Para um auto-proclamado candidato ao título, partido da «pole-position», o Sporting está longe de ter apresentado a estabilidade defensiva apropriada para atacar a prova de regularidade. Na base defensiva do onze de Marco Silva já passaram cinco duplas de centrais pelo sector mais recuado, numa autêntica dança das cadeiras que em pouco terá ajudado o Sporting a consolidar a sua estrutura defensiva.

Relembremos: o Sporting abordou a largada da temporada com a dupla Maurício e Naby Sarr, hoje, dois proscritos cujo nome faz até tremer os adeptos leoninos. Um está actualmente na Lazio e outro permanece no banco de suplentes do Leão, cada vez mais afundado num papel secundário do qual dificilmente se livrará nos próximos tempos. As falhas defensivas ocorreram logo no primeiro jogo da Liga, com o empate em Coimbra, frente à Académica (golo de Rafael Lopes).

Os jogos sucederam-se e os erros da dupla inicial também: Sarr mostrou inexperiência e falta de tarimba técnica e Maurício, lento e faltoso, nunca combinou bem com o jovem francês. A mistura foi-se revelando explosiva e o empate contra o Maribor teve o condão colocar a nu todas as fragilidades desta parelha de defesas centrais - dois toques de pura incompetência técnica ofereceram o golo tardio ao benjamim Zahovic. Estávamos perante o fim anunciado do dueto franco-brasileiro.

Marco Silva descobriu então Paulo Oliveira, outro dos centrais contratados no pico do Verão. O defesa ex-Vitória SC entrou no onze a todo o gás e rapidamente o mundo leonino se perguntou porque razão o defesa luso tinha estado escondido atrás da sombra de Sarr. Paulo Oliveira e Maurício reinaram durante muitos meses, até à saída do defesa brasileiro, que, diga-se, cada vez mais figurava como elemento de preponderância duvidosa - erros em catadupa, faltas desncessárias e ineficácia táctica.

É verdade que Paulo Oliveira ainda actuou em duas partidas com a companhia de Sarr mas a verdade é que a parelha foi efémera, logo dando lugar ao reinado de Oliveira e Maurício, dupla luso-brasileira - mas a dupla desfez-se no decorrer do mês de Janeiro. Maurício foi transferido para a Lazio, numa clara manobra de saneamento do central brasileiro. Ewerton chegou para ocupar o seu lugar mas a falta de ritmo do ex-Anzhi empurrou Tobias Figueiredo para a titularidade.

Seguiu-se novo reinado em que Paulo Oliveira voltou a ser figura central, agora, tendo como companhia o compatriota Tobias Figueiredo. O jovem defesa formado na Academia leonina assumiu a responsabilidade de ser titular e gracejou das críticas positivas dos adeptos e dos analistas. Com a dupla portuguesa no eixo da defesa, o Sporting caminhou até ao jogo do Penafiel e aí se desfez - um cartão vermelho mostrado a Tobias permitiu a estreia de Ewerton.

Ewerton pegou, aparentemente, de estaca em Alvalade, confiando Marco Silva nas suas capacidades, aquelas já demonstradas no campeonato português, ao serviço do SC Braga. Talvez por carregar maior experiência consigo, Ewerton parece ter convencido o treinador leonino a apostar na sua titularidade; A dupla Paulo Oliveira/Ewerton vigorou durante parte do jogo do Penafiel, e contra Marítimo e Vitória Guimarães - mas, na próxima jornada, perspectiva-se nova dupla, a sexta esta temporada.

O cartão vermelho mostrado a Paulo Oliveira obrigará Tobias a acompanhar Ewerton na próxima jornada; com cinco duplas de centrais apresentadas durante a época e quatro reinados distintos (a dupla Oliveira/Sarr foi tremendamente efémera, deixa-la-emos fora da consideração), o Sporting esteve longe de se mostrar estável no sector defensivo, exactamente na fundação do edifício táctico da equipa. Se, em Fevereiro, os sportinguistas pensavam ter finalmente encontrado a dupla definitiva, a ascensão de Ewerton, em Março, veio mostrar que a indefinição central parece continuar. 

A temporada está na sua recta final e a pergunta parece maliciosa mas a realidade justifica-la plenamente: Afinal, qual é a dupla de centrais que Marco Silva pretende para o Sporting 2014/2015?

Crónica VAVEL