O Benfica conquistou ontem, em Coimbra, diante do Marítimo, a sexta Taça da Liga em oito edições já decorridas. Depois de a ter vencido pela primeira vez na época 2008/2009, o clube encarnado apenas por uma vez não conseguiu ganhar este troféu: 2012/2013, quando o SC Braga orientado por José Peseiro bateu o FC Porto por uma bola a zero. Com esta conquista, o Benfica conseguiu pela primeira vez na história do futebol português arrecadar seis títulos nacionais consecutivos.

Recuemos até ao dia 20 de Abril de 2014: O clube da Luz sagrou-se nesta data campeão nacional da época 2013/2014 e, até ao dia de ontem, apoderou-se de todos os títulos nacionais, sendo que os seus adversários neste período nada ganharam. Um feito histórico para os encarnados que com a conquista do 76º troféu, aumentaram a vantagem para o FC Porto (que possui 74º títulos).

Genialidade de Jonas abre caminho para um herói improvável

O Marítimo entrou em campo com a convicção de fazer melhor do que na semana passada. Contudo, os campeões nacionais orientados por Jorge Jesus começaram por revelar falhas na circulação, com bastantes passes errados, recepções imperfeitas, erros posicionais e um aparente desencontro de ideias nas acções conjuntas. Por outro lado, nem Gaitán, nem Jonas, nem Lima, conhecidos como desequilibradores natos, exibiram inspiração suficiente para chegarem com perigo à baliza defendida por Salin. Carlos Xistra tardou a mostrar o primeiro cartão amarelo (só o fez aos 32 minutos), uma complacência que se revelou útil para a equipa insolar que nos confrontos diretos revelou sempre um elevado nível de dureza.

O 0-0 tornava-se aos poucos, um resultado arriscado para os campeões nacionais. Aos 37 minutos, Jonas voltou a fazer palpitar o coração dos adeptos benfiquistas. Depois de um cruzamento vindo do pé direito de Jardel, o artilheiro brasileiro cabeceou de forma certeira para o fundo da baliza. A expulsão de Raul Silva no início do segundo tempo (49 minutos) fazia antever um desfecho trágico para a equipa de Ivo Vieira. Ainda assim, os insulares tinham algo a dizer. Aos 56 minutos, João Diogo desmarcou-se de forma perfeita e em frente a Júlio César, concluiu de forma sublime. Jorge Jesus mexeu e muito bem, se permitem o apontamento. Às vezes o melhor é não complicar e foi o que o técnico português fez. Talisca entrou para o lugar de Pizzi, que não estava bem na partida e Ola John substituiu Sulejmani. John marcou e Talisca alegrou o jogo.

O Marítimo ainda tentou responder mas já não tinha nem frieza, nem força para conseguir dar a volta a um resultado que se manteve igual até ao apito final. Contudo, os insulares revelaram uma grande atitude muito por mérito do homem que os orientou, Ivo Vieira, que incutiu na equipa um espírito guerreiro e lutador. Quando mexeu, mexeu de forma irrepreensível, com particular destaque para o período em que teve de jogar com menos um. Do lado encarnado, Ola John que tantas vezes é acusado de ser indiferente às dificuldades do jogo, acabou por ser considerado o decisor do jogo.

Jorge Jesus volta a fintar as perguntas sobre o futuro

O técnico português conquistou o seu 10º título e tornou-se o treinador com mais conquistas da história do Benfica. Quando confrontado com o seu futuro, driblou os jornalistas e dedicou a conquista a Toto Salvio. «Já esperava que este jogo com o Marítimo fosse mais difícil que o do campeonato. O adversário analisou o último jogo e alterou algumas coisas, sobretudo a primeira fase de pressão. Estamos em festa. A partir de amanhã teremos mais três, quatro dias para juntarmos ideias, nós, equipa técnica, e o presidente. Vamos ver o que vai acontecer. Não me posso esquecer de Salvio. É como se estivesse aqui. O troféu também é dedicado a ele.» 

Já o treinador Ivo Vieira revelou orgulho na sua equipa confessando que o critério de Carlos Xistra não foi o mais correto. «Estou triste por ter perdido mas orgulhoso por aquilo que os jogadores fizeram. Se já era difícil enfrentar o Benfica em igualdade numérica, mais difícil se tornou quando nos vimos reduzidos a dez.» Em relação ao seu futuro, o técnico mostrou-se prudente adiantando que as coisas estão bem encaminhadas: «Tenho mais um ano de contrato, mas a decisão passa pelos responsáveis máximos. Não estou agarrado ao lugar.»