando permitidas. De ressalvar também as subidas de Maxi, sempre voluntarioso e generoso: suas sobreposições e seu jogo interior tornam-no peça-chave na movimentação benfiquista.