A Armada Espanhola de Julen Lopetegui chegava​ à Alemanha, embalada pelo sonho de lá voltar em Maio, 11 anos depois (também a última Liga dos Campeões dos dragões foi conquistada em solo germânico, na altura em Gelsenkirchen e sob o leme do jovem José Mourinho) e pelo indispensável suplemento de fé que uma cidade inteira personificada em várias centenas de adeptos portistas fez questão de demonstrar no Aeroporto Sá Carneiro na altura da partida da equipa para Munique. Como se isto tudo não bastasse, os azuis-e-brancos sabiam que entravam em campo com uma vantagem de dois golos no bolso, mas com o inconveniente de terem sofrido um golo em casa, situação que, a este nível, pode fazer toda a diferença.

Durante a semana, o capitão do Bayern, Phillp Lahm, considerara 90 minutos tempo suficiente para virar uma eliminatória contra este FC Porto e a verdade é que nem todos os dados erm animadores. Julen Lopetegui via, hoje, testadas aos limites aquelas que devem ser as duas maiores lacunas do seu excelente plantel: as alternativas aos defesas lateriais titulares por decreto no Dragão há já, pelo menos, dois anos: os internacionais brasileiros Danilo e Alex Sandro estavam ausentes do jogo por terem visto amarelo na primeira mão.

Do lado dos bávaros, o técnico Pep Guardiola tinha alguns motivos para sorrir. Bastian Schweinsteiger, o influente médio campeão mundial estava de regresso às opções do catalão e permanecia a dúvida acerca da utilização ou não de Franck Ribéry e de Juan Bernat.

Para esta noite que se esperava épica, Julen Lopetegui optou por surpreender as opiniões que apontavam Ricardo Pereira ao lado direito da defensiva portista e Martins Indi do lado esquerdo. Se é verdade que holandês jogou na posição a que era apontado (e que não é estranha para ele), o escolhido para o lado direito da defesa portista foi Diego Reyes, o central que este ano raramente foi utilizado por Julen Lopetegui.

A entrado dos bávaros foi devastante. Dez minutos e primeira oportunidade desperdiçado. Tudo bem feito, os centrais do FC Porto não conseguem travar Muller que obrigou Fabiano a boa defesa e, na recarga, Lewandowski atirava ao poste. O FC Porto quis acreditar que o Bayern falhou no momento que não podia. Pura ilusão. Era incrível a facilidade de movimentos e rapidez de decisão dos jogadores de Pep Guardiola e foi com naturalidade que os golos se foram seguindo: Primeiro Thiago Alcântara, na sequência de um bom cruzamento de Bernat, a seguir Boateng, na sequência de um canto e, por fim Lewandovski a concluir uma boa jogada colectiva. 

3-0 aos 30 minutos, o Bayern com a eliminatória na mão e o FC Porto completamente destruído. Lopetegui já desfizera o seu erro, substituindo Ricardo por Reyes, mas era já demasiado tarde. Para cúmulo acontece, num lance fortuito, e ao menos de 10 minutos do intervalo, o Bayern chega ao 4º, seguido do 5º golos naqueles que terão sido os minutos decisivos do encontro. Intervalo. Bayern 5 - 0 FC Porto e a eliminatória perdida para os azuis-e-brancos, que, para a segunda parte, pouco tinham por que lutar a não ser pela honra e essa, diga-se, foi defendida com garra, alguma competência e, claro, relaxamento do Bayern.

Os dragões surgiram para a segunda parte com Rúben Neves no lugar de Ricardo Quaresma e, mais tarde, Evandro entrou para o lugar de Brahimi deixando todas as despesas, ofensivas e defensivas, do último terço a caro do incrível Jackson Martinez e tentando ter uma gestão mais calma da bola, perdida que estava a eliminatória.

A verdade é que, na segunda parte, o FC Porto chegou a mandar no jogo, reagindo muito bem à perda, principalmente antes da expulsão de Marcano já aos 86 minutos. Ess domínio materializou-se num bom golo de Jackson Martinez, e, com 15 minutos para jogar, a precisar de marcar 2 golos os dragões agigantaram-se e foram aplaudidos pelo Allianz Arena.

O sonho acabou já muito perto do fim quando Xabi Alonso executou de forma exímia um livre direto fechando o resultado em 6-1 e deixando o FC Porto com um estrondo fora da Liga dos Campeões.