O FC Porto enfrenta, esta semana, um teste de fogo que se divide em duas fases: hoje, o segundo duelo contra o Bayern será um épico tira-teimas que poderá lançar o Dragão às meias-finais da Liga dos Campeões; no Domingo, diante do líder do campeonato, Benfica, o Porto debater-se-á pela vida na Liga NOS. 

Grande parte do projecto da temporada edificar-se-á no que restar do FC Porto depois da crítica semana terminar: ficará vivo após o combate na Allianz Arena? Se ficar, irá ultra-motivado para o embate da Luz? Mas, se cair aos pés do colosso bávaro, poderá baixar inconscientemente os braços e deixar que o cansaço psicológico tome conta dos corpos dos seus jogadores?

No fundo, em que medida poderá a eliminatória europeia afectar a deslocação do FC Porto à Luz? À partida, tanto a teoria como a prática indicar-nos-ão que um sucesso no Allianz Arena catapultará o Porto para um estado anímico dominado pela confiança e pela motivação. Uma derrota poderá transforma-se em puro cansaço (físico e psíquico) e desmotivação inerente à queda europeia. 

Obivamente que não poderemos excluir um cenário igualmente possível mas talvez menos provável - uma derrota europeia seguida de uma raçuda reacção na Luz que apague a desventura de Munique. Possível, é certo, mas tarefa nada fácil.

Numa eliminatória que antes seria suposto massacre (para os «pundits» internacionais), o triunfo do Porto na primeira mão veio elevar as expectativas portistas e aumentar a pressão (positiva) sobre a equipa. Caso caia, o Porto poderá mergulhar num período lúgubre que poderá ser trespassado pela Luz do Benfica. Logo, a vitória no Dragão veio alimentar ainda mais uma esperança que, caso morra, poderá levar tempo a esquecer. Beneficiará o Benfica com isso?

Julen Lopetegui enfrenta, também ele, dois desafios decisivos que podem definir a diferença entre o abismo e a glória. No seu primeiro ano no clube, o técnico basco poderá atingir as meias-finais da Liga dos Campeões (feito que não se repete desde a caminha triunfante de José Mourinho em 2003/2004) eliminando uma das equipas mais avassaladoras do mundo, e, de caminho, bater o Benfica na Luz ao mesmo tempo que relança a chama do campeonato (igualando o rival em pontos).

Mas, caso falhe nos dois duelos, a depressão será grande e a cratera no coração do Dragão enorme. Perdida a sobrevivência na «Champions» e desperdiçado o campeonato nacional, o FC Porto terminará a temporada sem qualquer título conquistado, vendo o rival festejar o bicampeonato, outro passo rumo à destruição da hegemonia portista criada nos últimos 25 anos. Entre Munique e a Luz, todos os olhos estarão colados ao FC Porto de Lopetegui.